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Bellintani abre o jogo sobre SAF e revela detalhes das conversas

Notícia
Entrevista
Publicada em 8 de julho de 2022 às 11:24 por Victor de Freitas

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Fonte: Reprodução / Youtube

É de conhecimento público que o Bahia vem trabalhando para receber uma proposta oficial de SAF. Em um tom esclarecedor, o presidente Guilherme Bellintani falou abertamente sobre o tema.

Na estreia do PodInfo Bahêa, no Youtube, Bellintani revelou abertamente sobre como e quando as conversas começaram, mas sem confirmar – ou não – o nome do Grupo City. Confira os principais trechos:

“Eu posso dizer que hoje só temos uma proposta na mesa, só não posso dizer quem é”.

Bellintani participou ativamente da Lei da SAF no país

“Em agosto de 2021, o Congresso aprovou a Lei da Sociedade Anônima do Futebol. Eu era, por muito tempo, o coordenador da Comissão Nacional de Clubes, que é uma composição de sete presidentes, eleitos por seus membros para compor uma comissão. Fui membro em 2019 e 2020 e assumi a coordenação, que é uma espécie de presidente. Era responsável por levar aos clubes todos os movimentos políticos do futebol brasileiro, inclusive a lei da SAF. Participei ativamente da discussão e da elaboração do projeto de Lei no Congresso Nacional. Como presidente do Bahia, pensei que preciso apresentar à torcida uma alternativa de SAF para que a torcida julgue se quer ou não. Eu não posso escolher se o Bahia vai ter ou não SAF, não posso fazer uma a escolha pela torcida, mas não posso ficar parado pois a escolha será de não ter SAF e a torcida não terá direito de escolha”.

Diretoria Executiva do Bahia foi à procura do parceiro que julga como ideal

Bellintani revelou que o primeiro contato foi negativo por parte do potencial parceiro, mas que utilizou argumentações de convencimento para torná-lo como possível interessado.

“Combinamos, eu e Vitor, que iríamos construir a melhor proposta de SAF e levar ao torcedor. Não sabíamos o que a gente conseguiríamos e nós decidimos um caminho de procurar aquele parceiro que a gente entendia que seria capaz de fazer um bom projeto para o clube. Nós procuramos. Eu não vou dizer quem é, porque eu não posso dizer”.

“Batemos à porta, e a primeira resposta foi: ‘não temos interesse, nosso foco no Brasil é outro. Queremos fazer investimento Brasil, mas o interesse é outro’. Nós colocamos o rabo entre as pernas? Não. Marcamos um almoço e tivemos uma longa conversa. Nunca foi nossa única opção falar só com aquele parceiro, mas começamos com a ordem de prioridade. E fomos procurados nesse meio do caminho, mas com esse foco principal”.

“(…) Nós tivemos uma primeira conversa, depois uma segunda, e nos pediram tais documentos. Em 48 horas, o documento estava no e-mail dos caras. Pediram outros documentos e mandamos tudo. A primeira mensagem que passamos foi organização. Os caras pensaram: ‘estamos há três meses conversando com outro e não temos isso ainda’. Marcamos mais uma conversa, entregamos outros documentos mais complexo”.

Conversas avançaram mesmo durante o rebaixamento

As conversas foram iniciadas em setembro de 2021 e ganharam força na virada de ano, mesmo no mês da queda para a segunda divisão.

“Em setembro foi a primeira conversa, em outubro começou a amadurecer e em dezembro, já com muita conversa, todos nós concordamos que estava ficando mais sério, que a gente já precisava de documentos que não eram mais públicos, como contratos de jogadores. Assinamos um documento simples de confidencialidade, de respeito mútuo com os documentos tratados e de não comentar publicamente sobre o projeto em si. Em janeiro, eles nos comunicaram que tinham suspendido conversas com outros clubes do Brasil. E nós também suspendemos conversas com outros players com que havíamos conversado. E desde janeiro a gente teve o afunilamento da conversa, quando ambas as partes já começam a gastar dinheiro para contratar auditorias, para discutir se o namoro vai virar casamento ou não”.

Por que está demorando tanto?

