Confira o e-mail que recebemos de Virgílio Elísio

Na tarde desta quinta-feira, o ecbahia.com.br foi um dos veículos de comunicação da cidade que recebeu uma mensagem eletrônica do Diretor Técnico da CBF, Virgílio Elísio da Costa Neto. Segundo ele, “depois de tanta desinformação local sobre o assunto – além de casos localizados de absoluta má fé – , achei que o público poderia conhecer um pouco melhor como uma montagem de tabela funciona. Daí ter produzido esse artigo, que submeto a vocês para uma eventual publicação”. Veja a íntegra o texto:

“A TABELA DA SÉRIE B E SUAS COMPLEXIDADES

No passado, antes da era da TV no futebol, as tabelas eram elaboradas pelas entidades organizadoras dos campeonatos, considerando tão somente os seus aspectos técnicos. Hoje, quando a TV representa o parceiro mais importante do futebol profissional, correspondendo, em muitos casos, a mais de 60% das receitas orçadas pelos clubes brasileiros, o seu papel passa a incluir, como condição contratual, uma importante ação coadjuvante na formatação final da tabela. A CBF, no nosso caso, elabora a tabela, considerando os aspectos técnicos da sua estruturação; a TV, em cima dessa tabela, faz a escolha dos jogos que pretende transmitir, o que inclui o desdobramento de rodadas, como jogos distribuídos entre domingos e sábados, por exemplo.

Agora vamos ao caso concreto da finalização da tabela da Série B: O Departamento Técnico da CBF preparou a chamada tabela básica, com todos os jogos marcados (provisoriamente) para dias de sábado, às 16:00 horas. Sobre essa tabela, a TV fez as suas escolhas, promovendo os desdobramentos das rodadas, ou seja selecionando jogos para terças e sextas (sempre às 20:30 horas), mantendo outros tantos nos sábados (16:00 horas) e colocando um jogo no domingo.

Quando falamos em TV, na série B, estamos tratando, na verdade, de quatro organizações de TV: a TV Globo, a Sportv, a Première (os canais de pay-per-view) e ainda a Rede TV, que está entrando este ano, via FBA.

Dentro desse quadro, como novidade do campeonato desse ano, sempre a TV Globo tem um jogo para transmissão direta aos domingos, às 16:00 horas, com foco regional (ex.: Guarani x Bahia, em 01/05, com transmissão para a Bahia). Já a Rede TV, em consórcio com a FBA, faz a escolha de um jogo para transmissão aberta, em rede nacional, aos sábados, às 16:00 horas. Por sua vez, a Sportv – emissora de TV de canal fechado, mas com toda uma grade de programação normal, como uma TV aberta – identifica os jogos que pretende transmitir em sua programação, normalmente dois jogos nas terças e dois jogos nas sextas, sempre às 20:30 horas. Finalmente a Première (ppv) fica com os jogos dos sábados, às 16:00 horas, embora tendo liberdade de fazer também jogos escolhidos pela Sportv.

Todo esse processo de escolhas retrata os interesses contratuais – e portanto legítimos – das emissoras de televisão. É evidente que a CBF participa desse processo, muitas vezes promovendo ajustes, avaliando solicitações da TV (negando-as, algumas vezes), discutindo alternativas, e mesmo dando a palavra final em determinadas situações, ainda que buscando sempre um entendimento harmônico com a TV. Como ocorre agora, no episódio da reprogramação de diversos jogos, inclusive na Série A, objetivando posições de melhor bilheteria para clubes que têm demonstrado maior força de torcida, como é o exemplo de Bahia e Vitória. Houve todo um esforço conjunto da CBF com a TV, para que modificações pudessem ser feitas e alguma melhoria fosse alcançada, nas duas séries.

Vejam a comparação entre Bahia e São Raimundo, por exemplo: o clube amazonense faz oito jogos em sábados porque está livre para jogar aos sábados, já que a TV não escolheu nenhum desses jogos, ficando tão somente com dois jogos noturnos desse clube; já o tricolor baiano teve 100 % dos seus jogos escolhidos pela TV, originalmente sete jogos noturnos escolhidos pela Sportv, contra três sábados e um domingo (agora, na revisão, cuja negociação com a TV iniciamos logo após a publicação anterior, em 22/02, o Bahia fica com cinco jogos noturnos e seis em fins de semana; o Vitória também) . Motivo? A óbvia atratividade do Bahia como puxador de vendas na TV, provocando o interesse de todas as organizações de TV mencionadas, mas cada uma tendo a sua grade de programação e , portanto, os seus dias e horários.

Colocado esse quadro, esperamos que os nossos desportistas, sejam dirigentes, imprensa ou torcedores, possam entender melhor como funciona esse mecanismo que vem a ser o detalhamento das tabelas das nossas competições nacionais, como a da Série B, no caso em particular”.

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