A diretoria do Bahia divulgou agora há pouco uma nota explicando os motivos da cobrança de ingressos para crianças de 5 a 12 anos. Além de citar os “impedimentos legais” da gratuidade, a nota cita que, nos jogos da Série B, os tricolores mirins passarão a pagar R$ 10,00 por jogo, dentro de uma carga máxima de 1.000 ingressos por partida. Mas ressalta: “sua aquisição estará condicionada à verificação de requisitos que são necessários para evitar a nefasta prática do mercado paralelo (venda por cambista) e outras situações de clara injustiça”. Essas regras serão divulgadas em breve para a imprensa. Confira a nota na íntegra:
“A interdição do Estádio Otávio Mangabeira (Fonte Nova) representou profunda mudança no cenário esportivo baiano. Durante o ano de 2008, o Esporte Clube Bahia foi obrigado a se apresentar longe de sua querida torcida. Uma separação forçada e sofrida. Apesar de contar um ano, esse período de distância parecia uma eternidade.
Com a reforma do Estádio Roberto Santos (Pituaçu), uma nova realidade surgiu. O Governo do Estado entregou um novo equipamento esportivo completamente reformulado. Dotado de moderna infraestrutura e acomodações propícias para receber o torcedor com o necessário conforto, o Estádio de Pituaçu logo despontou como a nova casa do Esquadrão de Aço.
Além das zonas da cidade onde se situam e das respectivas estruturas arquitetônicas, Fonte Nova e Pituaçu são estádios que revelam outra sensível diferença: a capacidade de lotação.
Querido palco das nossas maiores conquistas, a Fonte Nova é um equipamento que remonta os anos 50 (sua ampliação data 1971). Nele, o Bahia se popularizou. A cada conquista do Esquadrão de Aço, engrossava-se o número de súditos da Nação Tricolor. Esse crescente aumento de torcedores esteve traduzido nos numerosos públicos registrados ao longo das partidas em que o Bahia disputou no referido estádio.
Apesar de ter abrigado, numa única partida, público equivalente a 110.000 torcedores, a Fonte Nova teve sua capacidade limitada, nos últimos anos, a 60.000 espectadores. Mesmo assim, essa limitação não foi capaz de eliminar discrepantes situações de fácil constatação. Nos jogos com essa lotação máxima, percebia-se, claramente, por um lado, a existência espaço ocioso e de torcedores confortavelmente sentados. Uma cena rigorosamente oposta àquela em que torcedores localizados na zona central do estádio assistiam a partida em pé, quando não completamente espremidos.
Tudo isso era possível porque a Fonte Nova se revela uma construção de cimento cru.
Com a reinauguração de Pituaçu, o quadro acima descrito sofreu radical mudança. Ao invés dos 60.000 que a Fonte Nove comportava, a capacidade foi reduzida para 32.460 torcedores. Com um detalhe. Para cada número de torcedor computado existe, agora, um assento devidamente instalado. Assim, falar numa capacidade de 32.460 espectadores significa dizer que só é possível vender, exatamente, 32.460 ingressos. É expressamente proibida a venda de um único bilhete além deste número. Trata-se de uma vedação estabelecida pelo Estatuto do Torcedor (Lei 10.671, de 15 de maio de 2003), em especial no seu artigo 23, inciso I.
O mesmo Estatuto do Torcedor fixou outra regra não menos rígida. Além de somente se vender ingressos de acordo com o número de assentos, o mencionado Diploma Legal, no inciso II do referido artigo 23, veda o comparecimento de torcedores em número superior à capacidade do estádio, o que conspira contra a prática do acesso gratuito. A explicação é clara e não desperta qualquer polêmica: evitar a superlotação.
Fiel à lei, a direção do Esporte Clube Bahia tomou uma decisão que, apesar de aparentemente não se mostrar simpática, revela o senso de profissionalismo e responsabilidade que deve ser comum a qualquer dirigente de futebol. Cumprindo o Estatuto do Torcedor, acabou com a gratuidade para menores de 5 a 12 anos.
