De Nelson Barros Neto, no jornal A Tarde deste sábado:
“Relatório da Polícia Federal, responsável por deflagrar a Operação Satiagraha, suspeita a utilização do Esporte Clube Bahia S/A, por meio da empresa Parcom, para lavagem de dinheiro de um fundo de investimento do Grupo Opportunity. A diretoria tricolor nega. Garante que o dinheiro nunca chegou ao Fazendão. Tivessem os US$ 32 milhões realmente aportado (cerca de R$ 51,2 milhões), o clube não estaria imerso numa das piores crises financeiras de seus 77 anos.
O que tem na investigação é verdadeiro, lógico que existe esse dinheiro, chega a admitir o contador do clube Raimundo Prado Vieira. Mas isso não significa dizer que ele tenha vindo para cá.
Segundo ele, o Bahia até gostaria que a transferência tivesse acontecido, caso ela fosse de maneira limpa. Porém, nunca houve qualquer transação entre o Basa e a Parcom.
O problema é que não é isso que verifica a partir de uma simples consulta ao site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM www. cvm. gov. br ). Basta acessar as negociações promovidas pela companhia, inclusive no período do referido aporte (virada de 2006 para 2007), para se constatar, por exemplo, que das 15 mil ações preferenciais tipo B do Bahia S/A, a Parcom Participações S/A detinha quatro (ver fac-símile).
Eles falam que nunca ocorreu nenhuma ligação entre ambas, mas não é o que tenho aqui, rebate o economista Marcus Verhine, membro da Associação Bahia Livre, de oposição ao clube.
Verhine é até reticente em considerar que os recursos tenham realmente chegado ao tricolor. Contudo, faz questão de desmentir a história contada na nota de esclarecimento divulgada ontem pelo clube.
1998 Nela, afirma-se que os únicos valores recebidos pelo Bahia S/A até hoje foram os R$ 12 milhões aplicados pelo Opportunity logo que a parceria foi fechada, no começo de 1998. E que, além de ser auditado regularmente pela Delloite e KPMG, duas das maiores do mundo no ramo, a sociedade nunca deu lucro desde a sua constituição.
A Polícia Federal está fazendo o papel dela, que é investigar. Porém, quando se faz um esquema de lavagem, coloca-se dinheiro numa empresa para tirar depois em resultado, e o Bahia sempre amargou prejuízos, argumenta Prado Vieira, voltando a assegurar que a transferência jamais desembarcou no Fazendão: Existe uma cadeia de empresas na estrutura acionária do Opportunity. Agora, aonde ele investe isso, nós não sabemos.
Porém, ao ser questionado sobre os balanços do Bahia S/A depois do distrato, quando o clube reassumiu o controle da sociedade, não apresenta a mesma segurança. Pressionado, termina por admitir que, sem os documentos necessários para tal, o parecer dos auditores independentes no ano de 2006 não pôde ser realizado.
Em função das dificuldades encontradas naquela época, de disputa de Terceira Divisão, não tivemos condição de contratar a auditoria e, de fato, houve um atraso. Em seguida, acrescenta que a situação já foi totalmente resolvida. Por causa dessa confusão com Daniel Dantas, qualquer notícia causa esse impacto, mas o banco é o banco e o Bahia S/A é o Bahia S/A.
Mesmo assim, o economista Verhine indaga: Cadê o balanço de 2007? Até hoje não saiu. Ele aproveita para chamar a atenção de que a ocasião da suposta chegada dos 32 milhões coincidiu exatamente com uma mudança da teia acionária do Bahia S/A. Saiu a Parcom, de capital aberto, para a entrada da Mediate Participações S/A, de capital fechado, impossibilitando uma análise de suas contas. Não deixa de ser estranho.
MAIS – Apesar de o EC Bahia e a Ligafutebol S/A terem celebrado o distrado, em 2006, a empresa do Grupo Opprtunity ainda detém a totalidade das ações que controlam as decisões estruturais do Bahia S/A, como incorporação de outra sociedade e possibilidade de fusão com outra empresa. Além disso, caso os termos impostos não sejam cumpridos (a transferência de parte da receita da venda de atletas até 2023), ela poderá reassumir o comando do futebol e da gestão administrativa e financeira do Basa.
Dos cinco membros do Conselho de Administração e da diretoria da Ligafutebol S/A, apenas um (Luis Octávio Nunes West), que entrou há menos de dois meses, não foi preso na Operação Satiagraha. A informação também pode ser conferida no site da CVM”.
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