Da jornalista Marluci Martins, para a coluna “Os bastidores do futebol e do esporte”, do jornal carioca Extra:
“Não é preciso ser surdo, mudo, especialista ou pessimista. Dá pra ler, nos lábios de Júlio Baptista, o que não ficou tão claro há quatro anos, quando o mundo teve a nítida impressão de que, num Flamengo x Grêmio, Bergson orientou seu companheiro Douglas Costa a não chutar mais a gol. Concluiu-se que o Tricolor estaria prejudicando o rival Internacional, até então na briga pelo título que acabaria na Gávea.
Assim como, sem abrir a boca para mencionar qualquer sílaba, o goleiro Felipe, então no Corinthians, já tinha virado polêmica naquele mesmo ano de 2009, por não se mexer para tentar defender um pênalti cobrado por Léo Moura. Vitória do Flamengo, para tristeza de São Paulo e Palmeiras.
No caso de Júlio Baptista, a leitura labial é categórica como uma goleada. Ele “encomenda” um gol. Em sua defesa, questiona-se apenas a interpretação da frase. Estava discutindo? Provocando? Irritado, talvez? Mas, até nesse caso, a imagem entrega. Júlio olha para os lados e nitidamente disfarça, como quem se envergonha de seu próprio lapso de moralidade no Vasco x Cruzeiro de 38.654 torcedores.
Há quem ache decente. Assim como há quem se sensibilize com a paixão de Dedé pelo Vasco que, de tão arrebatadora, impediu-o de entrar em campo para cumprir seu dever profissional.
Seria como um jornalista recusar-se a furar a empresa na qual trabalhou durante anos, sabotando (ou desprezando) o reconhecimento do novo patrão que ofereceu-lhe um salário melhor. Sonegação maior não há.
A vida às vezes imita a bola. Fico com a ética e os bons costumes.”
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