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Em entrevista gigante, deposto tenta se explicar

Notícia
Historico
Publicada em 14 de setembro de 2013 às 12:58 por Da Redação

As quase duras horas de entrevista de MGF na redação do jornal Correio*, ontem, foram publicadas na íntegra pelo site Globoesporte.com neste sábado. São centenas os assuntos abordados. Ao chegar ao local do papo, ele logo pediu um copo d`água. O presidente deposto não respondeu parte dos questionamentos, fez provocações e tentou se explicar. Confira:

Inicialmente, vamos falar desse “rombo” apontado pela auditoria. Segundo o documento, a dívida tricolor, no geral, é de R$ 83 milhões – nos últimos seis meses, de quase R$ 20 milhões. Como se cria um déficit de R$ 20 milhões em um semestre?
Bom, primeiro eu quero dizer o seguinte: não tenho dados para questionar a idoneidade, e seria leviano fazer isso com a empresa que realizou a auditoria. Mas eu digo com absoluta convicção que não é possível uma auditoria, seja ela da que empresa for, a mais conceituada que exista, que faça uma auditagem em um clube sobre um período de um ano e nove meses, que foi o que a intervenção se propôs, em 30 dias. Se você consultar qualquer empresa dessas aí e perguntar se é possível fazer esse trabalho minimamente consistente, todas lhe responderão que não têm tempo hábil para fazer essa avaliação. Essa é a minha opinião e só mostra a maneira, digamos assim, raivosa, como foi determinada que essa auditoria fosse feita. Aliás, o próprio juiz, quando determinou o despacho, foi bem claro. Ele disse “faça uma auditoria rigorosa nas contas do clube”. Acho que a palavra não cabia, porque ele deve ser imparcial, e talvez a palavra até tenha mostrado um ânimo dele no fato da auditoria.

Essa questão dos R$ 83 milhões, eu não tenho como lhe responder. Afirmo com toda certeza que é um absurdo chegar a esse número. Aliás, neste processo todo, eu ouvi o presidente nomeado pela Justiça dizer, inclusive ontem [quinta-feira], em entrevista a Juca Kfouri, que o rombo do Bahia era de R$ 200 milhões. Ele precisa se entender com a auditoria, porque ontem ele disse que era de R$ 200 milhões, nesse processo todo eu ouvi dizer que era R$ 120 milhões, agora a auditoria fala em R$ 83 milhões e, na imprensa, em determinados pontos, a própria auditoria fala que não teve tempo de pegar documentos em relação às dívidas trabalhistas, e portanto não teve tempo de fazer essa auditoria de forma correta.

Tenho aqui dados, um estudo feito pela BDO, que em maio deste ano divulgou a lista de dívidas de todos os clubes Brasil e mostrou que o Bahia, de 2011 para 2012, variou em apenas 5% a sua dívida, crescendo de R$ 58 milhões para R$ 61 milhões. Como é que esses R$ 20 milhões aparecem em seis meses? Sinceramente, não tenho como responder. Se você parar para raciocinar e fizer conta de padeiro, é praticamente impossível uma dívida crescer de dezembro até hoje em R$ 20 milhões. Eu não sei como a auditoria chegou nesse número e vou procurar saber. Vou pegar os dados da auditoria para tecnicamente responder, mas afirmo com toda certeza: é impossível ele ter chegado a esse número. Eu prefiro confiar na BDO, prefiro confiar na Pluriconsultoria, que são empresas reconhecidas nacionalmente. Se vocês fizerem a conta, o Bahia foi o sexto ou sétimo que menos cresceu em dívidas entre os 23 clubes analisados pela BDO. Como ele chegou a esses R$ 83 milhões, é impossível saber. Não sei como a Performance chegou a esses números.

E, só para completar, ela fala ainda aqui, que chama bastante atenção, o forte crescimento do valor da marca do Bahia, que passou de R$ 13 milhões, em 2009, quando eu assumi e era a 20ª do Brasil, para R$ 55 milhões em 2012, 15ª do Brasil, que é uma variação de 304% em apenas três anos. Esse é o maior crescimento entre os 17 maiores clubes do Brasil e muito superior ao crescimento médio do mercado, que foi, em média, 53%. Esse é um estudo que não fui eu que fiz, é da Pluriconsultoria. Isso são números. Eu vi muita gente dizer neste período todo para o atual presidente nomeado pela Justiça que ele precisava valorizar a marca do Bahia. Quem precisava valorizar fui eu, quando assumi o clube. Ele está pegando hoje a marca mais valorizada do Nordeste e uma das maiores do Brasil. Trabalho feito na nossa gestão.

