Fonte: Felipe Oliveira / EC Bahia
A paralisação no futebol devido à pandemia de coronavírus causa impacto nos cofres do clube e movimenta com intensidade os bastidores do esporte. Em conversas frequentes, presidentes das principais agremiações do país avaliam a situação do futebol brasileiro e projetam soluções para os problemas causados pela quarentena e sobre mudanças no calendário.
Presidente do Bahia, Guilherme Bellintani tem se notabilizado pela atuação na Comissão Nacional de Clubes e pela liderança demonstrada em conversas importantes para o futebol.
Em entrevista ao podcast Chá Comigo, com Elton Serra, o dirigente tricolor falou sobre como vê o impacto causado pela pandemia no futebol brasileiro.
“Eu vejo as crises, mesmo lamentando-as, ainda mais dessa dimensão que cria efeito no futebol e no mundo todo, como oportunidade para ver estruturas que estavam mais enfraquecidas e que talvez aproximem o seu final, fechem o seu ciclo, mas também que se abram novos ciclos no sentido de buscar novas perspectivas e soluções. Os problemas daqui em diante serão de outra dimensão, que nós não éramos capazes de calcular há seis meses”, avaliou o presidente.
Com o calendário mais do que bagunçado por causa da necessidade se manter em isolamento social, Bellintani revelou que existe a possibilidade de que mudanças drásticas ocorram no futebol brasileiro – o que passaria pela reestruturação de datas do Brasileirão e do sistema de disputa dos estaduais.
“Isso, naturalmente, pode passar por uma revisão e uma reestruturação do calendário do futebol brasileiro. Não tenho a menor dúvida disso. Não tenho nenhuma dúvida de que essa situação, talvez, tenha vindo também para provocar o enfraquecimento de estruturas que já estavam no seu declínio e que vai gerar o encerramento total de ver o futebol brasileiro. Eu não tenho nenhuma dúvida disso. Acho que é uma chance que nós temos que aproveitar”.
Brasileiro de fevereiro a dezembro é uma possibilidade
“Há diálogo em todas as esferas. Primeiro, a partir de uma concepção que eu tenho de se criar um calendário mais aberto do futebol brasileiro, com o campeonato nacional começando em fevereiro e indo até novembro ou dezembro, com uma pré-temporada mais longa. O campeonato brasileiro posicionado apenas nos finais de semana, com Datas Fifa posicionadas com maior equilíbrio. Assim, a gente deixando o meio de semana para Copa do Brasil, Libertadores e Sul-americana, fazendo com que os estaduais sejam disputados por outras equipes que não disputam as Séries A ou B; que sejam torneios de acesso à Série D. Acho que esse é um caminho bem possível, bem factível, que reposiciona o calendário do futebol brasileiro”.
Mas, por se tratar de uma mudança radical no calendário do futebol nacional há também as dificuldades para que seja colocada em prática.
“Há conversa nesse sentido, mas a distância é muito longa. A partir daí, uma projeção econômica e política para agregação de opiniões para que a gente consiga, eventualmente, chegar ao que se espera. Mas é um caminho muito difícil e muito longo”.
Pode haver mudança no formato de pontos corridos da Série A?
“Está muito claro que a gente entendeu que este modelo do Campeonato Brasileiro, comercialmente, não deve ser mexido. Não vamos mexer porque é uma preciosidade que conquistamos. É um tesouro que conquistamos e que com o tempo foi se consolidando e hoje é um triunfo que não podemos abrir mão: o modelo de competição com 38 rodadas e jogos de ida e volta. É um modelo que se consolida a cada ano, o público se acostumou. Isso vai ser preservado a qualquer custo”.
“Mas há muita coisa para mexer, como o reposicionamento do Estadual para evitar que times precisem abrir mão de jogar com o time titular no campeonato porque está jogando duas ou três partidas por semana. Então, começar o Brasileiro antes pode facilitar muito. Há muita coisa para mexer, mas a manutenção do modelo do campeonato é a maior convergência (entre os clubes)”.
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