As torcidas únicas em clássicos de algumas capitais brasileiras é realidade em estádios de São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte, tendo ganhado agora a companhia do Rio de Janeiro após a morte de um torcedor botafoguense antes do embate da sua equipe contra o Flamengo pelo Estadual. Ainda aparentemente longe de chegar à Bahia, essa medida logo logo será colocada em cheque também por aqui em Salvador. Afinal, a violência entre “torcidas organizadas” de Bahia e Vitória não é exceção por aqui.
Neste ano de 2017, com o acesso do Tricolor à Série A e a permanência do nosso arquirrival, o famoso BaVi será realizado no mínimo 3 vezes nesta temporada – com este número podendo chegar a 9 a depender do avanço dos dois clubes no Campeonato Baiano, Copa do Nordeste e Copa do Brasil. Há alguns anos não vemos os confrontos entre torcedores de Bahia e Vitória estampando os noticiários e sendo mais comentados que o próprio jogo em si, mas ambas as torcidas dão sinais claros de que não deixaram a horrenda prática de lado.
Durante o ano de 2016, torcedores uniformizados do Bahia de dois grupos diferentes (Bamor e Terror Tricolor) se confrontaram inúmeras vezes nos arredores da Arena Fonte Nova antes de algumas partidas pela Série B. A Bamor, inclusive, passou o ano passado quase que inteiro proibido de entrar no estádio com o uniforme da organizada por decisão da justiça. Já neste ano, torcedores do Vitória entraram em confronto com torcedores uniformizados do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, minutos antes de uma partida de basquete (!) realizado no Ginásio de Cajazeiras. É ou não é para se espantar?
Eu, no alto dos meus 21 anos, nunca assisti um BaVi no estádio. Fiquem à vontade para me intitular torcedor nutella, se assim preferir, mas a verdade é que eu nunca me senti confortável e seguro em ir à Fonte Nova em um dia de clássico. Isso porque todos nós sabemos que o clássico começa ao sair de casa. Para quem depende de transporte público, como eu, dividir um espaço no ônibus com um torcedor rival até chegar ao estádio onde a separação é feita pode ser um árduo e perigoso caminho graças a intolerância que vem assolando não só o futebol brasileiro como toda a sociedade.
Não estou aqui escrevendo a favor da torcida única, mas sim em manifesto à segurança e a cordialidade entre torcedores de clubes diferentes da mesma cidade. Como certa vez escrevera Leandro Stein para o site Trivela, somos rivais no esporte mas não inimigos em guerra. Escrevo aqui para tentar conscientizar os brigões de que essa prática só atrapalha a nós mesmos, torcedores e apaixonados pelo nosso clube, assim como o próprio clube também. Vamos sim gozar com a cara do nosso colega e amigo que torce para o vice, mas vamos ter cautela e entender nosso limite. Eles também terão esse direito e espero que tenham o mesmo entendimento de que é apenas uma brincadeira sadia, sem a necessidade de partir para a agressão física.
Não precisamos perder mais companheiros tricolores e nem eles os rubro-negros para entender que o estádio deve ser o templo da paz e da alegria e não o campo de guerra em que sobrevivem os meus e que morram eles. Salvador é linda e tem o direito de ser vivida por tricolores e rubro-negros em paz, harmonia e esperança. Afinal, somos a cidade da música e a capital da alegria. E que assim seja, principalmente em dia de BaVi.
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