Se a situação não é tão ruim como você está falando, por que o Bahia não facilitou e até dificultou o trabalho da auditoria?
Eu discordo e contesto veementemente isso. Desde o primeiro momento, não houve nenhuma orientação para que se escondesse documentação do clube. Eles estiveram lá esse tempo inteiro e afirmo: se eles não pegaram a documentação, é porque não tiveram tempo hábil para fazer uma auditagem com uma pessoa apenas, pelas informações que eu tenho, que ia no clube duas vezes por semana, durante esse período de 30 dias. É impossível você fazer uma auditagem em uma empresa do tamanho do clube que fatura R$ 50 milhões por ano, do tamanho que é essa empresa. Evidentemente que é muito cômodo, porque havia o prazo de se encerrar essa auditoria em 7 de setembro, que foi o prazo determinado pelo juiz e que tinha que terminar de qualquer maneira. Então, essa dificuldade é por conta disso, nada mais do que isso. Todos os contadores do clube estavam lá. Contador aliás, que é irmão de um dos maiores oposicionistas à minha gestão: Emanuel do Prado Vieira. O contador chama-se Raimundo do Prado Vieira, que é irmão de Emanuel, que entrou com uma ação contra mim. Prova de lisura maior do que essa, eu não consigo enxergar. É só vocês procurarem ele e saberem se ele esteve lá, se negou alguma informação, ou qualquer coisa do tipo.

A auditoria não usa essa palavra, mas fala em caos administrativo, como falha de recolhimento de FGTS, de impostos, ausência de ponto, hora extra, cálculo errado de adicional noturno… Você encara que o Bahia está em um caos administrativo?
Eu refuto a palavra `caos`. Evidentemente, volto a dizer que todo mundo aqui tem inteligência e tem discernimento. É óbvio que a auditoria foi contratada com um intuito e óbvio que havia uma pressão, até certo ponto natural, para se achar algum resultado adequado às pessoas que fizeram essa contratação. Aí você pode brincar com as palavras. Você pode usar a palavrinha `caos` para simplesmente dizer que um procedimento poderia ser ajustado, a palavra poderia ser outra e não `caos`, mas usam essa palavra para poder dar um ensejo para uma situação desconfortável, situação realmente de caos, que é o que a palavra diz. Mas não é.

Isso não significa que a gestão era fraudulenta ou era temerária. No caso do FGTS e INSS, todos os clubes devem, isso não é nenhuma novidade. Quando eu assumi, o Bahia devia. Na minha gestão, deveu e, daqui para frente, continuará devendo. Todos os clubes devem e nenhum têm condição de pagar.

E não têm condições de pagar por erros de gestão nos clubes?
Não têm condições de pagar, porque o mercado do futebol é um mercado que paga valores que, ao meu ver, são excessivos. Mas isso é fruto do mercado, é peculiar do mercado. Isso gera impostos dentro do cenário brasileiro, como a gente precisar estruturar melhor, reestruturar o clube. São coisas que não são só no Bahia. De cem empresas que nascem no Brasil, em cinco anos 90% delas morrem por conta do problema tributário. No caso do no futebol, existe esse problema que é inerente ao negócio. É um problema que o Bahia teve e vai continuar tendo. Isso não significa que nós tenhamos nos apropriado indebitamente dos recursos que foram pagos e que não foram recolhidos. É diferente você não recolher o imposto para pagar salários do que não recolher e colocar o dinheiro no bolso, que evidentemente não aconteceu.

A auditoria aponta que aconteceu…
Pois é, mas em que ponto? É isso que eu quero entender. Na matéria do jornal A Tarde, existe uma acusação gravíssima, e que eu quero desafiar a auditoria, desafiar quem participou da auditagem, o presidente colocado pela Justiça, porque o jornal diz que, no dia 13 de junho de 2013, houve um depósito de R$ 2,3 milhões, se não me engano, para determinada empresa. E eu quero que provem isso. Eles estão lá com dados, então eu quero que mostrem. Apontem quando é que foi feito isso. Apontem também qual foi o desvio.

Essa empresa é a Consultiva, cujos sócios são seu pai e seu irmão. Por que o Bahia contratou a empresa cujos sócios são seus familiares?
O Bahia não contratou essa empresa. Talvez esse ponto seja o mais polêmico da questão, mas o que existe é o seguinte… (O assessor interrompe e Marcelo Guimarães Filho muda o assunto)

No caso do FGTS, especificamente, eu já tinha publicado isso outras vezes, fizemos um acordo de pagamento para todo FGTS devido pelo Bahia. Desde 1975, que é desde quando o Bahia deve. O atual presidente, nomeado pela Justiça, foi presidente de 1976 a 1979. Existem débitos de FGTS não recolhidos da gestão dele, que nós estamos honrando ou já honramos. Ele não recolheu impostos e, nem por isso, estou acusando e dizendo que ele não recolheu porque colocou dinheiro no bolso. Não deve ter recolhido porque teve dificuldades financeiras naquele momento e colocou dinheiro em outra coisa, como pagar salários. Isso deixa claro que esse problema vem desde muito tempo e vai continuar existindo sempre.

E, no caso dessa acusação, volto a dizer: quero que mostre e prove o que o A Tarde disse. Vamos processar o jornal e o jornalista por essa acusação específica e absurda de que houve esse depósito de R$ 2,3 milhões. Eles têm que provar. É uma coisa simples e não tem dificuldade nenhuma. Não estou falando de mil reais ou R$ 500. É uma acusação grave.

