O “pingue-pongue” abaixo foi concedido ao repórter Eduardo Rocha e publicado na edição do último sábado do jornal Correio da Bahia. Não perca:
Como você chegou ao Bahia?
Danilo Rios Sou de Serrolândia e passei numa peneira por lá mesmo, onde o pessoal do Bahia foi avaliar jogadores. Cheguei com 12 anos ao Fazendão.
Quem era o observador na época?
O olheiro na época era o professor Carlos Anunciação (Carlão, atualmente responsável pelas divisões de base do Vitória).
Você passou por quase todas as categorias de base do Bahia até chegar ao juvenil. Mas a passagem pelo júnior foi relâmpago…
Joguei pelo juvenil, fui chamado para a Copa São Paulo e depois subi direto para o profissional. Não disputei quase nada pelo júnior. Eu sei que queimei uma etapa, mas me sentia preparado na época. Infelizmente, o Bahia não estava numa situação boa e isso fez com que eu não tivesse meu melhor aproveitamento.
Depois da Copa São Paulo do ano passado, nove jogadores subiram ao profissional. Só você, Rafael Bastos, Ávine e Marcone permanecem no clube. Essa coisa de chegar para resolver queimou alguns companheiros?
Acho que principalmente porque o time não foi bem no ano passado. Todos os jogadores que subiram tinham muita qualidade. Nossos juniores na época conquistaram o Campeonato Baiano e outros títulos. Fizemos uma bela campanha na Copa São Paulo. Isso é prova de qualidade. Eu acho que a campanha ruim do Bahia no ano passado atrapalhou e fez com que uns companheiros não ficassem.
Você era um meia que marcava muitos gols nas categorias de base. Este ano saiu apenas um. O que mudou na sua maneira de atuar nos profissionais?
Na época do juvenil, em que fui artilheiro, jogava muito ofensivo, tinha muita liberdade para fazer o queria em campo. Hoje, meu posicionamento é diferente. Tenho que voltar um pouquinho mais para marcar e tem outros jogadores para chegar à frente. Acho que até tive oportunidades de fazer os gols, mas não tantas quanto eu tinha. Também não tenho aproveitado bem as chances que surgem.
Ainda nas categorias de base, houve sondagens de Grêmio e até São Paulo. Por que as negociações não foram para frente?
Pelo que eu soube, na época não surgiu nenhuma proposta concreta de um clube diretamente ao Bahia. Ao menos não para compra (dos direitos econômicos). Pelo que a diretoria me passou, as poucas propostas não foram boas para o Bahia. Surgiu muita conversa. Os clubes queriam que eu fosse, mas não queriam pagar um bom valor e isso atrapalhou um pouco.
Não tem como escapar do assunto do assédio do São Paulo a você e ao Bruno Cézar. O que aconteceu para ele ir e você ficar?
A gente era amigo, morávamos juntos e conversávamos muito. Os empresários já nos procuravam há um bom tempo e sempre vinham nos falando sobre uma brecha no nosso contrato, se a gente quisesse sair pela Justiça. Conversei com minha família, procurei ver as melhores opções e nós não achamos por bem sair do clube dessa forma. Não seria justo com o Bahia. O Bruno e a família tiveram outra opção. Ele foi para o São Paulo, nossa amizade continua, mas eu preferi ficar.
Vocês chegaram a conversar sobre isso depois da transferência?
Conversamos sempre, até hoje. A gente optou por caminhos diferentes, mas foi um amigo que eu criei no futebol. Espero um dia, quem sabe, ainda voltar a jogar junto com ele.
Na época, a reportagem entrou em contato com o responsável pelas divisões de base do São Paulo e ele confirmou que Bruno era isca para atrair você. Como fica a cabeça do jogador nesse contexto?
Eu sei que, por um lado, perdi uma oportunidade boa. Mas é como eu falei, acho que não seria justo com o Bahia. Acima de tudo, eu tenho que ter a consciência tranqüila daquilo que estou fazendo. Fiquei e estou tendo a oportunidade de jogar agora no profissional. Espero que possam surgir novas possibilidades e, se sair, que seja algo bom para mim e para o Bahia também.
Essa oportunidade de se integrar os profissionais surgiu ano passado, mas é este ano que o Danilo está tendo chance de jogar. O que mudou em um ano?
Acho que minha cabeça mudou bastante. Ano passado, o time não vinha muito bem e eu passei por uma fase complicada de não ter boas atuações. Este ano, coloquei na cabeça que tinha que jogar bem, me firmar na equipe e fazer o meu ano. Se possível, com títulos para o Bahia.
