É grande a expectativa em Feira de Santana com relação à programação esportiva desta noite no Estádio Municipal, não apenas em virtude da realização, pela primeira vez, do maior clássico do N/NE, como também pelo fato de que o Clube do Remo está invicto na temporada que realiza em gramados baianos. Os ingressos para a contenda estão à venda desde ontem, sendo muito boa a procura, até agora.
O texto acima é da edição de 2 de maio de 1967 do jornal A TARDE e diz respeito à estréia dos Ba-Vis na cidade que hoje abriga, a partir das 16h, o 414º duelo da história mais de 40 anos depois, pelo visto, pouca coisa mudou.
Noves fora o ganho de importância da partida, na época apenas uma preliminar para o Fluminense local enfrentar o então bicampeão paraense, em um torneio amistoso (leia mais no Replay abaixo), o clássico segue cercado de ansiedade, extremamente decisivo que é, e com boa parte dos 16.274 bilhetes disponíveis já adquiridos.
BATISMO Como aquele terminou empatado em 2 a 2, o de logo mais servirá como verdadeiro tira-teima a respeito dos Ba-Vis disputados em Feira. Outros dois aconteceram recentemente no município (ambos graças a interdições da Fonte Nova), e cada time venceu um.
No dia 5 de novembro de 2006, Leandro Domingues e Jorge Henrique marcaram, André Pastor diminuiu e o 2 a 1, válido pelo octogonal final da Série C, não só iniciou a reabilitação rubro-negra rumo ao acesso, como praticamente eliminou o tricolor.
No dia 24 de fevereiro de 2008, porém, Rogério conferiu de cabeça, dançou o créu e deixou o Esquadrão com oito pontos de vantagem sobre o arqui-rival. Um a zero sacramentado, transcorria-se, ali, a metade da fase de classificação do certame atual.
O Jóia já sediou uma série de jogos importantes. Além desses clássicos, Vasco, Flamengo e Palmeiras, por exemplo, também já passaram por aqui. Agora taí, pronto e bonito, esperando o Ba-Vi, fala José Fernandes, administrador da praça, que não sabe o recorde exato de público, mas garante que já deu até 25 mil. A redução da arquibancada foi após o Estatuto do Torcedor.
Segundo ele, a maior arena do interior baiano é um caso atípico de estádio cujo apelido veio antes mesmo de seu nome oficial. Quando o prefeito Almachio Boaventura lhe inaugurou, em 23 de abril de 1953, era conhecido apenas como o Municipal ou a jóia da Princesa do Sertão. Com gols do saudoso Mário Porto, a equipe do Bahia de Feira aplicou 2 a 0 no Galícia.
A homenagem para Alberto Sampaio de Oliveira só ocorreu depois da conquista do título estadual de 69 pelo Fluminense. Além de vereador e filho de deputado estadual, Oliveira era o presidente do Touro do Sertão.
Àquela altura, o local havia acabado de ganhar tribuna de honra, cabines de imprensa, setor coberto nas cadeiras numeradas e vestiários para a arbitragem, além de serviço de bar. As obras de ampliação começaram no governo de Joselito Amorim, mas somente se concluíram durante a administração de João Durval, entre 67 e 71.
GRAMADO Para os jogadores do Bahia, no entanto, o problema é o gramado. Ao longo de toda a competição, o elenco inteiro admitiu preferir as condições encontradas em Camaçari.
Mesmo assim, o goleiro Darci pondera: Por ser um jogo decisivo, tem que ser onde cabe mais gente. Na fase em que o campeonato está, a gente tem que superar todos essas questões. É gostoso jogar em Feira, o clima é bom. E imagino que o campo esteja melhor, porque já tem tempo sem nenhuma partida lá. Antes eram três times atuando direto.
Replay | 2 de maio de 1967
BAHIA 2 X 2 VITÓRIA
O marechal Costa e Silva, responsável pela edição do ditatorial AI-5, havia acabado de assumir a presidência da República. Em excursão aos Estados Unidos com o seu Cruzeiro, Tostão chegava a ser chamado de o segundo rei do futebol brasileiro. Manchetes dos jornais diziam que o pugilista Cassius Clay, já convertido ao Islã e tendo adotado o nome de Mohammed Ali, preferiria plantar trigo a levantar o moral dos soldados yankees aquartelados no Vietnã. E não cansavam de destacar os preparativos do então campeão Leônico com vistas ao próximo Estadual, que começaria no dia 21.
Domingo, o Santos de Pelé enfrentaria a seleção de Ilhéus, no Estádio Mário Pessoa, em partida comemorativa ao I Festival de Cerveja na Bahia.
Era noite de terça-feira e o tricolor abriria o placar com Canhoteiro, aos 34 minutos do primeiro tempo. Itamar empataria logo aos 5 do segundo, Marco usaria a cabeça para recolocar o Bahia na frente, mas Jorge Bassu, cobrando pênalti cometido por Pepeu, selaria o resultado do jogo apitado por Clinamute França, na preliminar de Flu de Feira 3×3 Remo, em um Jóia cuja renda registrou 12 mil cruzeiros novos. Tudo válido pelo Torneio Quadrangular, promovido por estudantes da Faculdade de Arquitetura.
Matéria publicada originalmente, por esse mesmo autor, na edição deste domingo 27/04/2008 do suplemento A Tarde Esporte Clube
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