Já no caso da Consultiva, em 2005, quando eu não estava no Bahia, existia uma dívida do Bahia S/A com a empresa Postdata…

Cujo sócio também é seu pai…
É preciso ir na junta comercial para comprovar isso.

Eu estou afirmando…
Não. Não é e nunca foi. Você pode ver isso na junta comercial.

Mas é uma das empresas envolvidas na Operação Jaleco Branco…
O que não a torna de Marcelo Guimarães ou de qualquer outra pessoa. A pessoa precisa estar na junta comercial. Aliás, nessa operação, ele não é o único acusado. São ele e mais 16 pessoas. Para ser dono, precisa estar na junta. Houve aqui um empréstimo que está lá na contabilidade do clube, de cerca de R$ 878 mil. É um empréstimo adquirido em 2000, mas eu não tenho mais esse documento. Esse empréstimo foi corrigido com 2,5% ao mês, que é um juros de mercado, porque o Bahia precisava de dinheiro na época. Foi feito um contrato, assinado pelo Bahia S.A., pelo Luiz Trócoli, indicado pelo banco, porque ele controlava o clube, era o homem de confiança de Daniel Dantas. Esse empréstimo foi feito com nota promissória para ser pago em 31 de agosto de 2006 e não foi feito.

Por que o Bahia pegou empréstimo com uma empresa de gestão de saúde (Postdata)?
Eu não estava no clube nessa época, mas imagino que pegou dinheiro porque precisava.

Mas com empresa de saúde?
Tem pessoa física que empresta dinheiro. Isso não é problema. E também precisa ser perguntado, à época, por que se recebeu esse dinheiro. Em determinado momento, esse débito de R$ 1,185 milhão não foi pago. A Postdata, que não recebeu o recurso, transferiu o crédito para a Protector. Em 2010, a Protector, que também não recebeu – está aqui o documento, está lá na contabilidade do clube, e imagino que aqui ninguém faz filantropia – tem que cobrar mesmo. Por exemplo, Gilberto Bastos que entrou no clube comigo, ele emprestou, a pessoa física à época, se não me engano, cerca de R$ 250 mil para pagar uma folha do mês de janeiro. Ele emprestou o dinheiro e o Bahia pagou a ele depois, se não me engano, algo em torno de R$ 400 mil. Você pegou dinheiro emprestado, tem que pagar. Não tem nada ilegal com relação a isso. Não tem segredo, não tem nada ilegal.

Mas esse é um empréstimo de 2000…
Qual o problema?

Ele deveria ter uma prioridade, já que está há mais tempo rolando.
Ele deveria ter recebido antes, você quer dizer isso.

Por que o Bahia preferiu pegar empréstimo com a Postdata em vez de ir a um banco?
É uma suposição minha, mas certamente o Bahia foi ao banco e não tinha crédito. Como eu, em 2009 como presidente, fui ao banco e o banco não tinha crédito. O banco diz que não tem condições de lhe dar crédito. Se qualquer pessoa normal for tirar empréstimo no banco, o banco não vai emprestar a quem está devendo. Imagino que tenha sido isso. Não sei. Eu como presidente passei por essa dificuldade. De 2009 a 2010, até a gente ajustar as contas do clube, fomos ao banco e o banco não emprestava dinheiro.

Você nega, então, qualquer relação dessas empresas citadas com a sua família?
Evidentemente… A Consultiva, não. Mas dessas empresas aqui [Protector], não há relação nenhuma com elas. E mais, o que é mais importante. Os contratos existem, o pagamento era devido e foi feito. O que é que há de ilegal nisso? Juros de mercado. Se tivesse aqui juros de 10% ao mês, 15% ao mês, coisas exorbitantes, absurdas, havia alguma coisa ilegal. Não há nada de ilegal em relação a isso.

Um trecho do relatório da Performance aponta que o Bahia fez frequentes pagamentos em dinheiro ou com cheques ao portador de valores relevantes. E não está explicitado a quem foi feito esse pagamento, quem são esses beneficiados. O que você tem a dizer sobre isso?
Duas coisas. Primeiro que o fato de pagar com cheque nominal ao portador ou em dinheiro, qualquer empresa do mundo faz isso. Se esse procedimento deve ser ou não corriqueiro, se a empresa de auditagem acha que deveria ser feito de outra forma, se ela acha que era preciso fazer de outra maneira, era mais seguro, era mais indicado, é uma outra coisa. Agora, ela tem que indicar se nesse pagamento que foi feito, nesses pagamentos, houve algum pagamento ilegal, se houve algum pagamento feito de maneira incorreta. É isso que eu quero saber. Uma coisa é dizer que não concorda, uma outra é levantar dúvidas. Eu afirmo com toda certeza, há lá no clube as notas fiscais, os devidos pagamentos, os recibos… Toda documentação financeira do clube está lá no clube.