A título ilustrativo, convém estabelecer um exemplo hipotético que bem esclarece a correção da mencionada medida. Admita-se que, na hipótese de partida a ser realizada no Estádio de Pituaçu, a carga de ingressos for literalmente vendida. Se, a cada 10 pessoas presentes, uma resolvesse levar um menor agraciado pela gratuidade, verificar-se-ia 10% de torcedores além da capacidade permitida. Ou seja, ao invés de 32.000, o estádio abrigaria 35.000 espectadores. Um excedente de 3.000 pessoas.
Tomando esse mesmo exemplo, se, ao invés de uma, duas pessoas resolvessem levar 2 menores, o excesso alcançaria 40%, o que representaria 12.000 pessoas a mais do que o estádio comporta receber.
Não é difícil pensar que, se alguma tragédia ocorresse por conta deste exemplo de superlotação, a diretoria do Esporte Clube Bahia seria reputada a principal responsável pelo evento danoso (afinal, o mesmo Estatuto do Torcedor, no seu artigo 14, confere ao mandante do jogo o dever de adotar todas as providências para bom e adequado tratamento da torcida que se fizer presente). Os primeiros a criticar seriam justamente aqueles que, atualmente, estão censurando o veto à gratuidade.
Poder-se-ia argumentar, em sentido contrário, que, se o veto à gratuidade é necessário, deveria também se estender aos menores até 5 anos de idade. Contra tal alegação, uma explicação justifica a atitude até então mantida pela Diretoria do Clube. O percentual de presença, nos estádios, de menores até 5 anos de idade é infinitamente inferior àquele de menores de 5 a 12 anos de idade. Uma criança de 2 anos de idade não tem o discernimento necessário para entender o que se passa num estádio de futebol. Aliada a outros fatores (como violência urbana e as próprias complicações naturais de se levar uma criança ao local com tanta aglomeração humana), essa é a determinante que evidencia, estatisticamente, a diminuta presença de menores até 5 anos de idade, que, com efeito, podem perfeitamente sentar-se no colo de seus acompanhantes, evitando, assim, a ocupação de um assento.
Sucede, no entanto, que, apesar de atender os ditames legais, nunca foi intento da diretoria do Esporte Clube Bahia afugentar sua torcida do estádio. Sabemos que o torcedor, apaixonado e feliz por ser tricolor, é a nossa principal glória. A razão que explica a existência desta entidade tão especial e maravilhosa que é o Esquadrão de Aço.
Assim, após aprofundado estudo, conseguimos solucionar todos os entraves operacionais e agora podemos por em prática a idéia que tivemos desde que decidimos pelo veto à gratuidade. Trata-se da especial promoção que vai, ao mesmo tempo, conciliar o espírito da lei com a imensa legião de tricolores mirins. A partir da primeira partida do Esporte Clube Bahia pelo Campeonato Brasileiro da Série B de 2009, a ser realizada em 09 de maio de 2009, será disponibilizada uma carga de 1.000 ingressos destinados exclusivamente para menores de 5 a 12 anos de idade. Esse ingresso terá o valor fixado em R$10,00 e sua aquisição estará condicionada à verificação de requisitos que são necessários para evitar a nefasta prática do mercado paralelo (venda por cambista) e outras situações de clara injustiça.
Além de informar à imprensa esportiva, disponibilizaremos no nosso site, dentro em breve, as regras para o venda desta espécie de ingresso destinado a este público infantil.
Essa prática será iniciada justamente na primeira partida da Série B de 2009, quando, mais uma vez, esperamos o comparecimento maciço de nossa imensa torcida, agora já reforçada daqueles que formarão suas futuras gerações. O apoio da grande nação tricolor será fundamental para alcançarmos nossa principal meta de 2009, ou seja, o retorno para série principal do futebol brasileiro.
Vamos avante Esquadrão de Aço!
A Diretoria”
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