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Bamor é a terceira torcida mais lembrada do Brasil

Notícia
Historico
Publicada em 6 de março de 2007 às 10:43 por Da Redação

De Adalício Neto, no jornal A Tarde desta terça-feira:

“Em tempos de confusões entre torcidas organizadas de Salvador, as boas notícias resistem. A torcida organizada Bamor foi a terceira mais lembrada pelo público ouvido na pesquisa da Ipsos Marplan no Dossiê Esporte, o mais completo trabalho realizado no País sobre a novo perfil do público esportivo nas nove principais capitais brasileiras.

A primeira colocação ficou com a Torcida Jovem, do Flamengo, e a segunda com a Gaviões da Fiel, do Corinthians. Para o presidente da Bamor, Jorge Santana, o fato mostra a força da torcida tricolor apesar do desconhecimento de fato tão importante para eles. “Eu nem sabia desses dados”, admite. “A nossa torcida nunca teve suas atividades paradas, como aconteceu com a Povão, está desde agosto de 78 e é a única que não nasceu de dissidência”, conta Santana. A Bamor foi registrada entre 96 e 97, depois de ele chegar à presidência.

VIOLÊNCIA – Quando se pensa em torcidas organizadas, as lembranças são das guerras em São Paulo, principal foco de violência.

Em 1995, os órgãos governamentais proibiram os símbolos das organizadas, suas faixas e bandeiras. Depois tentaram acabar de vez com elas.

Os acadêmicos que estudam essa relação de amor e ódio entre torcidas e seus comportamentos sociais dizem que São Paulo é outro país. Mas não se pode utilizar bandeiras também na capital baiana. Não fica por aí. Até mortes por conta da violência entre torcedores já foram registradas.

Os casos de violência que aconteceram no primeiro Ba-Vi do ano entre torcedores rivais e do mesmo time são isolados e não têm a ver com as torcidas, de acordo com o opinião de Jorge Santana. “Somos totalmente contra a violência, mas não tem como conter mil pessoas”, diz.

O ato de extravasar emoções e descarregar tensões após uma jornada dura de trabalho seria o mote que descambaria para os atos dignos de hooligans. “Acho justo o Ministério Público querer registrar os componentes das torcidas”, sugere Jorge.

GUERRILHA – Ele conta que a Bamor tem dois mil sócios, mas pretende fazer um recadastramento. Afirma que são mais de 20 mil torcedores cadastrados no Brasil.

Segundo ele, o que falta são punições efetivas. “As pessoas chegam ao estádio, brigam e não são punidas”, exemplifica um dos motivos dos atos violentos.

Para mostrar que as torcidas organizadas são contra ações violentas, Jorge quer fazer um sistema de arrecadação para doação a instituições de caridade. “Vamos criar um sistema na internet para doações de um a 10 reais”, diz.

A solução a favor da paz não é fácil. O próprio Jorge sabe disso e diz que vai se “afastar da torcida se essa violência não acabar em Salvador”.

Um fator que acaba por incitar os “arrastões” de torcedores e as confusões são alguns distritos. “Alguns estão fazendo camisas piratas da Bamor para cometer esses atos”, alega Jorge Santana.

A polícia está apurando se a hipótese se confirma ou a própria torcida incentiva a violência com cantos e atos de guerrilha urbana.

Extinção é a idéia para controlar distritos violentos

Acusações pra todo lado. É assim que tem sido com relação aos casos recentes de agressões físicas entre torcidas organizadas de times rivais. Cada torcida organizada se defende argumentando que não tem nenhuma responsabilidade nessas ações. Por conta disso, o pessoal da Bamor decidiu que em pouco tempo deverá diluir os seus distritos nos bairros.

Esses distritos funcionam como pontos do grupo nos bairros de Salvador. E cada região tem seus líderes. Isso tem sido um dos problemas. ”Todo mundo quer ser autônomo, e isso dividiu a torcida. Em vez de nos ajudar, acabou dificultando“, afirma o diretor da Bamor, Cristóvão Contreiras.

PIRATAS – Essa divisão da torcida acontece de várias formas. Uma delas é a entrada de torcedores não-membros da Bamor, mas que usam as camisas ”piratas“ que o presidente Jorge Santana afirma existirem.

Esse seria um dos argumentos de que a torcida não tem envolvimento com os atos violentos. ”Temos grupos separados, isso tem que acabar. Queremos a Bamor como ela sempre foi antes: uma só“, despista Contreiras.

Outra ação para inibir os atritos com os torcedores adversários é a proibição da presença de torcedores uniformizados nas imediações do galpão da Bamor, no Cabula. ”Lá as pessoas ficavam bebendo e acabavam procurando confusão“, diz Jorge Santana.

