Os entendidos em marketing político costumam dizer que experiência prévia ganha votos, assim também como o currículo do candidato a alguma coisa eletiva. Antônio Lavareda, em sua obra “Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais” dizia o seguinte, na edição de 2009:
“Vale repetir. O currículo é uma peça valiosa que integra a imagem do candidato aos olhos da opinião pública (…) o cargo relevante virá como um pronome de tratamento adicionado a ele pela mídia. Suas realizações é que darão credibilidade às suas propostas, ajudando a tranquilizar os eleitores quanto ao seu comportamento no futuro”
No entanto, o autor enfatiza que a inexperiência e o currículo “insuficientes” não constituem, necessariamente, um obstáculo ao triunfo de um candidato neófito ou desconhecido do grande público. Alude como exemplo o candidato vitorioso à Presidência da República em 2002, cuja imagem, perante o público mediano, ainda estava carregada de reminiscências da Guerra Fria e do sindicalismo peleguista – este candidato, ao suavizar imagem pessoal e discurso, conseguiu convencer o eleitorado, vencendo o pleito. Reeleito fora, mesmo acusado de graves crimes de corrupção, no entusiasmo do crescimento acelerado da economia e do poder de compra de classes menos favorecidas. Este candidato fez o simples: falou o que a mediana do povo brasileiro – à epoca – queria ouvir.
Neste raciocínio, entende-se o porquê de Marcelo Sant’Ana ter sido escolhido, pela maioria dos votos dos sócios, para presidente do Esporte Clube Bahia, derrotando chapas compostas por candidatos de tradição indiscutível, sendo que um deles prometera trazer de volta ao clube ídolos do passado, na tentativa de conquistar o coração daqueles que “viram Douglas/Bobô/Cláudio Adão/Etc jogar”. A suposta inexperiência de Sant’Ana, em conjunto com um grupo de jovens aparentemente recém-saídos da faculdade, cheios de ideias e sonhos, impulsionados por um aparato pesadíssimo de marketing, prometeram o novo a um público muito sui generis – o que diferencia eleição no Bahia das eleições para presidente – dentro do universo de torcedores.
Não tenho acesso às estatísticas oficiais sobre perfil médio de sócios no Bahia para embasar melhor este texto, mas tenho observado o quanto de jovens, com formação acadêmica jurídico-administrativa, tem se interessado pela profissionalização da práxis tricolor. Neste mar de propostas e ideias, naturalmente, haverá aqueles que tentarão aparecer (para a torcida, redes sociais e mídia profissional) mais do que os outros, sempre querendo “o bem do Bahia”. Como já dito aqui em texto anterior, as forças político-partidárias e da alta sociedade baiana, ao perceberem o potencial de projeção de qualquer coisa que esteja associada ao sucesso do Bahia, começam a se interessar em participar mais ativamente deste debate intraclube.
Os candidatos “experientes”, que “entendem de futebol” e “possuem trânsito nas federações/dente empresários” ainda tem a sua vez, e ainda conquistam corações dentre os torcedores-sócios mais antigos e/ou tradicionalistas. Contudo, a força jovem vigente em nossa torcida, a cada dia, desvincula-se da figura centralizadora e absoluta do dirigente de mão de ferro, cuja presença provocava tremores e paroxismos de emoções; e cujas palavras eram tidas como tabletes de sabedoria. Este torcedor jovem quer lisura, profissionalismo, transparência, uma marca forte e reconhecida nacional e internacionalmente – para depois colher os frutos dentro de campo. Muito semelhante a o que boa parcela da nossa juventude deseja ver em seus gestores públicos: arrojo, coragem e desejo de mudanças.
Nesta série de textos, faremos breves análises do perfil de cada um dos candidatos e seus respectivos planos de gestão. Espero que todos apreciem e reflitam sobre quem melhor escolher para conduzir nosso Bahia ao futuro.
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