Vai-te embora sinhas lá-ela!

O vocabulário baiano é muito engraçado. Depois que saí de Salvador percebi como cada região possui suas expressões e gírias que acabam fugindo até mesmo do chamado “português do Brasil”. De Salvador, particularmente, me divirto muito com os clássicos lá-ele(a), Lebara e Maria Padilha.

Para quem não conhece a Maria Padilha, não se trata da atriz de novela, mas da própria

“Disgraça”, com “I” mesmo. Sim, a D-I-S-G-R-A-Ç-A. Entidade maligna que só traz atraso para quem a evoca, que já deve ter causado arrepio em você, caro leitor supersticioso, e que muitos tem medo até de citá-la, muitas vezes chamando-a de “lá-ela”. Pois bem, chegamos a um momento marcante na história do Bahia. As lá-ela que viviam atrasando a vida do clube perderam a boquinha. Algumas Marias Padilhas dependiam de salários do clube, outras se diziam abnegadas, ou seja, atrasavam o lado apenas por amor à função disgracística.

Mas esse rebanho de lá-ela agora está repreendida não em nome de Jesus, que tem coisas mais sérias para se preocupar, mas em nome de cada verdadeiro torcedor do Esporte Clube Bahia, seja ele sócio ou não. Alguns podem até argumentar que as lá-ela tiraram o time da série C, conquistaram um Baiano e está a caminho de conquistar o inédito título de tri-não-rebaixado da Série A nos pontos corridos. Além disso, as Maria Padilha conseguiram devolver o time à mídia. Ora bolas, uma dela recebeu até título de majestade da baixaria outro dia, vejam só!

Trouxeram jogadores de renome, devolveram o clube ao mercado — a venda de Gabriel e o contrato de 2 ou 3 anos com Zé Roberto tão aí para corroborar com argumento tão lúcido. Reformaram o Fazendão (com a ajuda não-reconhecida de torcedores de verdade do clube), equiparam a academia, consultórios e salas de fisiologia (vixe, ouvi dizer que na verdade outra entidade assumidamente rubro-negra foi a autora dessas benesses, só ouvi dizer…).

Como contraponto disso, peço licença aos ateus e não-cristãos para citar a bíblia: em sua segunda carta aos cristãos em Corinto, Paulo alerta seus irmãos na fé que o próprio Satanás se faz passar como anjo de luz (2 Cor. 11:14). Até mesmo Jesus alertou que nem todos que curassem doentes, ressuscitassem mortos e pregassem a palavra seriam seus conhecidos.

Mas como então poderemos saber quem realmente serve ao Senhor? Uma árvore boa dá frutos bons, a ruim só dá fruto “pôdi” (Mateus 7:15-23).

Portanto, caros amigos, vejamos os frutos dessa Lá-eleira, Mariapadilheira, Disgraceira que grassou no Fazendão: afora o admirador de uísque importado que gosta de xingar torcedor, há um que foi preso pela Polícia Federal e acusado de diversos crimes e sonegações, cujo único mérito foi conseguir dar prejuízo ao honrado empresário Daniel Dantas; outro que vive pulando de galho em galho dentro do clube desde a década de 90, recebendo salário enquanto preside o conselho deliberativo do clube. Há ainda os lá-elinhos, aqueles cramulhõeszinhos que não aparecem nos holofotes mas que são tão nefastos quanto uma gangrena, vivem sem função outra que não a de puxar o saco das disgraças maiores.

Não resta dúvida que o clube andava carregado de coisa ruim. Depois de uma longa sessão de exorcismo e descarrego, muita folha de guiné murcha e outras tantas folhas de papel carimbadas e protocolizadas, eis que o Bahia enfim está livre, ao menos momentaneamente desses atrasa-lado. Digo momentaneamente pois agora está na mão da torcida se livrar definitivamente dessas criaturas. E ela está atenta, basta ver o número de associados nas últimas horas e até mesmo o recadastramento que vem rolando desde a semana passada.

Sem sombra de dúvidas, cada dia que passa sinto que está chegando a hora em que poderei dizer, em nome da justiça e da justeza: tá amarrado em nome da Assembleia Geral!

Amém!