Confira matéria desta quinta-feira do Correio da Bahia:
Entre uma troca de treinador e outra, sempre surge entre os possíveis sucessores o nome de Carlos Amadeu, atual técnico interino do Bahia. Só em 2005, essa é sua terceira passagem pelo comando do time, que contou com outros quatro capitães: Hélio dos Anjos, Zetti, Jair Picerni e Procópio Cardoso. Com o time rebaixado à Série C do Campeonato Brasileiro e quatro meses de inatividade pela frente, o desafio dessa vez é ainda maior: tocar o barco até o início do Campeonato Baiano, com início previsto para 8 de janeiro de 2006.
Nesse período, apenas a Taça Estado da Bahia, imposta pela diretoria como uma espécie de “punição” aos que permaneceram no clube, mantém a turma em atividade. O treinador tem carta branca para utilizar qualquer jogador à disposição no elenco e já demonstrou que não vai abrir mão desse direito. Com as rescisões contratuais, o elenco está reduzido e as opções são escassas. Ontem pela manhã, apenas 18 jogadores estiveram treinando, sendo três goleiros e dois garotos do júnior.
Amadeu sabe também que será difícil encontrar motivação no campeonato. Na preleção realizada no início da manhã de ontem, o discurso teve tom diferente do habitual. “Tentei passar para eles que acabou esse negócio de amor ao clube. Eles têm que ter compromisso com a sua profissão. Sejam profissionais e façam seu melhor sempre, independente de onde estejam. Até por que hoje em dia, com a Lei Pelé, o menino está jogando aqui, mas o empresário coloca a cabeça dele em outro lugar”, argumentou, se referindo às constantes transferências de jogadores.
Calejado de outras tantas oportunidades no time profissional, o técnico não cria expectativas. Uma ascensão a treinador efetivo está nos planos, mas o que rege seu trabalho é o momento. Até por que sabe que a Taça Estado será um laboratório de apenas um mês. Só depois começará a remontagem do time. A cabeça pode estar no futuro, mas os pés estão bem firmes no 2005. O ano marcou fase importante na sua carreira. Essa foi sua primeira experiência na comissão técnica profissional e trabalhar com tantos treinadores só enriqueceu o currículo. Destaques para Procópio Cardoso e, principalmente, Hélio dos Anjos. “Ele foi muito criticado aqui, mas é muito respeitado em Recife, Fortaleza, Goiás e até no Sul do país. Para mim, é um grande técnico”.
Problemas – Quando comparados os times de 2004 e 2005, é opinião de muitos que, em termos de valores individuais, o elenco atual era ainda mais forte. Na opinião do zagueiro Reginaldo, a equipe desse ano não “deu liga” (não conseguiu conjunto). Amadeu aponta para outra direção. “O time do ano passado não passou pelas dificuldades desse ano”, concluiu. Salários atrasados, problemas de relacionamento e falta de planejamento.
O 2005 foi marcado pelos problemas de gestão, de recursos e de pessoas. Um implicando diretamente no outro. Com os salários atrasados, o grupo via Uéslei receber seus vencimentos em dia, o que gerou discórdia. “E nós chegávamos no estádio e estavam lá as faixas: `mercenários´. Eu quero ver, em qualquer profissão, alguém ficar três meses sem receber e ir trabalhar. Eu mesmo estou três meses sem receber. E não estou me queixando não. Eu estou apostando na minha carreira. Só que os contratos são firmados para serem cumpridos”, pontuou.
Além disso, o novo treinador acha que tudo funcionou como uma bola de neve. Primeiro, a decepção em 2004, depois a perda do Campeonato Baiano e da Copa do Brasil. Tudo isso teria afetado a auto-estima do grupo e aumentado a pressão por resultados. “O somatório de tudo nos levou à terceira divisão. E temos que tomar cuidado, por que, se o futebol baiano não se reestruturar, cada vez mais vamos ver garotos torcendo para times do Sul, como acontecia na época que só a Rádio Globo chegava no interior”, advertiu.
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