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Dodô é destaque na capa do Globoesporte.com; veja

Notícia
Historico
Publicada em 2 de novembro de 2011 às 23:04 por Da Redação

De Cahê Mota, para o portal Globoesporte.com, que colocou a matéria como capa nesta quarta:

`O começo foi discreto, sem muitas expectativas. Franzino, jovem e de cabeça raspada, Dodô chegou ao Bahia em janeiro como promessa para lateral esquerda, mas mais famoso pelo fato de vir do Corinthians do que pelo que tinha feito no futebol. A desconfiança era grande. Afinal, o dono da posição era Ávine, ídolo da torcida. Dez meses depois, porém, o tempo passou, o cabelo cresceu e, como Sansão, o menino de 19 anos e cachos esvoaçados amadureceu e se tornou titular graças à regularidade demonstrada em uma equipe que faz dos altos e baixos característica na campanha contra o rebaixamento.

Foto: Arquivo Pessoal

Substituto do lesionado Ávine no início do segundo turno, Dodô não deixou apenas o antigo titular, já recuperado, para trás. Prestigiado por Joel Santana, superou também o novo queridinho do torcedor brasileiro para lateral esquerda, Cortês, do Botafogo, para se tornar o melhor da posição no Troféu Armado Nogueira, com média de 6,13 pontos por partida. O sucesso individual, porém, não o satisfaz por completo. Celebração, só com a permanência do Bahia na Série A.

– Não jogo pensando em conquistas individuais. Quero ajudar o time a sair dessa. Mas é legal ter esse reconhecimento. Mostra que estou no caminho certo.

Caminho que Dodô não pensa em mudar, pelo menos no momento. Vinculado ao clube baiano até o fim do Brasileirão, o lateral tem contrato com o Corinthians até a metade de 2012. Um retorno ao Parque São Jorge não é sua preferência. Ciente da força do elenco corintiano, principalmente pela iminente classificação para Libertadores, ele até deseja ampliar seu vínculo com o Timão, mas projeta um futuro em Salvador. Até mesmo por uma meta especial:

– Tenho um sonho, uma meta na minha vida, que é participar das Olimpíadas. Sei o quanto é difícil, a quantidade de jogadores bons por posição, mas sei que tenho condições e vou lutar por isso. Atualmente, não sei se teria tantas oportunidades no Corinthians que me fariam demonstrar meu futebol para ser chamado.

A seu favor, Dodô tem a boa relação com Mano Menezes, responsável por sua chegada aos profissionais no Corinthians. Em bate-papo com o GLOBOESPORTE.COM, o lateral do Bahia falou sobre sua primeira temporada jogando para valer, os planos para o futuro, as “aulas” que recebeu de Ronaldo e Roberto Carlos e até mesmo do jeito soteropolitano de ser, que ele incorpora aos poucos, mas avisa:

– Sem dançar.

Confira toda entrevista:

Depois de poucas oportunidades no Corinthians e de um início instável no Bahia, você, enfim, tem conseguido uma sequência de jogos e, inclusive, está se destacando, mesmo com o time não tão bem. Queria que você falasse sobre a temporada de 2011, o que mudou tanto em você?
No começo do ano, todo o time não se acertava. Acabamos eliminados na Copa do Brasil e não ganhamos o Baiano. Aqui, quando não é campeão fica difícil. Não acho que fui mal individualmente. Fui titular na reta final do Estadual, mas acabei ficando fora dos jogos contra o Vitória (pela semifinal). Depois, só fui jogar praticamente no segundo turno do Brasileirão.

Essa volta por cima aconteceu justamente em um momento delicado, com o time no Z-4, e entrando no lugar de um dos maiores ídolos da torcida, que é o Ávine. A pressão foi maior por causa disso? Acha que a cobrança do torcedor foi dobrada?
O Ávine é um ídolo, muito querido pela torcida. Torcem mesmo pelo sucesso dele, até se for o caso de se transferir para um clube grande de São Paulo, do Rio… É um cara que merece conquistar muitas coisas. Até por esse carinho, a disputa é difícil. Lembro que nas vezes em que fui bem, diziam que o Baiano era fácil e queriam me ver no Brasileirão. No segundo turno, tive uma sequência, ganhei confiança e pude ir bem. Principalmente depois do jogo com o Flamengo, quando fiz um gol e o time viveu boa fase no campeonato.

O Bahia voltou a oscilar, mas suas atuações o colocam como melhor lateral-esquerdo do campeonato no Troféu Armando Nogueira…
Não jogo pensando nisso, em conquistas individuais. Quero ajudar o time a sair dessa. Mas é legal ter esse reconhecimento. Mostra que estou no caminho certo.

