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Notícia | Entrevista

Publicada em 11 de maio de 2022 às 11h55

Pai do VAR, Serapião relembra projeto e fala sobre bastidores da CBF

Ex-árbitro baiano foi fundamental para implementação do VAR no futebol mundial

Da Redação

Baiano, o ex-árbitro Manoel Serapião Filho é considerado como o pai do VAR no Brasil, por ter dado início ao projeto pela implementação da arbitragem de vídeo não só no país, mas também junto à Fifa.

Com uma longa carreira na arbitragem de campo, Serapião também trabalhou diretamente nos bastidores da CBF ao longo de sua jornada no futebol.

Em um bate-papo exclusivo com o ecbahia.com, ele relembrou algumas histórias pouco conhecidas sobre a criação do VAR no futebol, entre inúmeros outros assuntos. Assista no vídeo acima!

Serapião lembrou ter tido conversas com nomes importantes do futebol mundial entre o fim dos anos 90 e o início dos anos 2000, Joseph Blatter, e João Havelange, na época presidente da Fifa, para tratar do assunto há mais de duas décadas.

“Há erro de arbitragem que foge da capacidade humana, até das condições humanas que podendo ser evitadas, não havia razão para não serem evitadas. Eu fiz um Mundial de Futsal e lá eu tive a condição de conversar com (Joseph) Blatter, que era secretário da FIFA, e João Havelange, e apresentei a ideia, mostrando para eles que lances discutíveis deveriam ser conferidos pela tecnologia. Depois que a cultura do futebol entendesse a cultura, entraríamos em lances de interpretação. Havelange e Blater foram radicalmente contra, porque a discussão do dia seguinte faz parte do jogo. Era uma visão, ao meu ver, com todo respeito, não era a mais adequada para o mundo da justiça”.

Serapião afirmou também ter encontrado forte resistência nos bastidores do futebol brasileiro, além de uma resposta completamente negativa dos comandantes da Fifa.

Eu encontrei as mais ferrenhas resistências, as mais absurdas (contra o VAR). Tanto que quando eu publiquei o projeto no FutCom, de Carlos Alberto Parreira, em 2009, todos falavam que a Fifa iria jogar no lixo. Mas felizmente se curvaram”.

O projeto começou a vingar de verdade a partir de 2015, como ele relembrou:

“Em 2015, na administração de Marco Polo Del Nero, ele me chamou junto com Sérgio Corrêa, que era o presidente da Comissão de Arbitragem, e disse ‘vamos encaminhar o projeto’. Já encaminhado em 2015, a Fifa, em 2016, com os mais rasgados elogios, disse que o projeto era extraordinariamente bem elaborado e com muita solidez”.

Reclamações feitas por clubes, como o Bahia, contra árbitros

É comum ver uma notícia de que o Bahia enviou uma representação contra determinado árbitro por entender que houve erro de arbitragem na partida.

Mas, o que acontece? Qual é o objetivo dessas representações? Serapião também explicou.

“Quando entrei na ouvidoria (da CBF), eu criei para os clubes uma orientação de que não era apenas o direito do clube, mas sim o dever do clube fazer a representação dos lances que julgasse como decididos equivocadamente. E o motivo era aperfeiçoar a arbitragem. Se um clube se omite e não reclamar, não nos dá a oportunidade de aperfeiçoar”.

“Como era tratado? Os clubes pediam a não designação daquele arbitro para seus jogos, suspensão do árbitro, além da análise dos lances. Primeiro de tudo, eu dizia que a ouvidoria não era órgão punitivo. E se fosse, nenhum árbitro deve ser punido por uma questão de capacidade. Após três meses de suspensão, o árbitro vai estar capaz de apitar? Punição só deve decorrer de ato ilícito”.

Quando há alguma falha que a Comissão de Arbitragem julga como grave, o árbitro em questão é retirado da escala dos próximos jogos. Porém, não em todos os casos.

“A ouvidoria precisa dizer porque ele errou, se ele está mal fisicamente, desestruturado emocionalmente, se não busca um ângulo de visão ou se interpreta mal. E ele tem que ser submetido a um treinamento. Nesse período de treino, ele não pode ser designado. Não é suspenso, mas sim convocado para se aperfeiçoar, porque esse é o objetivo”.

Serapião também valoriza o fato de que tem havido transparência por parte da CBF com os pareceres devolvidos pela ouvidoria aos clubes.

“Os clubes são orientados, os assuntos são tratados com absoluta independência. Às vezes, discutíamos os lances, que são lances 50/50 e é preciso respeitar a decisão de campo. Eu (como ouvidor) fazia a recomendação e instruía os clubes, com resposta em 48 horas, e com os fundamentos técnicos, que era uma oportunidade que eu tinha, haja vista que a CBF passou a divulgar os pareceres. É uma oportunidade que temos de esclarecer as regras do jogo”.

Assista a todo o bate-papo no vídeo acima.

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