Além dos argumentos acima, seria justo deixar a responsabilidade de uma possível conquista do campeonato baiano para o grupo que chegou à fase final entre os quatro melhores do campeonato. Mas devido à polêmica desnecessária do meio desta semana, quando se pretendeu alterar datas em benefício do Bahia e em detrimento dos demais clubes, imaginei o time B chegar à final e sair de cena para dar os louros de uma conquista ao time A... Seria algo sem nenhuma graça e um ato de desqualificação do árduo trabalho de um grupo que foi motivado para essa conquista.
-- Estou colunista no ecbahia, mas antes disso já era torcedor do Bahia desde sempre. Não nasci para aprender amar ao Bahia, já cheguei à luz com o coração Tricolor. Porém, por uma questão de justiça, acho que tudo que é acertado não é caro, porque, uma vez proferida a palavra, deve imperar a palavra.
-- Entendo e saliento que o Bahia é uma só instituição, e a sua diretoria na pessoa do seu presidente, tem o direito sagrado de colocar em campo o time que desejar.
Como o futebol não é uma ciência exata, digamos que numa possível final o time "A" perca o campeonato... seria um desastre, não é? Sim, desastre duplo porque aos olhos da lógica o time "A" teria perdido por falta de qualidade técnica. Já o time "B" para nada serviu se a diretoria não lhe outorgou a confiança devida. Então num caso assim a tendência é a interrupção de um projeto pela força dos fatos no meio do caminho e de forma completamente equivocada.
-- Há o jogo das possibilidades sendo analisado pela diretoria do clube. Penso que há. O problema é saber se a decisão interna será pelo planejamento do clube ou pelo medo de como o torcedor, sempre ávido por títulos, reagirá.
O Bahia é um todo de camisa única e com qualquer time que entrar em campo será sempre o Bahia. Porém, cabe ao Presidente Bellintani decidir se será pelo coração, pelo medo, ou pela razão. Ele sabe que o torcedor quer o título na galeria e ponto final.
O que deixo bem claro é que ao se projetar uma filosofia de trabalho tem de se acreditar nessa filosofia. Não adianta programar a viagem e depois entrar numa bruma para ficar parado no meio dela sem saber onde está o Norte, esperando que algum vento favoreça. Todo planejamento é uma bússola pela qual temos de nos orientar para chegarmos ao ponto objetivo.
Mas cada cabeça é um mundo impenetrável e lá está o medo, ou a coragem. Quando começou o campeonato estadual, o que deveria ser dito com a humildade dos sábios é que esse campeonato seria disputado pelo Bahia -- alternadamente e de acordo com as necessidades -- com os time A e B. Melhor que prometer uma coisa e depois entregar outra e aí querer que a FBF se adeque ao calendário do Bahia e não que o Bahia se adeque ao calendário da Federação Baiana de Futebol, fato ocorrido nesta semana.
Talvez o futebol seja tão atraente pela paixão que seus astros despertam e pelas suas catimbas e fatos históricos que o marcaram no passado e até hoje ainda se proseia romanticamente sobre suas histórias e estórias -- Cabe tudo, até as mentiras cômicas contadas por folclóricos ex-jogadores. Mas tudo passa e isso também passou. Agora o futebol modernizou, virou negócio, se tornou coisa muito profissional que movimenta milhões de dólares por dia. Precisa então ser levado mais pelo lado da razão com seriedade.