Arqui-rival promete estatuto novo até o fim do ano

Muito se questiona o modelo de gestão do Bahia. Prometida em outubro de 2005, a reforma do estatuto tricolor ainda não aconteceu. Mas e no arqui-rival, como vem sendo enfrentada essa questão?

“Estamos tentando isso já há algum tempo. Temos cobrado, só que a diretoria alega que que o único pensamento, agora, é o de subir”, diz Michel Silva, líder da Associação Vitória Forte (AVF).

Ele, porém, acrescenta: “Recentemente, conseguimos sensibilizar o Carlos Falcão sobre a necessidade de mudança”. E, de fato, é o vice-presidente do Esporte Clube Vitória uma das oito pessoas que estão à frente do projeto pelas bandas do Barradão.

“Fizemos uma comissão de reforma e, até o final do ano, será apresentada a minuta do novo estatuto rubro-negro”, garante Falcão, que é consultor financeiro e conselheiro há 20 anos do Leão. A idéia é adequar o clube ao Código Civil, criar mecanismos de controle das suas finanças e, especialmente, propor eleições diretas para o presidente vermelho e preto.

MENTALIDADE – Na comissão, também figuram cartolas a exemplo de Jorge Sampaio, Pedro Amâncio e Alexi Portela Júnior, apontado como o “homem-forte” do clube. O grupo está recolhendo sugestões de diversos membros do Conselho Deliberativo, antes de apresentar o trabalho ao órgão. Lá, pretende receber o apoio da unanimidade dos colegas.

“Nossa missão é deixar o Vitória aberto, com uma mudança total de mentalidade”, acrescenta Carlos Falcão, que diz ter analisado o estatuto de inúmeras equipes brasileiras. “Peguei todos eles pela internet, onde o nosso próximo, aliás, também vai estar”.

Os exemplos da dupla Gre-nal, que ao mesmo tempo em que se democratizam, chegam a bancar seus elencos graças ao quadro social, entusiasmam o vice-presidente rubro-negro. “Com uma multidão participando, esses clubes têm todo mês uma arrecadação mínima. Isso permitiria fazer o Vitória crescer, mesmo na adversidade. Hoje a gente não sabe quanto vai ganhar. Se o time vence, dá 28 mil pessoas. Se perde, a renda é bem menor”, explica.

NOVA SEDE – Falcão ressalta que, para participar da futura eleição, o torcedor precisará preencher alguns requisitos. Estar em dia com as suas mensalidades e um tempo mínimo de associação despontam como os principais.

“Se não for assim, daqui a pouco vai entrar um bocado de gente só para votar. Fica avacalhado”, opina o vereador Silvonei Sales, vice-presidente do Conselho Deliberativo.

Segundo ele, na época de Paulo Carneiro o órgão era submisso. “Só dizia amém. Agora, queremos que ele saiba como está o dinheiro do clube, os valores das transações de jogadores e exigir transparência nas contas. Se a gente não estabelecer esse procedimento, de nada valeriam as críticas do passado”

De acordo com o presidente do Vitória S/A, Jorge Sampaio, “está sendo feita uma reforma muito interessante e de vanguarda”. Um outro chamariz para o público promete ser a nova sede social, cuja construção deve começar em janeiro. “Ela será no Complexo Benedito Dourado da Luz, perto do Barradão, e terá piscina, bar, campo de futebol, etc”.

“A comissão de reforma está representando o anseio da torcida”, conclui o ex-empresário do ramo do axé, embora o líder da União de Torcedores do Vitória (UTV), Moisés Almeida, não pense exatamente assim. “Não existe esse pleito. A gente acredita no pessoal que está lá”, declara.

Almeida, todavia, destaca que a entidade tem acompanhado criticamente as ações da atual diretoria. “Quando é para elogiar, a gente elogia. Quando é para reclamar, a gente reclama”.

Por fim, apesar de dizer que não gosta muito de falar sobre futebol, lamenta algumas contratações e a queda do técnico Marco Aurélio, que saiu com um triunfo. “Mas estão querendo acertar”, pondera.

Matéria publicada originalmente, por esse mesmo autor, na edição desta sexta-feira 14/09/2007 do suplemento A Tarde Esporte Clube