Não há o devido registro na contabilidade. Foram encontradas também notas fiscais sem a descrição do serviço. Além de dois recibos de R$ 30 mil cada como adiantamento para terceiros sem constar quem são.
Bom, sem olhar especificamente qual foi o recibo, qual foi o pagamento, é impossível fazer esse questionamento a uma empresa que fatura R$ 50 milhões e da qual eu estou à frente há quatro anos. Não tenho como dizer aqui especificamente cada caso. Aliás, isso até me irrita, porque é preciso que haja uma acusação para que eu me defenda. É preciso dizer assim: esse recibo saiu para um pagamento dessa forma, esse pagamento foi feito de maneira errada, explique isso aqui. Para que eu possa explicar. É o que eu estou dizendo para vocês aqui, um procedimento, uma alegação de que um procedimento não deveria ser feito dessa forma, sim. Isso é ilegal? Está fora das leis? Das normas? Você pode achar… Eu poderia ter contratado uma outra empresa de auditoria que poderia dizer que, diante dessa situação, o melhor procedimento a se fazer era esse. É uma opinião da Performance de que não deveria ser feito assim. É um direito que ela tem. Agora, daí se alegar, se inferir ou deduzir que houve um desvio, houve um mau uso do dinheiro, vai uma distância realmente gigante.

E o cheque de R$ 32 mil para um motoboy?
É a mesma coisa. O motoboy que ele fala é do clube. Como é que acontece? É preciso fazer diversos pagamentos. Então o motoboy do clube, ninguém mais indicado do que ele, está ali para isso, pega o cheque, como acontece em qualquer empresa, vai ao banco, saca o dinheiro e paga. É o que deve ter acontecido com o cheque de R$ 32 mil e outros. É como acontece. Eu não consigo entender onde está a irregularidade nisso.

Como você explica a devolução de Sérgio Bezerra (conhecido como Kabrocha) dos valores de R$ 165 mil e R$ 87 mil nos dias 13 e 18 de abril, referentes a baixa parcial de empréstimo anteriormente concedida a Consultiva? Porque o Bahia pagou o imposto de renda dele, devolvido no mês seguinte? E hoje você e Kabrocha são brigados, o que ele fez?
Não. A primeira coisa é a seguinte, não sou brigado com ele. Não há nenhuma briga, há um afastamento. As pessoas se afastam. Não tem nenhuma briga. Tem um afastamento. Quem nunca se afastou de um amigo? Não tem nenhum problema… No caso do Bahia, o que eu imagino é que houve um encontro de contas do que ele emprestou ao clube e houve esse pagamento por conta desse recurso que entrou na conta do clube diretamente dele.

E onde a Consultiva entra nessa história?
Não sei. Tem que perguntar a Performance, porque não há nenhuma ligação entre ele e a Consultiva e a Consultiva nessa situação. Tem que perguntar de onde a auditoria tirou essa informação.

Mas o imposto de renda?
Imagino isso. Houve um aporte de recurso dele para o clube. É uma conta simples. Há a entrada de recurso e a saída. Amortização do empréstimo.

Por que o Bahia paga o imposto de renda de Kabrocha?
Volto a dizer a resposta anterior. Reconheço que isso não é o procedimento adequado. Daí a ser um procedimento ilegal é outra história. Reconheço que não é adequado. Agora, qual a explicação? Você faz um empréstimo, depois você tem um dinheiro a receber. Houve um abatimento no encontro de contas desse recurso no pagamento do imposto. Simples. Esse procedimento é adequado? Não. Esse procedimento deveria ter sido feito? Não. Mas daí a ser um procedimento ilegal há uma distância.

Mas não foi uma amortização porque o mesmo dinheiro de Kabrocha foi devolvido ao clube. Ele depositou o mesmo valor…
Eu não tenho essa informação. Esse ponto especificamente eu não posso responder. É como eu falei desde o começo. É preciso pegar ponto a ponto e olhar qual é a acusação. É preciso pegar a memória de cálculo disso tudo para eu poder responder. Do que eu li no jornal é isso.