“Está perto? Na reta final? Fomos ao longo do processo ajustando a melhor estratégia para o clube e para o negócio. Eu digo isso porque as SAFs já feitas no Brasil foram de forma diferente. Foram anunciadas e depois disso é que foram feitos movimentos comuns, como uma auditoria completa do clube, contratação de advogados e outras coisas. Nós decidimos antecipar todo esse processo, porque eu já vendi empresas, guardadas às devidas proporções. Na minha realidade de um empresário médio em Salvador, já tive a experiência de estar com um negócio fechado e depois discutir os detalhes. Isso foi uma merd*. Não aconteceu comigo, mas sabe aquela história do cara que tem uma proposta para vender a empresa dele e vai lá e compra uma casa de praia nova já pensando no dinheiro da venda? E depois…”.

Grupo ofereceu dinheiro antecipado ao Bahia para 2022

“Tanto que a gente teve uma proposta de um empréstimo ponte, um dinheiro na frente. Eu disse que não. Quando se coloca dinheiro na frente, uma cláusula que eu posso não querer vou ter que aceitar porque os caras já nos abraçaram. A situação financeira é dificílima, o time não é barato, mas eu prefiro ir para o esforço. Então, se a gente pega um dinheiro antecipado eu aceito um nível de compromisso que vai impactar na qualidade do projeto final para o clube. E por mais que a gente ache, nunca haverá um parceiro e um contrato perfeitos. A gente está tentando conduzir de um jeito que seja um parceiro seguro, que a gente não crie uma dependência antes de acontecer”.

Pés no chão, torcedor: a SAF não mudará o clube da noite para o dia!

Um ponto que o presidente tricolor reforçou foi de que não está buscando um projeto de curto prazo.

Ele descartou qualquer hipótese de que o parceiro ‘rasgue dinheiro’ nos primeiros anos. Bellintani acredita em um crescimento gradativo, sem pressa, mas que garanta longevidade ao projeto e não seja uma situação momentânea.

“Não queremos um projeto de dois anos. Queremos um projeto de 10 ou 15 anos. Não estamos atrás de um cheque, de um valor para investir no clube. Tem perfis diferentes no mercado. Há quem prefira curto prazo e há quem goste de longo prazo. Nosso projeto vai significar longo prazo”.

“(…) Às vezes não vai ser do jeito que o torcedor quer, que o parceiro vai chegar e contratar um ‘camisa 10’ para ganhar R$ 2 milhões por mês, um goleiro de R$ 500 mil por mês. Não é isso. Se fizer isso, o projeto vai gastar muito dinheiro no curto prazo e não vai ter longevidade. O que queremos é o inverso. Vamos com calma, vamos fazer um time para subir nesse ano e no ano que vem ter um equilíbrio, conseguir eventualmente uma Sul-americana, no outro ser competitivo na Sul-americana, disputar uma Libertadores. Nosso projeto é ser competitivo no médio prazo.

“Não vamos ter um projeto de chegar aqui no ano que vem e rasgar dinheiro e trazer craques”.

“A percepção que eu tenho e esse julgamento vai ter que se expressar em contratos, é que temos todos os caminhos para um projeto de médio a longo prazo, que não é um projeto milagroso, que vai tornar a gente campeão do mundo de uma hora para outras, que vamos para a Libertadores todos os anos, que vamos ser campeões brasileiros. Não é isso. Não vamos vender isso, pois é um projeto gradativo de acúmulo de competências, de investimentos, e vai ser, talvez, o melhor projeto que a gente poderia apresentar para a torcida avaliar.

Se não subir, há chance de dar erro?

“Não. O projeto não tem nenhuma cláusula de subida ou não subida. Não existe uma cláusula de que se não subir o preço cai. Não existe isso”.

O que falta para o anúncio da proposta?

“Falta pouco. A gente está em uma reta final de último empecilho formal, que estamos perto de resolver. Feito isso, em mais alguns dias a gente consegue formalizar a proposta. Repito, não é uma proposta do grupo tal para o Bahia, e sim uma proposta que o parceiro e o Bahia construíram juntos, por isso demorou tanto.

Proposta quase foi apresentada na semana passada

“O 2 de julho não propriamente pela data, mas era um dos dias que a gente tinha colocado como alvo para o anúncio. Não só por esse empecilho, mas porque não tinha tudo pronto para finalizar. Eu posso dizer que nesse momento tem um representante desse potencial investidor aqui no Brasil trabalhando”.

A entrevista foi conduzida por João Leiro e Alexandre Galvão, podendo ser assistida na íntegra no canal do Info Bahêa no Youtube.

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