Primeiro técnico contratado pelo Grupo City, Renato Paiva foi alvo de críticas por sua passagem considerada por muitos como desastrosa, na maior parte do tempo, à frente do Bahia, em 2023. Ele voltou a falar sobre sua trajetória pelo clube e, em especial, dos momentos que antecederam seu pedido de demissão em setembro.
Entrevistado pelo canal Flashscore Brasil, no Youtube, Paiva citou as cobranças internas feitas pelo grupo aos técnicos após cada partida, para que chegue ao patamar desejado em termos de modelo de jogo.
“Caso as pessoas não saibam e vou informar, o Grupo City tem um departamento de análise de inteligência esportiva que faz análises cirúrgicas dos jogos de cada equipe do Grupo e passado alguns dias, nós recebemos um relatório dizendo em porcentagem o quanto perto ou longe estamos da forma como joga o Grupo City. Este jogo teve 70% perto da formo como queremos que construa, na criação estamos x% perto daquilo. Os níveis de posse de bola estiveram perto ou longe. O Soriano diz, o Grupo não demite por resultados”.
Segundo o treinador português, é mais fácil um treinador ser demitido por não jogar nos padrões desejados pelo Grupo City do que propriamente por resultados ruins.
“Muitas pessoas queriam que Renato Paiva fosse despedido. Foi dito isso para mim e (Ferran) Soriano disse publicamente que não se despede por resultados. Ou melhor, o primeiro critério não são os resultados. Se perder 50 jogos alguma coisa está mal, mas acaba não sendo os resultados e sim o dia a dia que leva a esses resultados. Ele disse que demite mais rápido os treinadores que não jogam perto dos padrões de jogo do Grupo City do que propriamente se não ganhar três ou quatro jogos”, disse o treinador que passou dez meses no Esquadrão de Aço.
Contratações do Bahia dificultaram trabalho como o Grupo City queria, diz Paiva
“Obviamente que com as contratações que tiveram isso fica mais difícil, porque jogar como eles querem quando se tem os jogadores do Manchester City é uma coisa, quando se tem com os do Girona é outra coisa, quando tem o elenco do Bahia em que tem 25 novos jogadores, sendo a maior parte deles suplentes das equipes onde estavam e querer fazer este tipo de jogo”.
“Por exemplo, Marcos Felipe era extraordinário, mas tinha muitas dificuldades em jogar com os pés e o trabalho do Rui e de Marcos inicialmente de querer evoluir os faz um goleiro diferente. Mas tínhamos que respeitar os padrões do Grupo City mesmo com os jogadores que tivemos que trabalhar para providenciar isso”.
Mais ‘regras’ do Grupo City sobre como montar o time
“Eles quase me disseram que não era para jogar em contra-ataque. Claro que não deixava de utilizar contra-ataque, mas não era para ser o padrão de jogo, porque não era assim que o Grupo trabalha e eu poderia ser demitido por isso. Portanto, é trabalhar em estrutura, é receber essas regras, saber aceitá-las e estar disposto a isso. Tem treinadores que não estão, que querem contratar jogadores que estão fora do leque e que quer jogar de outra maneira, portanto não aceito este tipo de situação”.
Lamentações e orgulho de trajetória pelo Bahia
“Fora outras questões que me motivaram a sair com algumas interferências na área da performance e da preparação física da equipe que levou a algumas lesões, mas esse é um tema que se eu me alongar vou passar por mal-agradecido. Uma coisa que quero que fique muito clara para grande parte da torcida do Bahia que é que sempre terei um tremendo orgulho de ter feito parte da história do Bahia. Ficou lá um troféu que podem diminuir a importância, mas a verdade é que esse estadual não era conquistado há três anos e agora também não ganhou. Mas não tem importância, o importante era ganhar a Copa do Nordeste. Tenho um orgulho tremendo de fazer parte da história e ter sido um dos treinadores do clube. Para muitos, o pior da história, para outros um treinador com 25 contratações novas e pouco tempo para treinar e ganhou um estadual, igualou a melhor marca na Copa do Brasil na história que foi chegar nas quartas de final e não chegamos na semifinal perdendo nos pênaltis, se não tínhamos feito a melhor campanha do Bahia. De fato, no Brasileirão e na Copa do Nordeste não fomos tão bem, reconheço”.
Após sair do Bahia, Renato Paiva assumiu o comando do Toluca, do México, em dezembro do ano passado, onde contabiliza dez triunfos, seis empates e cinco derrotas nos 21 jogos sob seu comando.
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