De Daniel Dórea, no jornal A Tarde desta quinta-feira:
“Futebol na televisão do Bar do Ronaldo. Muita bebedeira, alegria e reações das mais típicas de torcedores. Até que chega o momento de êxtase: cerveja jogada para cima, gritaria, correria e o telefone da casa de Dona Lita não para de tocar até as duas da madrugada.
Sem dúvida, foi uma das noites mais agitadas da história da rua Rio Ave, no Bairro de São Marcos. Lá, cresceu o meia Vander, a grande estrela tricolor na goleada de terça-feira, por 4 a 0, sobre o Vila Nova-GO. O amigo de infância Juan Diego contou os detalhes da cena. Uma partida inesquecível para todos os vizinhos, familiares e chegados de Vander.
Na hora do gol dele foi uma emoção da zorra, empolgou-se o garoto de 20 anos, mesma idade da nova promessa do Esquadrão. Ele garante que também era um meia habilidoso e poderia ter seguido a carreira. Já me botou no banco, confirmou Vander. O problema foi que o pai não incentivou. Era alcoólatra e não quis pagar as despesas para eu treinar no Bahia, lamentou Juan.
O destino foi mais generoso com o filho de dona Lita e seu Zito, este apaixonado por futebol e, segundo os moradores, um dos melhores meias de São Marcos. Cheguei a pensar em parar há uns três anos. Não estava jogando e me sentia muito injustiçado, mas meu pai me deu muito apoio nessa hora, valorizou Vander.
Zito agradece o reconhecimento demonstrado pelo filho e não deixa de se gabar. Fui eu que ensinei tudo o que ele sabe de bola. Bem aqui nesse hall, afirmou, na laje de casa, simples como todas as outras do lugar. Mas a gente nunca deixou faltar nada pra Vander e a irmã (Aline, 24), ponderou a mãe.
Dona Lita é coruja ao extremo. Guarda tudo que já saiu do filho na imprensa e não perde um jogo que seja em Salvador ou nas imediações. Sofre com o fato de que em breve Vander vai se mudar para Lauro de Freitas.
Vou ter que ficar falando com ele pelo telefone, né?. O jogador explica que a mudança é para ficar mais perto do Fazendão. Ele já sofreu muito pegando ônibus para ir treinar.
Tinha de acordar seis horas da manhã para conseguir pegar um ônibus só. A viagem demorava umas duas horas. Hoje, ganhando seu dinheirinho (cerca de R$ 1,5 mil por mês), conseguiu comprar um carro (Corsa 2010). Mas ainda estou pagando, ressaltou, aos risos.
Durante a visita da reportagem, o telefone de Vander tocava a todo instante. Cansou de receber felicitações pela atuação. “Ele é querido demais. Um menino bom, elogiou o pai.
O bairro em peso quer Vander como titular do Bahia. Seu Zito lidera a campanha. Gosto muito do futebol de Ananias e Rogerinho, mas acho que Vander vai colocar todos eles no bolso. O garoto, meio sem graça pelo excesso de paparicagem, prefere a cautela: Renato Gaúcho sabe o que faz. Sou jovem e oportunidades não vão faltar.
Um menino de talento e palavra
Com orgulho, Paulinho exibe a primeira camisa que Vander usou como jogador profissional do Bahia, no Ba-Vi de ida da decisão do Estadual. Promessa antiga do jovem talento, que começou a ser lapidado na Escolinha de São Marcos.
Na época, era treinado por Paulinho, que hoje é coordenador das divisões de base do Ypiranga. Ele se encantou com Vander jogando bola na apertada rua Rio Ave e o levou para se juntar aos outros garotos.
Nunca joguei bola, mas Deus me deu esse dom de descobrir talentos, disse Paulinho, que sempre viu algo de especial em Vander. Todos que eu levava para treinar eram talentosos, mas ele realmente era uma peça diferenciada. E é um menino de palavra, sublinhou, ainda agradecido pela camisa.
Para comprovar o talento incomum de Vander, Paulinho lembra de um jogo em que o time da Escolinha perdia por 3 a 0. Ele olhou para mim e disse que eu podia ficar tranquilo que a gente ia virar. Aí, ele fez isso praticamente sozinho. Marcou quatro gols, dois de falta, um de pênalti e o outro parecido com o de ontem (terça). Ele finaliza a conversa enchendo o pupilode elogios: Tranquilo, ousado, com visão de jogo… O camisa 10 que o Bahia procurava”.”
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