Enquanto o atacante Jobson já foi até suspenso em seu retorno ao Botafogo, outro jogador “problemático” que defendeu o Bahia no último Brasileirão está de volta ao noticiário. Trata-se do meia Carlos Alberto, de péssima passagem pelo Fazendão na temporada passada e que vai finalmente reaparecer nos gramados depois de cinco meses, reintegrado ao elenco do Vasco.
Em entrevista publicada neste sábado pela jornalista Marluci Martins, do carioca Extra, o jogador admite que teve um 2011 ruim, chega a se comparar a uma nota de R$ 100 e afirma que a fama de “chinelinho” seria “um dos maiores absurdos do futebol”. Confira o papo inteiro:
“Carlos Alberto ainda era adolescente quando o pai, iluminador da TV Globo, dava duro nos bastidores da novela “Torre de Babel”. Já famoso, sua vida imitou o sugestivo título da trama: por mais de um ano, CA não falou a mesma língua do presidente Roberto Dinamite. Neste domingo é dia de voltar a vestir a camisa do Vasco. Um novo capítulo, em busca do final feliz.
Vai mudar o penteado nessa retomada da carreira?
Rodolfo (zagueiro da equipe) quer raspar minha cabeça. Penso em ficar carequinha em breve. Esse cabelo me dá trabalho. Mas, por enquanto, só vou tirar a barba.
Como está a expectativa?
Minha última partida foi no dia 27 de novembro (pelo Bahia) e, agora, estou numa ansiedade gostosa. Senti saudade até da concentração, da resenha, do jogo de baralho. Havia um vazio em mim.
E se fizer um gol?
Primeiro, quero viver cada emoção: concentração, ônibus, estádio… Um gol seria um passo maior do que o que posso dar agora. Quero que o time ganhe e se classifique.
Que análise faz de 2011, quando marcou dois gols?
Sou sincero. Não tenho vergonha de dizer que foi um ano ruim na carreira. Agora, pedi para usar a camisa 84, ano do meu nascimento. É como se fosse o meu renascimento. Tenho que trabalhar e ter paciência, porque não é de uma hora para outra que vou dar uma ordem ao meu corpo e ele vai obedecer.
Como foi a conversa de reconciliação com Dinamite?
Fiquei receoso, nervoso. Ele foi nobre por me receber. Olhei nos olhos dele para que enxergasse seriedade em mim. Ele me abraçou de forma amistosa e verdadeira.
Por que custaram tanto a fazer as pazes?
Não sabia como chegar nele. Ficava pensando no que falar, e não saía nada. Minha família me cobrava. Meus pais perguntavam quando eu resolveria o problema e voltaria a jogar. Eles sofreram.
Por que você é brigão?
Sabe uma nota de cem? Por mais que você pise nela, continuará tendo seu valor. Essas críticas não me afetam. Como alguém pode falar do meu caráter sem me conhecer como pai e filho? Diz pra mim, com quem eu briguei?
Com o Leão, por exemplo.
Só briguei com santo, né (risos)? Se fui pavio curto, já melhorei. A imagem dessa discussão com o Leão foi forte, impactante. De vez em quando, posso explodir, mas me arrependo depois. Em 2009, telefonei pra ele. Falei: “Leão? Antes de o senhor desligar, eu queria dizer que estou ao lado do Dorival Júnior…” Pedi perdão. Naquele dia, eu estava bem Dalai Lama (risos), paz e amor total.
Foi o Dorival que te aconselhou a ligar?
Foi. Sinto saudade dele. Gosto de conversar com quem tem cabelo branco e me faz pensar. Segui o conselho, e sabe o que Leão me falou? “Se dependesse de mim, nem que meu dedo caísse eu ia te ligar, Carlos Alberto. Mas não carregue uma culpa maior do que merece”. Eu estava mal. Tinha desrespeitado um pai de família publicamente.
Da discussão com Dinamite, que lição você tirou?
Não se fala nada em vestiário depois de jogo. Eu deveria ter ficado calado. Não falo mais. Mas, sabe o que houve? O time não vencia, eu era o capitão e tudo vinha em cima de mim. Agora, é diferente. Esse grupo tem o Juninho, um cara como eu, que interage… Aquele grupo era legal, mas com o atual é mais fácil dividir tarefas.
Já fez análise?
Se não buscasse ajuda, deixava me levar pelo desânimo. Nessa minha volta ao Vasco, procurei a Maria Helena (psicóloga do Vasco) para fazer uma terapia com ela. É uma coisa que todo atleta deveria fazer. A terapia me ajuda a extravasar e a controlar a ansiedade. Fiz pela primeira vez no Fluminense, aos 20 anos. Está me fazendo muito bem.
Como foi seu astral durante o afastamento?
Sabe aquele pufe, que fica na sala? Virei um pufe. Era um inútil, que não fazia nada. As pessoas me veem assim, tatuadão, cheio de tranças, e pensam que sou marrento. Mas sou tranquilo e, se há alguma confusão, você nem escuta o meu nome. Se escutar, pode ter certeza de que minha mulher pega meus filhos e some. Mas, no dia em que aparecer um homem grávido, vão dizer que fui eu (risos). Botam tudo na minha conta!
E a fama de “chinelinho”?
É um dos maiores absurdos do futebol. Dedé, machucado, é quem passa mais tempo no clube. Ele trabalha em dois períodos. Não pode correr? Então, malha braço. Sei como é o sofrimento por lesão. Não brincaria com isso e não desejo a atleta nenhum.
Pensa em sair do Brasil?
Tenho filho pequeno (Lucca, 1 ano). E até junho nasce o segundo (Davi). Quando era cigano, ia pra qualquer canto. Aproveitei cedo. Com família, é diferente. Quero me manter o maior tempo possível no Vasco, não pelas minhas palavras e, sim, por merecimento.
Você sustenta seus pais?
Eu morava em Caxias, meu pai era técnico de iluminação da Globo e lá em casa sempre tinha cinzeiro, toalha da novela (risos)… Minha mãe, dona de casa, vendia calcinha e sacolé. São minhas paixões. Eles são meus pardaizinhos e tenho que lhes dar água. Se faltar uma gotinha, reclamam pra caramba (risos).
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