Nem pensar que o Bahia “abandonou” a Sul-Americana, a realidade é outra. O time está limitado ao que temos visto e não passará daí. Não neste ano. Tem padrão tático, boa técnica, mas não é decisivo. Agora o foco é no Campeonato Brasileiro, Copa do Nordeste e Copa Brasil. A Copa Nordeste talvez seja a competição menos interessante pensando-a como vitrine, mas é muito importante conquistá-la porque passou a ser um divisor de águas para o restante da temporada e mexe muito com a consciência do jogador pela dívida moral que criou a bisonha forma como aconteceu a desclassificação na Sul-Americana.
– Não custa lembrar que o modelo da Copa Nordeste determina, pelo mérito, regras amplamente favoráveis ao Tricolor, posto que a vantagem é toda do Bahia, que adquiriu no campo o direito de jogar as decisivas em casa, o que implica ainda mais na obrigação de ganhar o título.
Analisando a maratona do Tricolor pelo aspecto lógico da inoperância na hora de a onça beber água – fazer o gol – cheguei à conclusão de que em algum momento o Bahia sairia de duas competições das quatro que disputava até o dia 22 próximo passado – a Sul-Americana já foi e a próxima será a Copa Brasil –, pela obediência aos seus próprios limites. É bonito ver o Bahia jogar na maioria das vezes, mas é angustiante não o ver concluir o que constrói em campo. Não à toa, ostenta o primeiro lugar em chances perdidas de gols, são 28 delas em 14 jogos.
Para o torcedor, a Sul-Americana era mais importante que a Copa Nordeste, mas para o passo a passo do projeto do clube é mais importante nas atuais circunstâncias ser campeão do Nordestão por hipoteticamente se tornar mais fácil de conquistar e, querendo ou não os adeptos das fórmulas magicas, o Bahia ainda não tem um time capaz de decidir títulos internacionais e nem nacionais. A previsão para que esses títulos comecem acontecer é a partir de 2026, de acordo com a evolução do trabalho realizado de 2023 até o presente momento da atual temporada.
Entender que o Bahia da Era City possui uma administração que além de profissional e organizada segue disciplinadamente o organograma do projeto de crescimento, é uma constatação óbvia. Isto pode desagradar ou decepcionar o torcedor, mas é assim. Então cumpra-se à risca o planejamento porque é exequível o crescimento do Bahia, como instituição, acima das expectativas. É só voltarmos a fita desde o início deste Século até final de 2022, e de 2023 para cá, para entendermos o enredo do filme 25 anos depois – qual é o Bahia que o torcedor prefere, esse do presente ou o do passado? Acho fácil essa equação, por motivos óbvios.
Feita a analogia acima – não colocando o carro adiante dos bois –, pressuponho o jogo da Fonte Nova contra o América de Cali uma oportunidade perdida, contando com um compreensível equívoco de Rogério Ceni ao achar que um time alterado sensivelmente na sua formação poderia ganhar até com alguma facilidade. Sim, até poderia ganhar facilmente se a ordem dos fatores não tivesse alterado o produto, ou seja, se o time titular absoluto tivesse iniciado a partida e as mudanças ocorressem no segundo tempo – em minha opinião; o “xis” da derrocada na Sul-Americana foi o equívoco da Comissão Técnica do Bahia.
Entretanto, nada que desqualifique o trabalho de Ceni porque os acidentes de percurso são corriqueiros dentro de qualquer planejamento. Cumprindo um calendário injusto numa maratona de jogos a cada período de 72 horas entre um jogo e outro não há como não revezar jogadores. Seria possível sim fazer o lastro da classificação em casa, porém, considerando a falta de vontade de ganhar verificada no jogo em Cali, só se conseguisse ter goleado o América na Fonte Nova. Agora é lamber as feridas e partir para o jogo contra o Juventude com a disposição e vergonha na cara que não vimos em Cali contra o América.
MARCOS FELIPE
Estigmatizaram cruelmente o goleiro e por consequência a pessoa de Marcos Felipe, o ser humano. Culpem-no por outras falhas, mas não pelo jogo em Fortaleza, porque qualquer grande goleiro socaria aquela bola para a frente além da grande área, como aconteceu. Mas para combater os estigmas o homem precisa inventar o antídoto. No lance do primeiro gol do América de Cali, Marcos só falhou ao não retornar rápido para o seu reduto após salvar a imprudência do Ramos Mingo. Erraram os dois zagueiros do meio e, principalmente, Michel Araújo no início do lance que determinou o gol.
Depois do jogo contra o CRB, decidido nos pênaltis, e a desnecessária “fatiada” no jogo contra o São Paulo, Marcos Felipe entrou na rota de “colisão” com a torcida, e apesar do heroísmo contra o Vitória na Fonte Nova e a maioria dos jogos regulares desde que chegou ao Bahia, tudo isso passou a ser menor no conceito do torcedor. Devido a isso, está na hora de Marcos sair de cena e trabalhar para ser útil no futuro, ou buscar num outro clube a fórmula da felicidade. Clube para contratá-lo não faltará, se for o caso.





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