Fonte: Felipe Oliveira / EC Bahia
Vice-presidente tricolor na gestão Marcelo Sant’Ana, Pedro Henriques também marcou presença ativa na diretoria do Bahia com Guilherme Bellintani como presidente. Ex-diretor executivo do clube, ele deixou o Esquadrão no mês de março após auxiliar em projetos importantes.
Em entrevista ao jornal Correio, Henriques explicou a sua função no Bahia durante a gestão Bellintani e falou também os motivos que lhe fizeram deixar o clube após uma trajetória tão bem sucedida, seja como vice-presidente, como também no cargo de CEO.
Como CEO do Bahia, Henriques tocou projetos como a contratação da fábrica que trabalha na produção dos uniformes da marca Esquadrão, além da reforma da Cidade Tricolor, atuando mais próximo da parte operacional do que nos tempos de vice-presidente.
“A diferença é que como CEO eu tive mais contato com a parte operacional. Por exemplo: como vice-presidente viajava para representações institucionais; como diretor acompanhava mais o andamento de projetos. Fui visitar a fábrica que contratamos no Paraná, as coisas da reforma da Cidade Tricolor, área de engenharia. Saí de uma posição de definição de estratégia para uma parte mais executiva de fazer os projetos se realizarem”, explicou.
Ele também explicou as dificuldades que a gestão de Sant’Ana encontrou para retomar as propriedades do clube
“Quando a gente assumiu (2015), o grande problema inicial era garantir a propriedade do clube. Tínhamos um acordo com a OAS fechado na gestão de Schmidt e havia um temor de não cumprir esse acordo porque pouco antes havia estourado a Operação Lava Jato. Nós entramos com uma ação cautelar para impedir qualquer movimentação nesse imóvel. Felizmente a gente conseguiu. A partir daí o grande problema da mudança era financeiro. O projeto era bom, mas o desafio do Bahia era fluxo de caixa, pagar as contas no fim do mês e ainda manter aquele patrimônio. (…) O desafio foi fazer as obras acontecerem com a limitação do fluxo de caixa. Se a gente tivesse dinheiro, teríamos entregado o CT antes. Fizemos uma análise com o clube de que não era viável mudar no meio de uma temporada e deixamos para o final do ano. Assim tivemos um respiro financeiro”.
Cidade Tricolor eleva o patamar do Bahia
“A Cidade Tricolor muda o Bahia de patamar. Todo esse processo democrático teve fases claras. O de Fernando Schmidt era um momento de transparência, de ter regras. Os estatutos foram criados, ainda que a gente não teve ganhos financeiros, tivemos essa transparência. Na gestão de Marcelo (Sant’Ana) foi um choque de gestão. Fizemos a mudança administrativa no clube, o fim dos profissionais abnegados, nada contra eles, mas era necessário esse choque. Não poderíamos ter vice-presidentes não remunerados. Conseguimos ter um controle mais firme no financeiro. (…) Com Guilherme (Bellintani), o clube pode começar a alçar voos maiores. Para isso, é preciso ter estrutura. O Bahia não pode pagar os melhores salários, mas pode produzir atletas com capacidade. A Cidade Tricolor tem três campos para a base, seis no total, um projeto de campo sintético, aumenta a chance de desenvolvimento qualificado. Isso também se aplica ao profissional, no futuro gera economia ao clube. Quando o Bahia jogava em Salvador, se hospedava em hotel, mas hoje tem a mesma estrutura de hotel no CT. A longo prazo isso gera um círculo virtuoso do dinheiro. Na primeira fase da democracia o Bahia recuperou a credibilidade, hoje o Bahia ganha contratações de clubes do eixo, e agora tem estrutura para dar um grande salto de patamar”.
Henriques revela ter recusado ser vice-presidente de Bellintani, fala sobre cargo de CEO e saída em 2020
“Algumas pessoas já tinham implicância política – e porque eu tenho personalidade assertiva e não fujo de embate para defender o clube -, gerou atrito e isso é natural. Quando eu disse que não seria candidato, Guilherme me chamou para ser vice-presidente e eu disse que não queria. Tinha a pretensão de finalizar alguns projetos e, se eu não fosse continuar na parte política, tinha essa vontade de estar no clube, mas não estava disposto aos desgastes que eram colocados. Quando surgiu essa possibilidade de voltar como diretor executivo, com uma exposição menor e podendo ajudar na Cidade Tricolor e outros projetos, achei que valeria a pena, independente das críticas, pois, pra mim, o que vale é deitar e colocar a cabeça no travesseiro de forma tranquila sabendo que ajudei o meu clube de coração. Deixei claro que, se isso prejudicasse a gestão, eu não faria nenhum movimento de dizer que queria”.
“Eu acho que ninguém tem que ter pretensão de se eternizar no clube. Eu dei uma contribuição. Se tivesse saído em 2017, teria saído de forma positiva. Desde o ano passado já havia conversado que, após a entrega da Cidade Tricolor, iria sair. Por mais que seja o clube do coração, por gostar de trabalhar no Bahia, todos esses cinco anos geram desgastes, natural. Eu também tive que me adaptar, foi um aprendizado grande. Aprendi muito com Guilherme, com Vitor, mas com todo esse aprendizado você quer ter outros tipos de desafios, de desgastes, e eu achei que seria um bom momento para sair, após a finalização do meu principal projeto e por entender que a gestão do Bahia está em outro patamar”.
Prêmio de melhor CEO de futebol de 2019
“Eu fiquei muito feliz pela premiação, mas vejo mais como o reconhecimento de um trabalho que foi desenvolvido não só por mim, mas por todo esse processo democrático. Se o diretor executivo teve um destaque foi porque toda a equipe que esteve no Bahia trabalhou pra caramba e deixou as entregas de alta relevância para 2020. Eu pude dar a minha contribuição e fui reconhecido, mas não me preocupo em dar respostas para críticos ou apoiadores. O importante é o que deixamos de legado”.
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