De Daniel Dórea, no jornal A Tarde deste domingo:
`O típico boleiro moderno. Cabelo moicano, cinco tatuagens espalhadas pelo corpo, carrão rebaixado (um Golf com banco de couro e som potente) e boné para trás no estilo hip hop.
Vander voltou diferente do Rio de Janeiro, onde defendeu o Flamengo. Mais hábil com as palavras e menos franzino (saiu do Bahia com 66 kg e chegou a pesar 75 kg), só não trouxe a marra carioca.
Sou o mesmo meninão de sempre. A prova é que estou aqui de boa, argumenta o garoto, sentado no sofá da casa na qual foi criado e onde passa férias. Igual a outras tantas do humilde bairro de São Marcos, na capital baiana.
Por pedido dele, vai jogar pelo Esquadrão em 2012. Assim, a ideia é mudar para um canto mais confortável, na Praia do Flamengo. Quero que minha mãe vá, mas duvido que meu pai queira. De fato, Seu Zito é muito apegado ao bairro. Já Dona Lita, que fazia companhia a Vander no Rio, deve seguir novamente o caminho do filho.
Quando o papo fica sério, Vander explica por que decidiu retornar ao tricolor. No Flamengo tem muita concorrência. E neste ano vai ter Libertadores, vão chegar reforços… Eu quero jogar. Tenho 21 anos e preciso mostrar meu futebol. No Bahia terei mais chance, acredita ele, que ganha a benção de Dona Lita: Que 2012 seja o ano do meu filho. Ele merece.
O meia continua. Tenho saudade de morar em Salvador. Lá no Flamengo eu estava ganhando um pouco mais, mas tudo lá é caro. Só de aluguel eu pagava R$ 3,5 mil. E eu ia sempre a um restaurante baiano que vendia acarajé a R$ 19. Sem sal ainda, conta, aos risos.
Porém, Vander já ganha dinheiro suficiente para ajudar a família Tirei minha mãe do emprego (era doméstica). Ao pai, deu um carro, mas não conseguiu tirá-lo do balcão de uma loja de auto-peças. Ele disse que não é o momento.
Em ritmo de férias, o garoto bateu baba com Adriano (ex-Bahia) domingo, 11, em um campo de barro de São Marcos. Quinta, 15, jogou em Valença, terra do Michael Jackson `tricolor`.
Ele lamenta não poder reencontrar o amigo no Fazendão, mas verá outros chegados: Maranhão, Gabriel, Marcone e Ananias. Com eles, espero finalmente ganhar o Baiano, deseja.
“Moicano da Paraíba” era o alvo das brincadeiras no Ninho do Urubu
Aprendi muito no Flamengo. Aliás, aprendi mais do que joguei, admite Vander, que foi muito prejudicado por uma fratura ainda no primeiro semestre. Tratei por quatro meses, voltei ainda sentindo dores e parei por mais dois meses pra finalmente me curar.
Mas a vida do garoto no Rio de Janeiro não se resumiu a tristeza e sessões de fisioterapia. Ele diz que não foi a um baile funk a namorada não deixava , mas aproveitou bastante a badalada praia da Barra da Tijuca, onde morava.
No trabalho, divertia-se com as piadas dos colegas. Ronaldinho é muito gente boa. Brinca o tempo todo. Ele que colocou meu apelido: Miserê, lembra Vander, que explica: Eu chegava todo dia de carro ouvindo bem alto aquela música do Psirico: `Miserê, tá todo mundo miserê`. Aí, pegou. Até Luxemburgo me chamava assim.
De outro apelido dado pelo Gaúcho o meia não gostava tanto. Os caras ficavam me chamando de Moicano da Paraíba. Aí, na hora da preleção, eu ficava me escondendo porque Luxemburgo adorava brincar com essas coisas, revela.
No dia da confusão em que Luxa `pegou ar` por causa de ato flatulento de um comandado, Vander estava na academia. Graças a Deus que eu não tava no meio. Quando me contaram, nem acreditei.
Bicicletas Sobre futebol, o garoto ficou impressionado com a técnica de Thiago Neves e com o que Ronaldinho fazia nos treinos. Dava vontade de parar e ficar só olhando. Era gol de bicicleta todo dia, conta.`
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