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“Arturzinho é um chato”, brinca Preto ao Pelé.Net

Notícia
Historico
Publicada em 19 de setembro de 2007 às 00:43 por Da Redação

Na última quinta-feira, o portal nacional Pelé.Net publicou uma interessante matéria sobre o quarto retorno do meio-campista Preto ao Fazendão. Na entrevista, concedida ao jornalista Luiz Antônio Abdias, o jogador chega a falar sobre a famosa briga em que se envolveu com o ex-tricolor Parreira, seu posto de gasolina, débitos do Bahia, etc. Confira:

Você foi rebaixado para a Série B com o Bahia em 2003, campeão brasileiro pelo Santos em 2004, vice da Copa do Brasil pelo Flu em 2005 e subiu com o Vitória para a Série B no ano passado. Para onde vai essa gangorra em 2007?
Só penso em fazer o Bahia subir de divisão. Um time com essa estrutura e esse patrimônio que é a torcida não pode continuar onde está. Foi em Salvador que eu construí minha família, tenho dois filhos baianos e me sinto na obrigação de fazer o Bahia subir.

Você estava no Bahia quando se contundiu. Por que decidiu bancar a cirurgia e a recuperação por conta própria?
A cirurgia foi feita no dia 26 de março, mas meu contrato só terminava no dia 6 de maio. Percebi que teria dificuldades pra me recuperar aqui quando não liberaram o resultado de uma ressonância magnética porque o Bahia estava em débito com a clínica. A fisioterapia aqui também não teria condições ideais, então acabei usando uma clínica especializada em medicina esportiva. Além de usar meu plano de saúde para fazer a cirurgia, gastei uns R$ 5 mil na recuperação.

Por que você resolveu voltar assim mesmo?
Primeiro porque eu amo o futebol. Segundo porque, com 32 anos, eu não estou preparado para encerrar a carreira. Terceiro porque aqui o Bahia tem uma estrutura e uma torcida que muitos times que disputam a Série B e até a Série A não têm. Mesmo com o clube endividado, disputando a terceira divisão, a torcida continua apoiando o time. Um time que tem média de 29 mil pagantes em 2007 e coloca 50 mil pessoas na Fonte Nova num jogo contra o Ananindeua (2006) é um fenômeno.

Como é ser ídolo de dois clubes rivais?
No dia em que treinamos na praia de Piatã, o que eu mais ouvia era torcedor do Vitória dizendo que eu deveria ter ido pro Barradão. Quando vou trabalhar no meu posto de gasolina é a mesma coisa, muita gente cobra isso. Além de ter família e negócios em Salvador, o que me faz me sentir à vontade de viver aqui é que eu sei que sou querido tanto por dirigentes e torcedores do Vitória quanto do Bahia.

Com tantas idas e vindas ainda é possível sentir um friozinho na barriga antes da estréia?
Sou um cara muito emotivo, e jogar num time com a torcida que tem o Bahia faz toda a diferença. Estive na Fonte Nova há duas semanas para assistir ao jogo contra o Nacional de Patos e quando a torcida me viu e começou a gritar o meu nome. Essa é uma sensação que só conhece quem já jogou no Bahia. Não tem como não ficar arrepiado.

Dez anos depois de ter trazido você para o Vitória, o que mudou na sua relação com o técnico Arturzinho?
O Vasco tinha me emprestado ao Olaria e foi lá que conheci o Arturzinho. Eu com 18 anos e ele em final de carreira, com 40. Quando foi treinar o Vitória, em 1997, Arturzinho me chamou. Como o Vasco não quis me liberar, tive de fazer um cambalacho. Disse que não queria mais jogar futebol, voltei para o Cascavel, onde meu pai era diretor, e só depois de um tempo vim para Salvador. Minha relação com o Arturzinho é de gratidão. Ele é um chato, mas tenho muito respeito por ele. Sempre foi um cara muito exigente e competente, mas antes ele brigava muito e agora tem mais inteligência emocional, mais habilidade para lidar com os conflitos sem estourar.

Logo no início da carreira você acabou ficando nacionalmente conhecido pelo episódio da briga com o meia Parreira. Você se arrepende daquilo?
Quem criou todo aquele episódio foi ele, que levou para a imprensa uma discussão ocorrida dentro de campo. Eu nunca conheci a mulher do Parreira, nem fui apresentada a ela. Chamei o cara de corno só por provocação, como já tinha feito com outros 600 adversários e como outros tantos 600 já haviam feito comigo. Só que ele perdeu a cabeça, me deu um soco na cara e saiu de campo dizendo que eu tinha desrespeitado a mulher dele.

Você continua provocando os adversários?
Muito pouco. Mas de vez em quando eu consigo tirar alguém do sério.

Você, Edílson, Sorato, Vampeta e Edmundo são exemplos de que é cada vez mais comum ter jogadores com mais 30 anos em posição de destaque em grandes clubes. O que mudou?
Os clubes viram que essa história de jogador DVD não funciona. É verdade, precisa ter a revelação, o cara que sabe fazer algumas jogadas de efeito e gols bonitos para o clube poder editar um vídeo bonitinho e vendê-lo a preço de ouro para o exterior. Mas só isso não dá. Casos como aquele do Santos, que foi campeã brasileiro em 2002 com uma porção de garotos, aparecem de 30 em 30 anos. Os melhores times são os que mesclam experiência e juventude. Na Europa, por exemplo, você vê o Cafu em plena atividade no Milan e o Belletti, que tem a minha idade, assinando contrato de três anos com o Chelsea. Somente agora os clubes brasileiros estão se tocando que jogador com mais de 30 não é velho.

Quer dizer que o preconceito acabou?
Não é bem assim. Eu mesmo passei por um momento complicado. Voltando de uma cirurgia, cinco meses parado, com mais 30, é complicado achar quem ainda aposte na gente. Para o Bahia me aceitar de novo treinei sem contrato, tive de fazer um teste de campo para provar que estava recuperado. E isso porque eles me conhecem.

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