E em relação à Cidade Tricolor?
Essa aqui é a ata da assembleia de sócios que aprovou a troca, permuta. A palavra certa não é permuta. O negócio que foi feito entra a OAS e o Bahia. Aqui na assembleia de sócios ela fala, na ata, dos R$ 18 milhões que seria a construção e avaliação que foi feita, que a auditoria achou de maneira correta, a avaliação do terreno de R$ 14 milhões. Nós expusemos isso para o Conselho, expusemos isso para a assembleia na época. Vocês tiveram acesso a tudo isso na época. O terreno foi avaliado em R$ 14 milhões do Fazendão. A construção, a obra, em R$ 18 milhões. Nós teríamos que pagar esses R$ 4 milhões. Os conselheiros sabiam disso, os sócios também, como está aí na ata. Esses R$ 4 milhões serão pagos a OAS e Odebrecht. Eles são os donos da Arena Fonte Nova. Nós tínhamos esse débito com a construtora por conta da construção do CT, a Cidade Tricolor. Um investimento que a gente achava que valia a pena. A gente tinha que fazer esse esforço para ter um dos melhores CT’s do Brasil. Como está lá, pronto, entregue, bonitinho e precisa ser utilizado. Esses R$ 4 milhões, evidentemente, o Bahia tem dificuldade para pagar. Até se fosse R$ 1 milhão, R$ 500 mil, o Bahia teria dificuldade. A OAS, em determinado momento, nos propôs que, como ela também é sócia da Fonte Nova junto com a Odebrecht, que ela se acertasse internamente com a Arena Fonte Nova, e recebesse esse recurso direto da Arena Fonte Nova, dentro do recurso que o Bahia tem a receber do contrato que temos com a Fonte Nova. Foi isso o que foi feito, sem problema nenhum, nós assinamos. Essa parte da auditoria ela está absolutamente correta. O valor não era mais de R$ 4 milhões. Acho que o valor está um pouco mais de R$ 4 milhões porque o índice de correção… Todo mundo aqui já deve ter comprado apartamento. Depois que passa um tempo, corrige, etc e tal. Sem problema nenhum, foi dessa forma que foi feita. O restante, essa outra parte aí, não sei como a auditoria achou isso. O contrato está lá dentro do clube, assinado pela OAS, pelo Bahia, com as atas assinadas, da assembleia, do Conselho. Aí, quem precisa responder da publicidade é quem está lá.

Existem Transcons envolvidos na negociação?
O que pode haver é o Transcon utilizado, mas eu preciso também pegar esses contratos… Pode ter que haja alguma coisa de Transcon no terreno. Quando o Bahia recebesse o Transcon. Isso é preciso que se pegue o contrato que está lá. É só pegar e dar publicidade. O que está lá foi assinado, acordado, entre o Bahia, os sócios, o Conselho Deliberativo, etc. Especificamente quanto aos R$ 18 e R$ 14 milhões, eu tenho a ata que está certo, sem nenhum tipo de problema.

Não é um negócio que o Bahia sai perdendo?
De forma nenhuma. Vocês viram o CT como está sendo feito. Aliás que está sendo feito não, o CT está entregue lá, pronto. Onde o Bahia está ganhando? Um CT pronto daquele, onde é que o Bahia está ganhando? A questão, no meu ponto de vista, desde o primeiro momento, nunca foi financeira. Pelo contrário, é estrutural, o futuro do clube. Vou dar uma de repórter e fazer a pergunta a você: Se o Bahia não tivesse CT, e em determinado tempo lá atrás não teve, não ia ter nada pra trocar. O Bahia teve que tirar do bolso e construir um CT. Você acha que em determinado momento jogou o dinheiro fora?

O mercado diz que o Fazendão vale R$ 14 milhões e a Cidade Tricolor vale R$ 8 milhões? Vale pagar esses R$ 20 milhões do novo CT?
Você está falando do terreno. Vale até mais. No meu ponto de vida vista, vale até mais. Estamos investindo no futuro do clube. Todos vocês já escreveram e eu já ouvi da torcida de que um clube sem estrutura não vai à frente, de que precisa de estrutura pra poder trabalhar. Quando cheguei no Fazendão, eu canso de dizer isso, não tinha academia, não tinha fisioterapia, não tinha fisiologia, tinha esgoto passando a céu aberto que nós tapamos. Demos dignidade ao CT, uma sala de imprensa para vocês trabalharem. Se o Bahia não tivesse o CT, não tivesse investido no Fazendão eu, como qualquer outro dirigente, estava sendo criticado porque o Bahia não tinha estrutura, não tinha campo pra treinar, os jogadores iam reclamar, etc e tal. No meu ponto de vista, vale a pena e é uma questão subjetiva. Você pode achar que não vale, não tem problema nenhum. No CT, temos tudo que temos no Fazendão e mais ainda. Quatro campos prontos. No Fazendão vocês sabem que temos praticamente um que, aliás, fui eu que construí, pois quando cheguei lá não tinha. Nós tínhamos aquele campo meia boca. No CT novo temos quatro campos. Cada um daqueles custou quase R$ 1 milhão.

Você fez o campo número 2 no Fazendão e não deu manutenção, pois está horrível.
É verdade, mas assim…É verdade o que você está dizendo, mas comparando um com o outro, estão lá os quatro. Lá tem banheiras, equipamento isocinético, salas para equipamentos, hotelaria, tudo o que não tem no Fazendão. No meu ponto de vista, vale a pena sem dúvida nenhuma. Só espero que as pessoas que estão à frente do clube hoje não tenham uma postura raivosa, não tenham uma postura que deponha contra o clube e queiram desmerecer um equipamento que está pronto para ser utilizado. O Bahia precisa mudar pra lá, porque isso vai ser bom pro clube. Não importa se fui eu que fiz, se fui eu que não fiz.

