O portal da ESPN publica nesta quinta-feira matéria do jornalista Marcus Alves, que trata da relação conturbada entre o Bahia e a direção da Arena Fonte Nova. Em seu texto, Alves destaca a falta de poder de decisão do clube em relação ao uso do estádio, destacando o recente fato de o Bahia ter que jogar em Pituaçu por conta de uma formatura universitária que alugou um espaço na arena.
Atualmente o Bahia recebe R$ 9 milhões anuais para poder atuar no antigo Octávio Mangabeira, no entanto a relação clube, torcida e administração do estádio está longe de ser pacífica. Desde o princípio, há queixas sobre os altos preços cobrados nos bares e estacionamento, mas principalmente as grandes filas formadas nos dias de jogos. A desilusão do torcedor é tão grande que muitos sentem falta da antiga Fonte Nova, com todos os seus problemas de infraestrutura, e do estádio de Pituaçu, menor e mais simples que a Arena.
A situação pode, então, provocar uma mudança na participação do clube no negócio. Confira o texto na íntegra:
“Preterido até mesmo por uma formatura do curso de Direito no último fim semana, o Bahia reavalia a sua relação com o consórcio Arena Fonte Nova e já cogita assumir o controle do estádio. A conversa entre as partes enfrenta turbulências e o clube não descarta a possibilidade de romper o atual acordo em abril, no momento em que o contrato for revisado.
A princípio, um dos empecilhos seria o compromisso assumido entre o convênio formado pelas construtoras OAS e Odebrecht e o Governo não permitindo a realização de partidas em Pituaçu, também em Salvador.
A restrição está presente em uma das cláusulas firmadas antes da Copa do Mundo.
“O Poder Concedente, ciente de que a maximização da realização de eventos, notadamente jogos de futebol, no Estádio da Fonte Nova é fundamental para viabilidade econômica de sua operação, compromete-se a envidar seus melhores esforços para que as partidas de futebol dos maiores clubes do Estado da Bahia, notadamente Esporte Clube Bahia e Esporte Clube Vitória sejam realizadas no Estádio da Fonte Nova. Para dar efetividade a essa Cláusula, fica desde já estabelecido que o Poder Concedente não permitirá a realização de jogos oficiais de futebol no Estádio de Pituaçu, salvo indisponibilidade justificada da Arena para a realização do respectivo evento”, diz um dos trechos do documento.
O Bahia acredita, no entanto, que a proibição poderia ser facilmente derrubada na Justiça. A diretoria tricolor assegura não ter sida consultada pelo Estado na assinatura e que, por isso, o acordo que se estende ao rival Vitória não seria “legítimo”.
Um dos episódios recentes que contribuiu ainda mais para o desgaste no relacionamento com a Fonte Nova foi a alteração de mando da equipe no fim de semana passado, contra o Jacobina, exatamente para Pituaçu. O palco do Mundial tinha marcada uma formatura de Direito na mesma data.
O Bahia trabalha com a projeção de assumir em “médio prazo” a operação da arena.
Os dirigentes analisam que faz mais sentido para o Governo estabelecer parceria com um representante local do que com uma concessionária, sob argumento de que, sem o clube, não existe estádio. O Estado é hoje obrigado a completar o rateio caso a meta anual de lucro estabelecida em contrato não seja atingida pelos administradores. Ainda assim, a perspectiva nesse momento é de que os dois lados alcancem um acordo até abril.
Eles voltarão a se reunir para discutir o assunto nesta quinta-feira.
Uma das cobranças do Bahia é por maior poder de decisão dentro da organização de seus jogos.
O relato de torcedores insatisfeitos com o serviço oferecido pelo consórcio é recorrente. Esse é um detalhe que preocupa a cúpula tricolor, que decidiu investir em seu programa de sócios nesta temporada e anunciou para isso a chegada de Jorge Avancini, um dos responsáveis por catapultar os associados no Inter para mais de 100 mil.
Em sua apresentação no Fazendão, o diretor destacou que o sucesso colorado só foi possível por conta do Beira Rio.
O Bahia recebe atualmente R$ 9 milhões por ano para atuar na Fonte Nova.”
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