Quando você foi barrado naquele Ba-Vi, passou na cabeça o filme do ano passado?
Fiquei muito triste naquele dia do Ba-Vi. O professor Arturzinho veio conversar comigo, me explicou tudo e eu entendi o lado dele. Porém continuei muito triste. Muitas pessoas na minha família queriam que eu saísse do Bahia. Entretanto, eu procuro sempre dar a volta por cima dentro de campo. Eu continuei trabalhando forte e firme para quando a oportunidade aparecesse. E todas as vezes que entrei, correspondi à altura. Isso fez com que eu me firmasse na equipe.
O que foi o divisor de águas para você passar de opção a, concretamente, titular do Bahia?
As atuações. Nas oportunidades que ele (Arturzinho) me deu, eu mostrei meu futebol. Acho que isso fez com que ele mudasse o conceito e me colocasse como titular. Aquele jogo contra o Goiás (primeiro pela Copa do Brasil) foi importante. Apesar de ter sido expulso, joguei bem, mostrei personalidade. O professor Arturzinho sempre me disse que eu poderia até errar, mas não me omitir. E em nenhum momento eu me omiti. Tenho jogado com dedicação e espero continuar assim na Copa do Brasil, no Baiano e na Série C.
Fica mais fácil arriscar uma jogada depois que a vaga está garantida?
Com certeza. Eu estou numa fase boa e isso faz com eu tenha mais tranqüilidade para tentar as jogadas. Faz com que eu tenha confiança e, graças a Deus, tem dado tudo certo.
Qual a autocrítica que você faz, desde quando subiu da base até agora? Qual a evolução?
Evoluí bastante na cabeça. Meu pensamento está diferente. Mas, fisicamente, eu também melhorei bastante. Acho que isso foi o principal, porque às vezes eu me sentia muito fraco. Não estava conseguindo jogar muito tempo. Cansava fácil. Hoje, eu estou me sentindo muito bem. Estou trabalhando com o Dudu Fontes (preparador físico) desde o início do ano para melhorar isso e tenho evoluído cada vez mais.
É um trabalho específico esse com o Dudu Fontes?
É, sim. Na chegada (início da temporada), ele procurou sempre fazer um trabalho à parte comigo para melhorar isso. Agora está complicado para fazer, por causa dos jogos às quartas e domingos. Mas sempre que pode ele faz esse trabalho comigo.
E essa dupla com Rafael Bastos? Fica mais fácil quando já há esse entrosamento?
Fica. Entrosamento é questão de tempo. Eu e o Rafael já nos conhecemos desde a base e isso facilita essa afinação.
Acertaram agora o Danilo e o Emerson. Como fica essa disputa por vaga no meio-de-campo?
Acho que não dá para jogar todo mundo (risos), mas a briga é cada vez mais sadia. Infelizmente, o Preto não pode entrar nessa disputa conosco e o Danilo vem para compor. É um grande jogador e vai aumentar a disputa, mas espero continuar na frente na preferência do treinador, ajudando o Bahia, seja com quem for ali ao lado.
Um é destro, o outro é canhoto. Tem como os dois Danilos jogarem juntos?
Acho que sim. Tem possibilidade de jogar com o Danilo, com o Rafael e, se possível, até os três (risos).
Você já era da base quando o Danilo começou aqui no Bahia. O que você conhece do futebol dele?
Quando era da base, via o Danilo jogar sempre. Ia à Fonte Nova assistir aos jogos do Bahia e admirava muito o futebol dele. É um jogador de habilidade e técnica que vai nos ajudar bastante. Além de tudo, é um atleta mais experiente.
No jogo contra o Ipitanga, o primeiro gol do Rafael foi construído pela base, com você e o Ávine preparando a jogada. É a base dando conta do recado?
A gente fica feliz, porque torcida e imprensa vêm cobrando muito do Bahia por não estar mais revelando grandes jogadores. Nós temos essa oportunidade de representar a base do Bahia nos profissionais. Para mim, é a realização de um sonho. Sempre que fazemos boas atuações, e o time ganha, nós ficamos muito felizes. Espero continuar dando alegrias à torcida.
Atualmente, é uma responsabilidade maior ser um jogador formado nas categorias de base do Bahia?
Todo mundo cobra porque você foi formado aqui. Há uma responsabilidade maior com imprensa, torcida e até com a diretoria.
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