A lista de funcionários revelou que duas irmãs suas trabalharam no clube. O ex-vice-presidente jurídico do clube, Ademir Ismerim, disse que não conhecia uma delas. O que você tem a dizer sobre isso?
Existem no departamento jurídico, duas irmãs minhas, que são advogadas do clube. Recebiam a remuneração dentro do que o mercado paga. Uma recebia R$ 15 mil bruto e era coordenadora, que tratava com Ismerim, e outra recebia R$ 8 mil. Aliás eu me arrependo. Devia ter pago R$ 30 mil. Os interventores recebiam R$ 60 mil, como recebia Rátis pra esse trabalho. Estou pagando muito menos do que o mercado pagava. Todas duas trabalhavam no clube, sem nenhum problema. Davam o seu horário de trabalho normal no clube, assim como o advogado Raimundo, o doutor Igor, a doutora Laila, que eram também pessoas com que Ismerim não tinha o contato diário. Tenho absoluta convicção de que Ismerim respondeu aquela pergunta de maneira honesta. Muito mais do que ele ir ao clube, a Luciana, que é a coordenadora do departamento, tratava com ele das coisas. Eventualmente ia no seu escritório, tratava dos assuntos, etc e tal. Todas duas iam lá normalmente, trabalhavam lá. É só perguntar a quem trabalhava no Fazendão. Ismerim também não conhecia o doutor Raimundo, porque fazia um trabalho atrás da carteira. Ismerim, como outros vice-presidentes, tem a sua atividade. Ele não dava suas oito horas diárias de trabalho dentro do Esporte Clube Bahia. É natural, pois a sua atividade estava fora do clube. Haveria uma surpresa se ele trabalhasse todos os dias no clube e falasse que não conhecia a Renata. O departamento jurídico, fisicamente, não fica no Mundo Plaza. Ficava lá no Fazendão.

Mas, mais do que uma questão meramente administrativa, você não acha que contratar duas irmãs suas pra trabalhar no clube é uma questão antiética?
Eu posso aceitar o argumento, mas me prendo no seguinte: quero que me apontem no estatuto onde é que está a ilegalidade disso. Se o estatuto me proibisse de fazer isso, eu não faria. Alguém viu isso no estatuto isso? A matéria novamente fala isso, do jornal A Tarde, mentindo, de novo, por diversas vezes, que o estatuto proibia. Alguém achou no estatuto alguma proibição? Não há. Eu aceito o argumento que seja moralmente questionável. Como hoje, por exemplo, estou ouvindo falar, já li, que o cunhado de Rátis vai ser o diretor de negócios do clube. Faço o mesmo questionamento.

Aprofundando um pouquinho nessa questão do estatuto, o estatuto veda vice-presidentes serem remunerados e outras questões do quadro de funcionários como Eliseu Godoy ainda como funcionário, Ruy Accioly sendo presidente do conselho e estando como superintendente. Algumas questões específicas.
No caso dos vice-presidentes, antes de eles assumirem a vice-presidência, eram diretores do clube. Bom, a esse questionamento, tudo bem, aceito também o questionamento. Não vejo irregularidade para justificar minha saída do clube por causa disso. No caso especifico de Ruy Accioly, quando eu assumi o clube, como outros diretores, ele já era remunerado como diretor-superintendente do clube desde muito tempo atrás, desde quando o Bahia era controlado pelo banco Opportunity. Então, ele tornou-se presidente do conselho do clube depois de já estar exercendo o cargo de superintendente do clube, muito antes da minha administração. Também cai no mesmo caso de Sacha e outros vice-presidentes, já eram, depois acumularam o cargo. No meu ponto de vista, sem problema, mas aceito o questionamento.

E a questão de Eliseu ainda estar na folha de pagamento do Bahia?
Ele trabalhou no clube durante muito tempo, ajudava…

Mas saiu antes de Angioni chegar.
É, ele saiu do cargo específico de diretor. Ajudava o clube, talvez não desse a carga horária que devesse dar, mas trabalhava no clube, ia lá, nos assessorava, nos reuníamos semanalmente, não vejo nenhuma ilegalidade nisso, mas é uma questão subjetiva.

Marcelo, qual era a função de Cristóvão da Bamor no Bahia e mais dois membros da organizada?
Esses dois entraram há pouco tempo, três meses. Cristóvão, quando ele nos procurou… aliás, eu sempre me dei muito bem com Cristóvão, a gente sempre teve uma ótima relação. E quando ele nos procurou e conversamos dessa possibilidade de ele trabalhar no clube, ele já não fazia mais parte dos quadros da Bamor. Foi, inclusive, uma exigência nossa, mas que nem precisava ser feita já que ele não estava mais pertencente aos quadros da Bamor e a nossa ideia era fazer uma interação com a torcida, coisa que ele realmente fazia. Ele era, lá quando era diretor da Bamor, diretor de relações públicas. Eu não vejo nada de anormal.

Mas ele é formado em jornalismo ou relações públicas pra fazer essa função?
Não sei. Sei que ele fazia essa função.

