Ele gosta tanto do esporte, que compôs uma música intitulada “O Futebol” e criou um time, o Polytheama, que sedia as suas partidas no estádio Vinícius de Moraes. Famoso torcedor do Fluminense, Chico Buarque mostrou simpatia por outro Tricolor, o baiano, no primeiro dia de apresentações de sua nova turnê em Salvador. A matéria abaixo, escrita pelo jornalista Marcos Casé, encontra-se na edição deste sábado do “Caderno 2” de A Tarde:
“Mesmo com ingressos esgotados para hoje e amanhã vale reforçar. Não perca a oportunidade rara de assistir ao show Carioca, de Chico Buarque, na sala principal do Teatro Castro Alves. São 33 músicas em 1 hora e 50 minutos de apresentação, em um cenário simples, mas cativante e que interage com simpatia com a iluminação.
Claro que muitos podem reclamar da ausência de canções eternas como A Banda, Construção, Anos Dourados, Baioque, Beatriz, Cotidiano, Ela Desatinou, Sem Fantasia, Vai Passar e tantas outras. Mas é certo que em um universo de três dezenas de canções, nenhum fã vá concordar com um repertório único.
No palco, Chico é tímido, mas o domina como poucos. Quase não conversa, vai emendando música atrás de música e conquistando o público devagar. O boa noite mesmo ele só dá na quarta canção e o único momento em que conversa com a platéia é para quebrar a sua timidez fazendo piada de si próprio, como um bom trovador. No restante a voz é dedicada às composições e a homenagens aos instrumentistas que o acompanham.
Um desses momentos é ponto alto da apresentação. Ele chama para frente o baterista e amigo de mais duas décadas Wilson das Neves e faz dueto parceria Grande Hotel, que o baterista gravou em disco solo.
A apresentação tem narrativa milimétrica. Concebida quase como um concerto na concepção minimalista, com ótimos arranjos, execução e articulação do repertório. O show é conduzido como uma história, com canções que puxam canções (como se saíssem uma de dentro da outra) sejam por associações temáticas, melódicas ou de palavras.
Não fosse um show de Chico Buarque com ardorosas fãs gritando eu te amo e lindo vez por outra, o clima poderia ser frio, já que as novas canções não são cantadas pelo público, com a exceção de Ela Faz Cinema.
Mas a empolgação volta nas mais antigas. Tem coro em Futuros Amantes, Morena de Angola, Bye Bye Brasil, Eu Te Amo e nos sambas Sem Compromisso, Deixe a Menina e Quem te Viu, Quem te Vê. Na seqüência de O Grande Circo Místico (com A História de Lily Braun e A Bela e a Fera), as luzes fazem do palco uma boate.
Destaque para o encerramento com João e Maria, que acaba funcionando como delicada homenagem a Sivuca, parceiro de Chico na música, morto recentemente. Melhor que isso, só sair de cena aplaudido de pé rodando no alto uma camisa do Bahia, presenteada por um fã”.
comentários
Aviso: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ecbahia.com.
É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral, os bons costumes ou direitos de terceiros.
O ecbahia.com poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios
impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.