Confira abaixo a íntegra da entrevista que o jornal Correio da Bahia realizou com o presidente Marcelo de Oliveira Guimarães, cujo mandato vai até julho de 2005. O “ping-pong”, como o próprio periódico denomina, foi publicado na edição desta quarta-feira, dia 10 de dezembro.
CORREIO DA BAHIA – Como está a cabeça do presidente do Bahia com o time nessa situação crítica no Brasileirão 2003?
Marcelo Guimarães – A cabeça está sob pressão. Tenho muita responsabilidade e é muito difícil ver o time nessa situação, principalmente porque, além de dirigente, sou também um torcedor apaixonado.
CB – Na sua opinião, o que levou o Bahia a tal ponto?
MG – Uma série de circunstâncias. Desde o ano passado, ocorreram muitos erros e tudo chegou a um estado de coisas que tive de fazer várias intervenções no departamento de futebol. Só este ano foram 18 contratações e 11 dispensas.
CB – Quem foram os culpados pelos erros nas contratações?
MG – Os erros foram de todos. Eu tenho que assumir o maior fardo, porque, como presidente, sou o maior responsável pelo fracasso. Entretanto, não foi só eu.
CB – Dos reforços trazidos pelo Bahia, qual foi o jogador que mais lhe decepcionou?
MG – O pior de todos foi o Adriano, que chegou aqui com muita fama e deixou a desejar. De Paulo Sérgio, também esperava muito, mas infelizmente ele não deu sorte por aqui.
CB – Por que o Bahia trocou tanto de técnico?
MG – Por vários motivos. Começamos com Candinho, que foi péssimo, depois Bobô não suportou a pressão. Trouxemos Evaristo, um treinador consagrado, porém o time começou a cair e tivemos que mudar de novo após aquela goleada no Maracanã. O Lula Pereira saiu por causa da instabilidade dele: chegou a entregar o cargo duas vezes e se abatia muito na hora da derrota.
CB – Aquelas dispensas feitas por Edinho não foram precipitadas? O time ficou inclusive sem reserva para a lateral-esquerda.
MG – Edinho, quando assumiu, me chamou e disse que havia cinco jogadores que ele não queria no grupo, porque não tinham compromisso com o clube. As dispensas foram de inteira responsabilidade dele e nós só apoiamos.
CB – Entretanto, o Bahia ficou sem reservas. Contra o Criciúma, Cícero teve que ser improvisado no lugar de Chiquinho.
MG – Sinceramente, você acha que Lino jogaria melhor do que Cícero na lateral-esquerda domingo? Trouxe Lino e ele não adiantou nada. Por isso, foi liberado. Pode ter certeza que Cícero jogou muito melhor do que ele jogaria se ainda estivesse no Bahia.
CB – Como tem sido a conversa do presidente do Bahia com os jogadores nesse momento delicado da equipe?
MG – Tenho conversado muito com o grupo e posso afirmar que aqui ninguém jogou a toalha. Demos azar em vários jogos e poderemos ter melhor sorte na reta final, contra o Cruzeiro. Tudo pode acontecer.
CB – O que você tem falado aos jogadores?
MG – Sempre procuro jogar a conversa para cima. Procuro dar moral ao grupo. Mostro confiança. Digo que ainda há esperança e vamos entrar para ganhar do Cruzeiro, porque primeiro temos que fazer a nossa parte.
CB – Está sendo tomada alguma providência, através da FBF, para a indicação do árbitro?
MG – Já conversei com Ednaldo e pedi para que ele solicitasse a indicação de um juiz da Fifa para apitar essa partida contra o Cruzeiro. Não quero ninguém desconhecido para atrapalhar o Bahia na Fonte Nova.
CB – Nos outros jogos, o que você vai fazer? Não vai ter bicho para os adversários vencerem os concorrentes diretos do Bahia?
MG – Já disse que não vou pagar a ninguém para vencer. Sou contra a famosa mala-preta. Já pedi para Ednaldo também solicitar árbitros da Fifa para os jogos de todos os times que estão envolvidos na zona de rebaixamento.
CB – Com seus companheiros do Grupo dos 13, você conversou alguma coisa?
MG – Nos últimos dias não, mas sei que todos estão preocupados, principalmente Fábio Koff, porque o Grêmio também está ameaçado. Apesar de tudo, estamos confiantes e não podemos perder a esperança.
CB – O Fortaleza vai pagar prêmio especial de R$300 mil aos jogadores para vencerem a Ponte Preta. O Bahia dará algum bicho para continuar na primeira divisão?
MG – Claro que não. Ganhar é obrigação dos nossos jogadores. A gratificação que temos está estipulada desde o início do campeonato.
CB – Você tem conversado com alguns jogadores em particular, principalmente com os líderes da equipe?
MG – Sim. Diariamente estou no Fazendão e tenho procurado tranqüilizar o grupo. Ultimamente tenho falado muito com Otacílio, Marcelo Souza, Didi e Preto, que são os mais experientes do grupo, mostrando a situação em que o time se encontra e fazendo ver a eles que ainda acreditamos na permanência da equipe na primeira divisão. Passamos muito confiança para todos.
CB – Fora de campo, o que está sendo feito para o Bahia não descer para a segundona?
MG – Muitas promessas dos baianos. Como disse antes, sei que todos os terreiros de Salvador vão bater para ajudar o time. Não é à-toa que a Bahia é de todos os santos. Eu tenho muita fé. Sei de amigos que estão prometendo ir ao Bonfim acender vela etc e tal. Eu vou ao Bonfim antes do jogo e depois da partida. Se o Bahia ficar na primeira divisão, pretendo ir agradecer também.
CB – Como é viver aquele sufoco do final do Brasileiro do ano passado mais uma vez?
MG – O amor pelo Bahia supera tudo. Por mais problemas e a tensão que tudo isso possa provocar. Acho que passar por tudo que estou passando é uma missão, mas tenho a consciência tranqüila de que procurei fazer o melhor. Hoje o Bahia é o clube que tem uma grande estrutura e não merecia passar por tal drama. Isto é uma provação.
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