Mas não é estranho contratar uma pessoa que você sabe que talvez não tenha conhecimento para fazer tal função?
Mas a minha ideia, a nossa ideia era alguém que fizesse o link com as torcidas. Pode se fazer todo tipo de crítica à torcida organizada, mas há uma relação.

Ele era a pessoa que fazia o relacionamento do Bahia com as torcidas?
Isso, exatamente, relacionamento com a torcida. Pode se fazer qualquer tipo de questionamento com relação às torcidas organizadas do Bahia, Vitória, Flamengo, etc. e tal, mas o fato é que elas existem e que elas se relacionam com o clube. Como é que eu, presidente do Bahia, não vou atender um presidente da Bamor ou da Povão ou da Fiel? Como é que Alexi Portela não vai falar com os presidentes das torcidas organizadas do Vitória, como é que o presidente do Flamengo ou do Corinthians não vai falar? Tem que ter uma relação, acho natural e foi nesse sentido que ele foi contratado pra trabalhar com a gente.

Você acha que ele era a pessoa adequada para fazer isso?
Exatamente, junto com a assessoria de imprensa e todo corpo que fazia essa parte de comunicação. Não há departamentos estanques no clube. Ele fazia, como outras pessoas faziam também.

A auditoria aponta que 60% dos ingressos a mais que o Bahia eram doados para a torcida, certamente as organizadas, apesar de isso não estar especificado. Você acha certo essa relação de dar ingresso à torcida organizada? Qual seu interesse com isso? E, segundo a auditoria, durante os últimos meses o Bahia teve um extra de mais de R$1,2 milhão em ingressos comprados e que não poderiam ser vendidos. Ou seja, esse valor foi gasto pelo Bahia pra dar ingresso.
Para deixar claro, essa prática também aconteceu durante a intervenção. O Rátis também deu ingressos durante o período que ele esteve à frente do clube. O que acontece é o seguinte: o Bahia tem contratos com seus parceiros e, por esses contratos, o Bahia tem obrigação de ceder ingressos de relacionamento. Além disso, o Bahia, evidentemente, faz o seu relacionamento como qualquer empresa precisa fazer. Pra isso, a gente pegava ingressos e a Arena depois descontava da gente sem nenhum problema. O que eu imagino que a auditoria pegou de maior foi a quantidade de ingressos no Ba-Vi. Aí não precisa nem explicar. A Bahia inteira queria ir pro Ba-Vi, inauguração da Fonte Nova, o estádio mais bonito do Nordeste, todo uma atenção… Então, evidentemente, que nesse dia específico houve uma demanda maior.

Mas, na verdade, o que chamou a atenção não foi o Ba-Vi. Foi o jogo contra a Luverdense, em que mal houve público e teve 890 ingressos extras.
Só da Petrobras são mil ingressos. Mesmo que ela não pegue, está lá no borderô. E o Bahia tem que pagar. Então, assim, está no contrato, está explicado. O que o Bahia pegou a mais, pagou. O que a gente tem que ceder por contrato, a gente cede. O excesso foi no Ba-Vi por ter sido o Ba-Vi, a inauguração, e o que se pegou a mais, o Bahia, pelo contrato com a Arena, pegou, se descontou e foi pra fazer relacionamento como qualquer empresa. Não há nada de anormal.

O Bahia fez um contrato de R$ 9 milhões com a Arena e R$ 5 milhões foram pra pagar o CT e R$ 1,2 milhão de ingressos. Tudo descontado na fonte, vamos dizer. Sobra pouco para o clube investir, não?
A análise, com todo respeito, não pode ser tão simplória, o Bahia tem apenas a receita da Arena Fonte Nova. De qualquer forma, mesmos sendo descontos na fonte, foram descontos ou atividades que o Bahia fez com a consciência de que eram necessários naquele momento pra fazer relacionamento, para conquistar uma coisa no futuro, por força de contrato. Muita gente dá uma conotação que foi feito algo fora do padrão e que se desperdiçou. Tem gente que me para na rua e diz “Quanto ingresso o Bahia deu!” (risos).

