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Documento confirma ligação entre Bahia e Parcom

Notícia
Historico
Publicada em 12 de julho de 2008 às 15:12 por Da Redação

De Nelson Barros Neto, no jornal A Tarde deste sábado:

“Relatório da Polícia Federal, responsável por deflagrar a Operação Satiagraha, suspeita a utilização do Esporte Clube Bahia S/A, por meio da empresa Parcom, para lavagem de dinheiro de um fundo de investimento do Grupo Opportunity. A diretoria tricolor nega. Garante que o dinheiro nunca chegou ao Fazendão. Tivessem os US$ 32 milhões realmente aportado (cerca de R$ 51,2 milhões), o clube não estaria imerso numa das piores crises financeiras de seus 77 anos.

“O que tem na investigação é verdadeiro, lógico que existe esse dinheiro”, chega a admitir o contador do clube Raimundo Prado Vieira. “Mas isso não significa dizer que ele tenha vindo para cá”.

Segundo ele, o Bahia até gostaria que a transferência tivesse acontecido, caso ela fosse de maneira limpa. “Porém, nunca houve qualquer transação entre o Basa e a Parcom”.

O problema é que não é isso que verifica a partir de uma simples consulta ao site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM – www. cvm. gov. br ). Basta acessar as negociações promovidas pela companhia, inclusive no período do referido aporte (virada de 2006 para 2007), para se constatar, por exemplo, que das 15 mil ações preferenciais tipo B do Bahia S/A, a Parcom Participações S/A detinha quatro (ver fac-símile).

“Eles falam que nunca ocorreu nenhuma ligação entre ambas, mas não é o que tenho aqui”, rebate o economista Marcus Verhine, membro da Associação Bahia Livre, de oposição ao clube.

Verhine é até reticente em considerar que os recursos tenham realmente chegado ao tricolor. Contudo, faz questão de desmentir a história contada na nota de esclarecimento divulgada ontem pelo clube.

1998 – Nela, afirma-se que os únicos valores recebidos pelo Bahia S/A até hoje foram os R$ 12 milhões aplicados pelo Opportunity logo que a parceria foi fechada, no começo de 1998. E que, além de ser auditado regularmente pela Delloite e KPMG, duas das maiores do mundo no ramo, a sociedade nunca deu lucro desde a sua constituição.

“A Polícia Federal está fazendo o papel dela, que é investigar. Porém, quando se faz um esquema de lavagem, coloca-se dinheiro numa empresa para tirar depois em resultado, e o Bahia sempre amargou prejuízos”, argumenta Prado Vieira, voltando a assegurar que a transferência jamais desembarcou no Fazendão: “Existe uma cadeia de empresas na estrutura acionária do Opportunity. Agora, aonde ele investe isso, nós não sabemos”.

Porém, ao ser questionado sobre os balanços do Bahia S/A depois do distrato, quando o clube reassumiu o controle da sociedade, não apresenta a mesma segurança. Pressionado, termina por admitir que, sem os documentos necessários para tal, o parecer dos auditores independentes no ano de 2006 não pôde ser realizado.

“Em função das dificuldades encontradas naquela época, de disputa de Terceira Divisão, não tivemos condição de contratar a auditoria e, de fato, houve um atraso”. Em seguida, acrescenta que a situação já foi totalmente resolvida. “Por causa dessa confusão com Daniel Dantas, qualquer notícia causa esse impacto, mas o banco é o banco e o Bahia S/A é o Bahia S/A”.

Mesmo assim, o economista Verhine indaga: “Cadê o balanço de 2007? Até hoje não saiu”. Ele aproveita para chamar a atenção de que a ocasião da suposta chegada dos 32 milhões coincidiu exatamente com uma mudança da teia acionária do Bahia S/A. Saiu a Parcom, de capital aberto, para a entrada da Mediate Participações S/A, de capital fechado, impossibilitando uma análise de suas contas. “Não deixa de ser estranho”.

MAIS – Apesar de o EC Bahia e a Ligafutebol S/A terem celebrado o distrado, em 2006, a empresa do Grupo Opprtunity ainda detém a totalidade das ações que controlam as decisões estruturais do Bahia S/A, como incorporação de outra sociedade e possibilidade de fusão com outra empresa. Além disso, caso os termos impostos não sejam cumpridos (a transferência de parte da receita da venda de atletas até 2023), ela poderá reassumir o comando do futebol e da gestão administrativa e financeira do Basa.

Dos cinco membros do Conselho de Administração e da diretoria da Ligafutebol S/A, apenas um (Luis Octávio Nunes West), que entrou há menos de dois meses, não foi preso na Operação Satiagraha. A informação também pode ser conferida no site da CVM”.

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