Confira abaixo um texto publicado no site da Associação Bahia Livre – movimento de oposição que, assim como outros, vem buscando principalmente a democratização e a modernização do clube -, sobre a falta de planejamento e gestão profissional no Bahia.
“O presidente Marcelo Guimarães Filho disse alguns dias atrás que estava procurando um técnico que encampasse seu projeto, que acreditar em seu projeto foi um dos motivos que fizeram Renato Gaúcho vir trabalhar no clube. Qual projeto? A torcida gostaria muito de saber! A única coisa que se ouviu sobre algum tipo de preparação para 2010 é que foi dito que o clube agora trabalha com orçamento e que a folha salarial seria de R$ 400 mil.
Como qualquer gestor deveria saber, o orçamento, em tese, é o resultado final do processo de planejamento. Dizer que se vai ter (ou se pretende ter) receita e despesa de tal montante, sem um processo que o suporte, não significa que se planejou algo. Só que nem um orçamento definido podemos ter a garantia que te remos, pois em entrevista de rádio, Eliseu Godoy disse que a folha poderia chegar em R$ 600 mil. Um clube que tem o orçamento modificado em 50% em questão de dias é um clube que está perdido!
Em entrevista na atrasada TV Bahêa, a webtv oficial do clube (que já deveria ter começado faz tempo, conforme anunciado), o presidente, ao ser perguntado sobre o planejamento para 2010, fala de desejos seus: ganhar o baiano, contratar com qualidade, qualificar o time para a Série B se ganhar o baiano (se ganhar!?). Depois, em entrevista a ESPN disse, nos remetendo a um dirigente da década de 50, que contrataria porque a torcida paga. Por favor, um pouco mais de linguagem técnica! Um mínimo de dados e fatos! Isso esta muitíssimo longe de ser um planejamento, dizer que tem não significa ter, o Bahia não tem. O Bahia não tem, sequer, Gestor de Futebol e Gestor de Marketing faz alguns meses!
Durante o primeiro ano de gestão, o presidente do clube demonstrou o que já se imaginava, a sua falta de preparo para dirigir o clube, e isso pôde ser visto não somente pelos resultados em campo. Dessa forma, o mais recomendável seria trazer pessoas preparadas para o clube. No início da administração contratou-se Paulo Carneiro para ser o gestor de futebol e de marketing. Mesmo que polêmico, este fato demonstrou uma intenção de se fazer alguma reformulação no clube, pois se queira ou não, Paulo Carneiro era reconhecido como bom gestor. Só que a experiência não deu certo e simplesmente não se pensa em fortalecer a gestão do clube, haja vista que os nomes atuais são os mesmos de sempre, com pouquíssimas exceções, são as pessoas que deixaram o Bahia nesta situação.
Sabe-se que pessoas foram convidadas, mas não aceitaram por falta de espírito democrático da direção do clube, que, contra a vontade de toda a torcida, insiste em não realizar eleições diretas, sem filtros (desculpem a redundância do sem filtros). Fica então a sugestão que o Esporte Clube Bahia contrate uma consultoria externa, pois o dinheiro gasto voltaria em benefício do clube, não seria simplesmente mais uma despesa. Embora, queiramos registrar, mais uma vez, que somente com a democratização, trazendo a torcida para seu lado, é que o clube vai ter bases sólidas para seu crescimento. Ansiamos que o bom senso prevaleça e que em breve a Assembléia Geral possa apreciar uma proposta de estatuto realmente democrática, diferente do que a presidência vem anunciando.
Queremos uma verdadeira profissionalização da gestão do clube e não um evento ou algumas folhas de papel para se criar mais um factóide. Torcemos que a anunciada parceria com Duda Mendonça vingue, mas que aconteça de forma consistente. Esperamos também que o presidente reflita e contrate um Gestor de Futebol, pois como é sabido, ele passa boa parte da semana cuidando de seus outros afazeres, nem em Salvador fica, seria mais um show de amadorismo o acúmulo dessas duas funções, pois como o próprio presidente comentou na contratação de Eliseu, nosso ídolo pode ser útil ao Bahia, mas não tem experiência em seu Curriculum Vitae para ser o Gestor de Futebol que o clube precisa (e a situação do Bahia não permite ficar fazendo experiências).
Caso o clube viesse a se transformar em um modelo de gestão, iríamos reconhecer com toda a satisfação! Continuaríamos na oposição, pois não temos confiança em dirigentes que prometem, e não cumprem e também por que não apoiamos regimes de cunho antidemocrático, mas reconheceríamos os méritos da direção, caso ela os tenha, como já fizemos pontualmente, nas poucas coisas que avançaram, como as obras civis feitas no Fazendão (aliás, 2009 está acabando e esperamos que não tenhamos mais que ficar ouvindo sobre as melhorias do Fazendão, muito bem que as obras foram positivas para o clube, embora indispensáveis, mas não têm a importância necessária para serem repetidas indefinidamente, já está cansando!).
Queremos um clube que possamos nos orgulhar, queremos ser muito mais do que, como nas palavras do próprio presidente, um clube que todo mundo gosta de ajudar, não aceitamos a lógica da inferioridade, não somos, com todo respeito, um América-RJ, não precisamos de simpatia de ninguém, queremos ter o respeito dos outros! Não queremos um presidente que vá como ouvinte a um evento como o Footecon, queremos um presidente que vá apresentar um case de sucesso!
Em 2010, esperamos que não se cometa os erros primários que foram fundamentais para que 2009 fosse mais um ano de fracasso para o Tricolor e que:
1 Os salários sejam mantidos em dia.
2 O preparo físico dos atletas seja questão prioritária na gestão de futebol do clube. Mesmo que a falta de preparo físico dos jogadores tenha sido esquecida em meio a outros problemas, foi um vacilo primordial para a perda do Campeonato Baiano e da falta de rendimento na Série B.
3 Alessandro Matos não seja escalado para as fases decisivas do Campeonato Baiano. Longe de parecer cisma, toda Bahia Esportiva sabe que o auxiliar acaba tendo um tremendo azar quando o interesse do tricolor está em jogo. Uma série de infelicidades já fizeram, pelo menos, três títulos irem para Canabrava. Temos certeza que uma posição firme do Bahia sensibilizará a Federação Bahiana de Futebol. Melhor que o clube aja de maneira precavida do que se lamente em 02/05 que o primeiro semestre foi jogado no lixo por mais um (ou mais de um) recorrente erro de um auxiliar sem sorte.
Para terminar, rechaçamos fortemente o uso do site oficial, mais uma vez, para a discussão de questões pessoais do presidente, como foi no recente episódio envolvendo o colunista do jornal A Tarde, Oscar Paris. A maneira como ele quer ser chamado é um problema particular dele, caso ele queira tratar algum problema pessoal na Internet, que use seu site pessoal ou o seu Twitter e não use, provincianamente, o site institucional do clube.”
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