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Descaso causou tragédia, aponta laudo

Notícia
Historico
Publicada em 8 de dezembro de 2007 às 09:20 por Da Redação

O que era apenas senso comum ganhou, ontem à tarde, ar de informação oficial. Rodeada por repórteres, numa saleta da Secretaria de Segurança Pública, a delegada Marilda Marcela da Luz divulgou o tão aguardado laudo do Departamento de Polícia Técnica sobre as causas do desabamento de domingo retrasado, na Fonte Nova.

A conclusão dos peritos Roberto Ventin, Eduardo Rondamilas e Gilberto Pinheiro Filho põe a culpa no péssimo estado de conservação do estádio – nenhuma novidade, portanto, em relação ao relatório apresentado seis dias antes pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea).

“Alguém vai ter que pagar por isso”, decretou a delegada, preferindo ainda não acusar nominalmente os eventuais responsáveis. Mas promete terminar o inquérito policial até o fim do ano, dentro do prazo fixado pelo Código Penal.

A partir de segunda-feira, começará a ouvir dirigentes de Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), Federação Bahiana de Futebol (FBF), Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Polícia Militar (PM), Vigilância Sanitária, Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom) e Esporte Clube Bahia.

Segundo ela, todos podem ser indiciados por homicídio doloso ou culposo, lesão corporal grave ou gravíssima e expor a perigo vida alheia.

Marilda deseja saber quem deixou de tomar as medidas cabíveis para prevenir a morte dos sete torcedores do Bahia, mesmo tendo tomado conhecimento da situação precária da praça esportiva. “O jeito é verificar a documentação produzida anterioramente sobre o caso”, explicou.

De acordo com o laudo, “a estrutura do Setor Nordeste (3º vão após o Portão 11, no sentido horário) possui infiltrações, fissuras, exposição de ferragens, corrosão do aço com redução de seu diâmetro e desprendimento de pedaços de concreto por falta de aderência com a ferrugem oxidada, o que tornava a estrutura debilitada para suportar os esforços ao qual era submetida”. Leia-se a puladeira geral da maior torcida organizada do Bahia, a Bamor.

Os engenheiros salientam ainda que “a falta de manutenção proporcionou efeitos irreversíveis na oxidação da ferrugem, o que causou o rompimento no local do acidente”. E frisam, de negrito: “As evidências encontradas denotam a fragilidade da estrutura devido à falta de conservação de seus elementos”. Ou seja, o famoso descaso em relação à Fonte.

A Tarde – Nelson Barros Neto

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