Agora, a bateria da torcida se encontra apenas uma vez na semana para ensaiar.

EMOÇÕES – Para Santana, é importante que a torcida faça sua parte para sua festa nos estádios sem brigas, bombas e confusões. E saber que os torcedores comuns dão valor à força da Bamor é gratificante.

”Eu fiquei emocionado ao ver torcedores do Bahia chorando só porque a Bamor voltou a ir aos estádios“, disse Santana.

Torcidas juntas por um motivo: a paz

Há seis anos, em uma entrevista para formandos da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o ex-jogador Bobô acreditava que a torcida baiana era exemplo para o Brasil.

Hoje, o discurso do atual diretor-geral da Superintendência de Desportos do Estado da Bahia mudou. “A situação está me preocupando. A característica de torcer sem violência, sem agressões, mudou”, comenta.

Ele, que disse ter sido a favor da punição imposta pelo Ministério Público para proibir faixas e bandeiras, dá o toque para a torcida mais lembrada da Bahia. “A Bamor tem que voltar a ser o incentivo do time”.

As torcidas organizadas do Bahia têm parcerias com outras torcidas do Brasil. Na sede da Bamor, é possível ver nas janelas símbolos e mascotes da Mancha Verde e Torcida Trovão Azul, do Confiança, por exemplo. No site de relacionamento orkut, é possível encontrar a imagem dos mascotes da Mancha e da Bamor abraçados. No mesmo desenho, vêem-se os escritos: Bamor e Mancha: uma união do mal.

Os distritos, que são como “filiais” da torcida tanto em Salvador quanto fora dela, já estão em outros Estados. Tem um ônibus vindo do Rio de Janeiro com o pessoal da Bamor de lá para o Ba-Vi do dia 11.

EXPERIÊNCIAS – O próprio presidente da Bamor tem ligação próxima com algumas torcidas. Durante a visita à sede da Galoucura, torcida do Atlético Mineiro, quinto lugar na pesquisa nacional, ele diz ter visto bons exemplos. Como a torcida ajudar um membro a estudar odontologia e este, em pagamento, tratar os colegas de graça. “As torcidas têm esse lado social, temos componentes que nem têm o que comer, pessoas que usam drogas. Tentamos tirar as pessoas desse caminho”, afirma Santana.

Mas os exemplos negativos das torcidas são deixados de lado, conforme Santana. A pesquisas da Ipsos Marplan indicam que o time e os jogos são objeto de identificação por conta dos símbolos do clube.

Cada torcida cria seus próprios símbolos. No caso da Bamor, o mascote é uma espécie do desenho do Tazmania da Warner Bros. O ícone deve ser mudado por conta dos direitos autorais.

Outros grupos que têm essas coligações com a Bamor são a Torcida Jovem do Galo, a Inferno Coral, do Santa Cruz, a Leões da TUF, do Fortaleza, a Mancha Azul, do CSA, e a Mancha Vermelha, do América do Rio Grande do Norte. Isso só para citar algumas.

A esperança que resta é que essas torcidas se unam por motivos que valham a pena, como o caso do dentista mineiro, e não como forma de proliferar a violência. O que é comum ver na internet, com as demonstrações de poder bélico.

– A torcida Bamor foi formada por ex-alunos do Colégio Marista em Salvador. Isso aconteceu no mês de agosto de 1978, mas registro oficial só veio na década de 90.

– Quem quiser ser filiado à Bamor pode procurar a diretoria da torcida no Edifício Hermida, localizado na Avenida Sete de Setembro, em frente à Praça da Piedade.

– A Bamor foi premiada pela revista esportiva Placar com um carro novo. Foi considerada a melhor torcida organizada do País no fim da década de 90.

– Presidente Santana afirma que deixa a Bamor se violência persistir. Ele comanda a torcida desde 1995, seis anos depois de ingressar como membro, em 1989.

– 20 mil torcedores são cadastrados pela Bamor em todo o Brasil, segundo a diretoria. É possível se cadastrar pelo site da torcida.

Os distritos são locais da torcida nos bairros
1º Distrito: Cabula e região
2º Distrito: Pituba, Amaralina, Nordeste de Amaralina e Rio Vermelho
3º Distrito: Subúrbio
4º Distrito:Castelo Branco
5º Distrito: Liberdade
6º Distrito:Centro
7º Distrito:Pernambués
8º Distrito: Cidade Baixa
9º Distrito:Brotas
10º Distrito:Fazenda Grande, Cajazeiras
14º Distrito:Itapuã, Stella Maris”

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