Você subiu para o profissional no Corinthians muito jovem, com 17 anos. Acha que só agora pode realmente se dizer um jogador de verdade, com maturidade para encarar qualquer situação? Essa temporada no Bahia está sendo boa para esse crescimento?
A diferença do ano passado para esse é grande. Joguei mais, enfrentei pressão, vivi o pós-jogo com derrotas… Tudo isso foi importante. O Bahia tem jogadores experientes, como Fabinho, Carlos Alberto, Ricardinho, Reinaldo, o próprio Joel. Todos me ajudam muito. Sou um curioso. Gosto de sentar, conversar, ouvir histórias. Isso me ajuda. Hoje, estou mais pronto. Talvez não estaria assim se ficasse no Corinthians.

E você pensa em voltar para o Corinthians no fim do ano, quando acaba seu contrato com o Bahia?
Tenho um sonho, uma meta na minha vida, que é participar das Olimpíadas. Sei o quanto é difícil, a quantidade de jogadores bons por posição, mas sei que tenho condições e vou lutar por isso. Atualmente, não sei se teria tantas oportunidades no Corinthians que me fariam demonstrar meu futebol para ser chamado.

Sendo assim, a preferência é seguir no Bahia?
Meu contrato com o Corinthians acaba no meio do ano que vem. O interessante é renovar e ser emprestado para poder jogar. Se for assim, seria bom continuar no Bahia. Estou feliz e ambientado.

Apesar de ter subido jovem, foram poucas as oportunidades no profissional do Corinthians. Tem alguma explicação para isso ou foi algo que você encarou com naturalidade?
Em 2009, fui campeão sul-americano pela Seleção e subi para o profissional com 17 anos e seis meses a pedido do Mano. Logo depois, tive uma contusão no quadril. Acabei indo para o Mundial antes de finalizar o tratamento, nem joguei. Na volta, participei dos últimos quatro jogos do Brasileirão. Desci para o juniores para Taça São Paulo e quando voltei o Roberto Carlos tinha sido contratado. Joguei só dois jogos no ano todo. O Mano até me relacionou para Libertadores, o que surpreendeu muita gente, mas o Roberto Carlos não se machuca nunca. Com o Mano na Seleção, o Adilson não me aproveitou, não sei o motivo. Fiquei um pouco de lado. Com o Tite, também não tive oportunidades.

Para um jovem de 17 anos, viver ao lado de Ronaldo e Roberto Carlos deve ter sido um sonho. Você mesmo disse que é “curioso”. O que eles dois te agregaram de positivo? Como foi esse período?
Aproveitei demais. Convivi com o Ronaldo por dois anos e com o Roberto, um. Só tenho lembranças ótimas. Eu sentia que o carinho deles por mim era grande. Sempre pegavam no pé, incentivavam a treinar, falavam do meu potencial. O Roberto era sensacional. De todos os jogadores com quem convivi, é o mais fantástico. Com a idade dele, não ficava fora de treino, de jogo, não tinha mau humor, tratava todo mundo bem. É um exemplo. E também um professor. Sempre me deu conselhos de como bater na bola, treinava faltas comigo, cruzamentos. Aprendi muito com ele.

Você disse que sonha com a Olimpíadas, e o Mano te conhece bem. Acha que larga em vantagem por isso?
Ele trabalhou um ano e meio comigo. Apostou em mim, viu potencial, me colocou no profissional e conhece minha característica e personalidade. Nunca tivemos problema, muito pelo contrário. Se eu fizer por onde, acho que posso ter esperança.

E a luta do Bahia contra o rebaixamento? Acha que é uma caminhada tranquila para a permanência ou o sofrimento vai até o fim?
É a primeira vez que passo por isso. É muito incômodo. Mesmo quando ganhamos, não há tranquilidade, ainda corremos risco. Enquanto não fugirmos matematicamente, será um problema. O Brasileirão é difícil, ninguém consegue embalar uma sequência grande de vitórias. Esperamos fazer valer o mando de campo nessa reta final para acabar com o desespero o quanto antes.

Como tem sido sua vida em Salvador? Você é do interior de São Paulo (Campinas), logo cedo foi para capital… Já se acostumou com a praia, a vida tranquila e divertida da capital baiana?
Sou bem tranquilo. Não sou de ir muito à praia. Vou às vezes porque moro em frente (risos). Meus pais estão morando comigo e mantenho a rotina de São Paulo. Jantar, shoppings, cinema, teatro. Fora isso, procuro descansar. Meus parentes vêm bastante de São Paulo, ficam comigo. Nas ruas, a torcida apoia daquele jeito extrovertido do baiano. É bem legal.

E já entrou no ritmo do axé também? Arrisca uma dancinha com o Souza nas comemorações?
Sou bem eclético. Curto o pagode baiano, que é como eles chamam o que tratamos como axé. Eu já tinha amizade com o Léo Santana, do Parangolé. Aqui, ficamos mais próximos, saímos para comer algo. Mas eu não danço, não. Isso deixa para Souza, que é quem faz os gols (risos).`

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