é goleada tricolor na internet
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Publicada em 26 de novembro de 2006 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Se ficar o bicho come…

Nunca pensei que um jogo do Bahia, ou até mesmo uma remota possibilidade de classificação, fossem transformados em apenas detalhes diante dos fatos extra-campo, culminando com um protesto popular, sem precedentes. Mas o Bahia não é só um time de futebol, é sobretudo uma paixão, um sentimento que mexe com uma nação, pois a sua força está justamente na torcida que representa no mínimo 70% dos baianos.

Daí que o movimento de protesto da torcida, incentivado por profissionais influentes da comunicação (inclusive nacional) e artistas, arrebatou todas as atenções e transformou o evento de ordem pacífica, num assunto nacional com repercussão pelo mundo. Então, para a torcida tricolor, tornou-se muito mais importante a liberdade do seu clube do que uma classificação, ou um simples jogo.

A coisa é mais séria do que pensavam os dirigentes do Bahia. Brincaram com o sentimento do povo ou nunca souberam o tamanho desse sentimento. Agora estão encurralados e na plenitude da solidão. Agora a meia dúzia de “gatos pingados” são eles. É o reverso da medalha. Solidão não é a falta de pessoas ao nosso lado, isto é circunstância. Mas no caso dos dirigentes do Bahia, a solidão é a falta do mínimo apoio da torcida que ficou cheia das enganações e deixou-os à sós, tal qual num deserto.

Não sei o que leva as pessoas a pensar que podem conduzir um bem público, da grandeza do Bahia, como se fosse um condomínio familiar em cujo local só entram parentes e amigos, ou quem seja agradável aos seus interesses.

Não sei como é que um Conselho pode ser tão submisso e omisso nos momentos mais críticos da instituição. Há neste caso uma inversão de valores, o conselho está ali exatamente para dar limites e não para tirá-los, como no Bahia.

A coisa agora está assim: se ficar o bicho come, e se correr o bicho pega. Criaram um monstro e não encontram remédio para controlá-lo. Como escrevi aqui, na coluna anterior, a melhor saída é uma renúncia conversada. Fazer uma transição civilizada não quer dizer que alguém venceu alguém. Mas fincar o pé no chão e dizer que “daqui não saio, daqui ninguém me tira” não é ser mais homem nem mais poderoso, isto é irracionalidade.

Vi uma entrevista de um profissional dos mais competentes no Bahia, torcedor ardoroso, pessoa que considero e admiro pelo seu comportamento como ser humano, amigo e médico, dizendo com a mais absoluta expressão de decepção e dor, que no Bahia não há calor humano, ninguém merece consideração por parte da diretoria administrativa. Quem viu a entrevista do Dr.Adriano Fonseca, percebeu que ele estava falando de um caos, a sua tristeza denunciava isto. Eu então pude compreender melhor a atual performance do Bahia, em campo.

Anteontem, seguimentos da nossa sociedade, tendo como ícones Cid Guerreiro e o meu amigo Lui Muritiba, nos sinalizaram que sonhar com um Bahia forte é plenamente possível. Com certeza não será com a diretoria atual, não sou eu quem o diz, são os fatos. A decepção e o sofrimento estão estampados em cada ser tricolor, desde a criança até o vovô, não há mais sorrisos quando o assunto é o Tricolor. Já passou o tempo em que adultério era crime e o Bahia era um time. Agora é o próprio caos.

Continuo não acreditando em renúncia imposta, mas acredito que diante dos fatos recentes as coisas possam caminhar para um desfecho pacífico, na base da conversa, até a emoção ceder um pouco e a renúncia sair naturalmente. Caso contrário, vamos para uma verdadeira batalha jurídica que acabará se arrastando de liminar em liminar, por um tempo que talvez seja muito mais prejudicial ao Bahia.

Tudo isso está acontecendo porque as pessoas que assumem destinos de instituições de natureza pública não pensam essas instituições de forma profissional e democrática. O coronelismo está ainda muito aceso na cultura do Brasil, o corporativismo e o fisiologismo são inerentes às situações, é a tal lei do Gerson, sempre pensam em levar vantagem. Depois fala-se que a democracia neste País está amadurecida! Será que perpetuar-se em cargos é democrático? Que nada, em situação alguma isto é democracia, falta muito!!

Aliado a isso está um demônio chamado vaidade… Ser presidente do Bahia e ganhar a alcunha de “eterno” foi uma homenagem prestada por um radialista (não me lembro qual), a Paulo Maracajá, nos bons tempos do sucesso. Mas ali, naquela época, caberia ao presidente (que já não era mais presidente) Paulo, parar, sair de cena, dar lugar para outros e fazer o Bahia seguir o seu rumo. Hoje, ele, talvez, estivesse sendo lembrado como o “eterno” sem nenhum tom pejorativo. Mas não, a vaidade foi mais forte, “e agora José?”

Eu estou preocupado, a passeata ainda não foi o suficiente, mas foi o sinal amarelo. No meu modo de entender, a imposição da renúncia com prazo marcado, é uma declaração de “guerra”. Talvez a passeata fosse o momento oportuno para convocar de público uma conversa com a situação e combinar uma antecipação das eleições, para janeiro. Checaria de vez os diretores do Bahia em praça livre. Ah! E os estatutos? Tudo que é combinado não é caro. Há que se pensar de forma mais racional neste momento. Quando a tormenta é avassaladora e as reações chegam ao desespero, então, há que se parar um pouco e pensar na melhor forma de vencê-la.

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Fiquei feliz em saber que grandes tricolores fizeram parte da caminhada pela felicidade do Bahia. Fiquei muito mais feliz quando soube que talvez umas 50.000 pessoas “tomaram” a Avenida Sete e sediaram ali, o Bahia do povo.

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O jornal TRIBUNA DA BAHIA estampou a manchete mais bonita de ontem… RENASCE O BAHIA. Sem dúvida muito sugestiva e espirituosa.

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“Sou Vitória doente, mas eu quero que devolvam o Bahia para a Bahia”. Cumpadre Washington, por telefone à Cid Guerreiro.

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