Cirurgião de Cléber não descarta nova operação

De Fábio Pacheco, especial de Natal, para o jornal A Tarde:

“É estável o quadro clínico do meia Cléberson Luciano Florich, do Bahia, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), na última segunda-feira, em Natal. Segundo o médico neurocirurgião Luciano Araújo, do Natal Hospital Center, a cirurgia de craniotomia removeu 80% do coagulo e o cérebro do jogador está reagindo, com tempo circulatório normal.

No início da tarde de ontem, Cléber foi submetido a um exame de angiografia que constatou a causa do aneurisma. De acordo com Araújo, o jogador sofre de um defeito congênito, denominado de MAV (malformação arteriovenosa).

“O exame, uma espécie de cateterismo do cérebro, diagnosticou um problema congênito que não tem nada a ver com esforço físico e que geralmente rompe durante o sono”, explicou o neurocirurgião.

SEDADO – Também foi realizado um exame de tomografia que acusou uma redução de 80% do coágulo. “A cirurgia foi um sucesso, e a tomografia mostrou que 80% do coágulo, no lado direito do cérebro, foi retirado. O quadro dele é estável, com tempo circulatório normal e hoje ele abriu os olhos, mostrando que o cérebro está reagindo”, disse o médico potiguar, que vem mantendo o atleta apenas sedado e não em coma induzido, como havia sido divulgado.

O doutor Luciano Araújo vai instalar ainda hoje um aparelho para monitoramento da pressão intracraniana. Segundo o médico, não está descartada a possibilidade de nova cirurgia, caso a pressão aumente.

“Estamos tratando clinicamente o paciente, e, se o edema não ceder, não está descartada uma cirurgia de descompressão, com a retirada do osso do crânio para que ocorra a dilatação do cérebro”, avisou.

Não há previsão de alta hospitalar e nem das seqüelas que o AVC poderá causar ao atleta. O médico do Bahia, Luiz Sapucaia, e o supervisor Roberto Passos estão acompanhando o jogador em Natal.

PAI EM NATAL – Na madrugada de ontem, o pai de Cléber, seu Paulo, veio fazer companhia ao filho. Bastante abatido, ele acredita na franca recuperação do filho.

Segundo seu Paulo, a família jamais apresentou outro parente com quadro problemático na região cerebral. “Pelo menos que eu saiba, não teve ninguém na família que apresentasse este tipo de enfermidade”, falou.

Quanto ao filho, seu Paulo disse que “jamais Cléber se queixou de dores de cabeça” ou apresentou sintomas que viessem a imaginar que um dia o jogador gaúcho sofreria um AVC.

O neurocirurgião elogiou o procedimento do médico baiano. Se não fossem os primeiros socorros, de respiração boca a boca, a massagem cardíaca e a remoção rápida, no momento do AVC, Cléber chegaria ao hospital com morte cerebral.

“O jogador deu entrada no hospital com a escala de coma no nível 4, ou seja, na iminência de falecimento. Mas o médico do Bahia foi preciso no diagnóstico e nos primeiros socorros, salvando a vida do atleta. Mais 20 minutos, o jogador iria a óbito”, encerrou o neurocirurgião”.

Reunião | Antes do treino, no Fazendão, o diretor médico do Bahia, Marcos Lopes, reuniu comissão técnica e atletas para detalhar o estado de Cléber. Ele valorizou a presença de Alison no quarto e lembrou que, na última estada do Bahia em Natal, o beque dormiu com a família e Cléber ficou sozinho.

“Na reunião, Marcos Lopes nos tranqüilizou. Pensaremos muito nele durante o jogo” |
Emerson Cris, capitão do Bahia, sobre Cléber.

Homenagem | A dedicatória na faixa de campeão ao meia Cléber é o que os jogadores esperam fazer no final da Série C, mas, por enquanto, eles encontram outra forma de lembrar o companheiro. No jogo contra o Barras, eles devem entrar com camisas e uma faixa com os dizeres: “Cléber, estamos com você”.

Cartões | O Natal Hospital Center, onde Cléber está internado, disponibiliza serviço de envio de cartão para pacientes. Quem quiser mandar mensagens de apoio para o jogador, basta entrar no site do hospital – www.nhc.com.br –, ir para a seção de cartões e preencher os dados exigidos.