Há exatos doze anos o torcedor do Bahia certamente sentia a sua maior alegria desses últimos – e sofridos – tempos tricolores. Muito melhor do que quando a Seleção conquistou o tetra na Copa dos Estados Unidos (semanas antes), aquele título sobre o arqui-rival definitivamente entrou para a história.
Não seria exagero dizer que teve quem não suportasse tamanha emoção. O dia 7 de agosto de 1994, um domingo de sol, provavelmente registrou um recorde de taquicardias em Salvador. De ambos os lados: enquanto os rubro-negros, inconformados, eram só decepção, os tricolores explodiam de felicidade. Tudo por conta de um instante mágico, aos 46 do 2º tempo, numa Fonte Nova superlotada.
Não tinha espaço para ninguém. O aperto era incrivelmente geral. Era gente no colo dos outros, gente agachada, gente que só via as costas dos companheiros de arquibancada, gente que no máximo enxergava um dos lados do campo. O público que saiu no borderô chegou a parecer pequeno.
Finalíssima do Estadual. O Bahia jogava pelo empate para conquistar o bicampeonato. O Vitória (cheio de pose pelo vice brasileiro na temporada anterior), com um gol do atacante Dão, aos 44 da etapa inicial, vencia e sua torcida já comemorava, tripudiando sobre a Nação Tricolor. Mas quis o destino, a mística do Esquadrão de Aço ou os deuses do futebol que a festa mudasse de lado.
Para se ter idéia, o protagonista do tento histórico só entrou no intervalo. E nada dava certo ao Bahia. O tempo ia passando e a partida seguia amarrada, truncada, com inúmeras paralisações. No último segundo, contudo, já nos acréscimos, eis que acontece a eternizada jogada.
O goleiro Jean (hoje na Ponte Preta) chuta para frente, “NBA” (o zagueirão Advaldo) cabeceia, a bola quica e sobra para o volante Souza, que dá outro toque de cabeça. Ela segue em direção justamente ao atacante Raudinei que, de dentro da área, pega de primeira e manda no canto direito do arqueiro Roger, estufando as redes.
A partir daí, é indescrítivel falar o que ocorreu. Cada um dos presentes no Octávio Mangabeira deve ter um relato mais emocionante que o outro para contar. Assiste ao vídeo do lance, clique aqui!
BAHIA: Jean, Odemilson, Missinho, Advaldo e Serginho; Maciel (Raudinei), Souza, Uéslei e Paulo Emílio; Zé Roberto (Naldinho) e Marcelo Ramos. Técnico: Joel Santana.
VITÓRIA: Roger, Rodrigo, João Marcelo (Gelson), China e Roberto; Dourado, Giuliano e Ramón; Alex Alves, Dão e Pichetti (Fabinho). Técnico: Sérgio Ramirez.
Árbitro: Márcio Rezende de Freitas (FIFA-MG), assistido pelos baianos Raimundo Nascimento e Wilson Paim
Renda: R$ 240.730,00
Público: 97.200 pagantes
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