Com a ilustre presença de Pelé, a CBF oficializou nesta quarta-feira, em uma cerimônia no Rio de Janeiro, os títulos da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa como conquistas nacionais, os equiparando ao Campeonato Brasileiro. Com essa decisão, Santos e Palmeiras passam a ser os detentores do maior número de títulos brasileiros – oito cada -, superando São Paulo e Flamengo, que têm seis (considerado o título da Copa União de 1987 para o clube carioca). Bahia, Botafogo, Cruzeiro e Fluminense passam a ter mais um título a mais no currículo.
O grande homenageado do evento foi Pelé. O Rei do Futebol virou hexacampeão brasileiro, superando Andrade e Zinho, que possuem cinco nacionais, e se tornou o principal recordista de títulos. Além de Pelé, o atacante Pepe e o volante Lima também participaram das seis campanhas do Santos.
– Fico feliz de estar aqui em nome de todos aqueles que passaram naquela época. Dos presidentes aos roupeiros, que limpavam as nossas chuteiras, é uma honra, uma alegria muito grande eu estar aqui representante a todos que fizeram isso ser possível. E espero que a garotada de agora, os jovens de agora, reconheçam esses títulos. A gente tratava aquelas competições como títulos nacionais – disse Pelé.
Pelé recebeu as seis medalhas de campeão pelos títulos do Santos nos anos de 1961, 1962, 1963, 1964, 1965 e 1968. Emocionado, o Rei criou uma nova versão para o hino do Peixe.
– Oficialmente não, verdadeiramente (octacampeões brasileiros), vamos falar assim. Para todos os santistas (cantando): “Agora quem dá bola é o Santos, o Santos é oficialmente campeão”. Acho que era merecido esse reconhecimento. Agradeço a Deus por estar aqui, representando não só aqueles jogadores, mas os que já se foram. O Santos viajou o mundo, peregrinamos o mundo levando o nome do Santos. Todos (os títulos) foram muito difíceis. O Santos teve uma fase muito boa. Depois teve os campeonatos mundiais também, calamos a torcida do Boca (Juniors), na Argentina. Podemos pegar todas essas épocas e dizer que fomos heróis. Não tinha a mídia de hoje. Hoje, um jogador faz um gol e logo aparece. Que isso venha servir de exemplo para os jovens de hoje – disse Pelé.
Representantes dos seis clubes que passaram a ter mais títulos nacionais com a decisão da CBF também participaram da cerimônia, assim como o presidente de honra da Fifa, João Havelange.
– Reconhecer o passado é respeitar aqueles que fizeram a nossa história – disse João Havelange.
A decisão da CBF de unificar os títulos brasileiros se baseou em um dossiê produzido pelo jornalista e pesquisador Odir Cunha, que há dois anos, a pedido dos seis clubes interessados, aceitou o desafio de iniciar um estudo para buscar o reconhecimento dos vencedores da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa como campeões nacionais.
– Fui procurado com uma vasta documentação em que os clubes pediam o reconhecimento dos campeonatos de 1959 a 1970. A CBF está tomando uma decisão história na medida que reconhece um passado de ouro do futebol brasileiro. Por isso como presidente da CBF tenho o orgulho de parabenizar os jogadores e torcedores de Santos, Palmeiras, Botafogo, Fluminense, Bahia e Cruzeiro pelas conquistas – disse Ricardo Teixeira.
A CBF vai entregar 20 medalhas para cada clube vencedor distribuir para os jogadores que participaram das campanhas do título nacional.
O Santos é o maior beneficiado com a posição da CBF e passa a ter reconhecidos como títulos nacionais cinco triunfos na Taça Brasil, disputada de 1959 a 1968, e um no Robertão, também chamado de Taça de Prata (realizado de 1967 a 70). O Palmeiras, com mais quatro títulos incorporados (dois de cada competição), também se torna octacampeão. Em 1967, o Alviverde venceu as duas competições. Com a decisão, o Bahia passar a ser considerado oficialmente o primeiro campeão brasileiro, mérito que pertencia até então ao Atlético-MG, vencedor do Campeonato Brasileiro de 1971.
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