Sim, o pênalti para o Internacional foi um absurdo. Mas isso não pode servir para mascarar a péssima atuação tricolor na derrota do último domingo, por 1×0, em casa, contra o abalado rival gaúcho. Para além do resultado, da particularidade do grave erro de arbitragem, é fundamental analisar o desempenho da equipe que, diga-se, já tinha acendido um sinal amarelo em Bragança Paulista.
Na última vez que escrevi, afirmei que era a hora de ver se o Bahia tinha um elenco capaz de faze-lo passar bem por esse pesado mês de junho, que concentra jogo atrás de jogo, com esse início de Brasileirão. Depois de uma atuação eficiente contra o Santos (não chamaria de boa atuação, acho que eficiente se encaixa melhor), de partidas no máximo regulares contra o Vila Nova e de uma partida complicada contra o Red Bull, fora de casa, chegamos à primeira derrota contra o Internacional.
Esse período, pra mim, serviu para consolidar algo que venho chamando a atenção há algum tempo: o Bahia precisa reforçar urgentemente o lado esquerdo do time, não só com um lateral esquerdo, mas com um atacante de beirada que possa ocupar aquele setor. Na falta de jogadores com esta última característica, Dado até achou uma solução temporária, armando a equipe com Thaciano e Rodriguinho ocupando aquele setor um pouco mais. Em alguns momentos, quando o Bahia usa duas linhas de quatro, Thaciano fica por ali, enquanto noutros momentos, o camisa 10 volta para fechar aquele setor. Na fase ofensiva, não é incomum vendo Gilberto caindo por ali, cortando pra dentro, inclusive fazendo gols assim (Guabirá e Red Bull, por exemplo).
O grande problema é que, além de serem meio campistas que não tem essa característica de beirada, ainda falta qualidade no apoio para Matheus Bahia. Vai parecer perseguição, porque eu quase sempre critico o lateral esquerdo tricolor, mas o jogo de ontem ilustrou muito bem como este atleta não pode ser o titular absoluto de um time de Série A. Isso sempre esteve claro pra mim, que cheguei a afirmar que prefiro Capixaba (não estou, agora, defendendo Capixaba como titular, porque também continua entrando mal), e agora é ainda mais claro. Dá agonia a falta de agilidade da diretoria em reforçar esse setor.
No intervalo do jogo, o Premiere mostrou um mapa de calor das ações ofensivas do time no primeiro tempo. Era impressionante como as poucas tentativas de ataque nasciam apenas do lado direito. Não consigo compreender como a diretoria não enxerga essa falha na composição do elenco. Está aí um grave erro.
Outra coisa que me chama a atenção negativamente é a falta de oportunidades a Pablo até no banco de reservas. Ou ele treina muito mal ou os outros que vem sendo colocados como opção treinam muito bem. Essa última opção seria uma grande surpresa pra mim, já que, com a exceção de Jonas, que ainda briga, tenta e foi importante contra o Red Bull, tanto Galdezani quanto Lucas Araújo nada mostraram até aqui que justifique essa fé inabalável de Dado. Inclusive, considerando as atuações destes dois (Galdezani e Lucas Araújo), me pergunto se não seria o caso de ir ao mercado para trazer uma opção para segundo volante, independente de dar chance à Pablo.
Outra carência importante é a figura de outro atacante, que possa substituir ou até jogar ao lado de Gilberto, até porque, em determinadas circunstâncias, ele pode fazer o lado esquerdo do campo de ataque. Thonny Anderson ainda não mostrou a que veio. Inclusive, qual a posição dele? Fica difícil até pra cravar. Ruiz tem sido um desastre, ainda que seja o caso de ter paciência, e Maicon Douglas não teve muito tempo pra mostrar. É bem verdade que para a meia teremos a volta de Ramirez, mas é muito claro que é imprescindível que chegue outro cara de frente, com condição de ser titular ou, ao menos, de se mostrar uma opção segura à Gilberto.
Dito isto, avaliando o elenco e já considerando as dificuldades financeiras do clube, vejo como indispensável a chegada de um lateral esquerdo e de um atacante de beirada pra assumirem a posição no 11 titular. Além disso, se encontrassem um “camisa 8” que pudesse chegar pra assumir a titularidade, ou ao menos se mostrar uma opção segura a Daniel, também seria importante. Por fim, é imperioso a chegada de outro camisa 9.
Jogando uma vez por semana, até acho que o 11 inicial do Bahia tem condições de garantir um campeonato sem maiores sustos. Mas sem pelo menos esses 04 reforços, dependendo do que aconteça na Copa do Brasil, vejo o grupo em dificuldades e com grandes limitações para girar o elenco e mante-lo competitivo. Creio que a má atuação contra os gaúchos passa muito por isso, já que desde o primeiro tempo era um time sem força na marcação, que não conseguia pressionar o Internacional e, desesperado, se limitou a levantar bolas na área adversária na segunda etapa.
A ver as cenas dos próximos capitulos.
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