Um questionamento que se faz é por que o contrato foi tão baixo em relação, por exemplo, ao que o Náutico fez com a Arena Pernambuco, já que as arenas são geridas pelas mesmas empresas. Por que? Você recebeu algum tipo de pressão para fechar com a Fonte Nova? Houve pressão do governo? Você hoje considera o contrato bom?
Considero o contrato bom, aliás, excelente. Não recebi nenhum tipo de pressão para assinar o contrato. Pelo contrário, acho que a gente segurou o máximo pra fechar o contrato. E desconheço essa informação que o contrato do Náutico seja melhor que o do Bahia. Não existe isso. O Náutico até onde eu sei recebe ou R$ 350 mil ou R$ 500 mil por mês para jogar lá. Há uma diferença entre o Bahia e o Náutico. O Náutico tinha um terreno num local extremamente bem localizado e que esse terreno, até onde eu sei, não vi o contrato, entrou na negociação. É bastante diferente. O Bahia não tem nada, não tem estádio pra jogar e teve que negociar com a Fonte Nova. O Náutico tem onde jogar, tem um terreno extremamente bem valorizado e fazer uma negociação com a arena. Ainda assim, o contrato do Bahia com Arena Fonte Nova junto do contrato do Náutico com a Arena Pernambuco é muito mais vantajoso. Nós, na época, tivemos acesso a isso. Se não me engano, o Náutico recebia R$ 350 mil inicialmente e, com a evolução do contrato, receberia R$ 500 mil. O contrato do Bahia é muito bom, é um ótimo contrato, e mais, é um contrato de apenas cinco anos. Daqui a cinco anos, isso vai permitir uma renegociação desse contrato onde a gente pode, quem estiver à frente do clube, trazer mais direito. (Jorge Copello faz, então, um adendo: são R$ 9 milhões fixos mais variáveis).

E contrato do Bahia é, no meu ponto de vista, tão bom que nós conseguimos garantir uma receita fixa porque nós não tínhamos nenhuma segurança, como ninguém tinha, do que é que ia acontecer, se o estádio ia ou não ficar cheio. Tanto que a gente conseguiu uma receita fixa e jogou um percentual em cima da média de público se o estádio enchesse. Como era uma experiência nova, nós não sabíamos o que ia acontecer. O pessoal tá fazendo público zero porque Schmidt é presidente? Deu 5 mil pessoas no último jogo…

Mas esse contrato que o Bahia fez não causou o que a gente está vendo, um estádio vazio?
Não, acho que aí não uma discussão que cabe ao Bahia apenas. Aí é uma questão estrutural, conjuntural. Está acontecendo no Rio de Janeiro, vai acontecer em São Paulo, é uma experiência nova, ninguém sabia como ia ser essa gestão. A gente conseguiu fazer um contrato de cinco anos, o que foi ótimo nesse sentido porque a gente vai conseguir renegociar no futuro. Não é um problema só daqui. Está claro que tem um problema com o preço do ingresso, sem dúvida nenhuma. Tanto que desde antes, o público vinha se mostrando receoso ou reticente em ir ao estádio. Deu cinco, seis mil no último jogo? O público foi muito pouco, muito pequeno.

Não foi informado em nenhum momento de sua gestão que havia sido vendido 40% de Talisca…
Foi informado.

A questão não é informar ou não informar a venda de Talisca. O clube tem o direito de vender os jogadores. Mas Talisca é um jogador com passagem por seleção de base e teve 40% vendido por R$ 400 mil. Queria saber: para quem e por quê um valor tão baixo?
Divirjo de vocês no seguinte: foi publicizado, sim. Divulgamos isso na época sim. O que aconteceu com Talisca? Eu vou repetir o que já disse lá atrás. Talisca era empresariado por Reginaldo, da Bahia Soccer, um braço da Antoniu’s. Em determinado momento, a empresa de Bobô, Jessé e Sandro…

Você reafirma que é a empresa de Bobô?
Com certeza absoluta. Ele foi no Bahia para tratar de negociação de atleta…Você vai tratar por uma empresa que não é sua? Ele já tinha tirado Vander do Bahia, foi e assediou o Talisca. Nós tínhamos renovado o contrato dele com a Bahia Soccer. Ele assediou o Talisca para sair da Bahia Soccer e ir trabalhar com eles. Nesse momento, para que o Bahia não perdesse o atleta, porque o atleta sairia do clube, nós tivemos que fazer uma operação de emergência para comprar novamente os direitos econômicos e federativos do Talisca. Chamamos novamente, eu chamei pessoalmente, a negociação foi feita diretamente pela presidência. O Reginaldo foi lá no Mundo Plaza e eu disse: “Olhe, nós vamos perder o atleta. O atleta está saindo do clube. Ele não quer mais que você o represente. Ele está indo ser representado pela empresa de Jessé, Sandro e Bobô”. Ele respondeu: “Marcelinho, eu sei disso. Já tentei persuadir o atleta. Ele não quer ficar e nós vamos perder”. Bom, para não perder a gente teria que comprar. Eles (Bobô, Sandro e Jessé) estavam pedindo R$ 2 milhões, depois R$ 1,5 milhão para renovar o contrato senão tiraria o atleta do Bahia…

Você não tinha renovado com ele?
A gente tinha renovado um tempo antes. Não lembro quando a gente tinha renovado. (Nesse momento, Jorge Copello, então diretor administrativo, pede a palavra e esclarece: “Na verdade é o seguinte: a gente tinha renovado, mas não foi para o papel. Tinha acertado as bases salariais com o pessoal). Foi isso aí. Pediram R$ 2 milhões, depois R$ 1,5 milhão, uma negociação normal. Chegou-se ao número de R$ 800 mil. Era o número final. Dali não abaixava mais e não aumentava mais. O que a gente precisava fazer? O Bahia não tem R$ 800 mil para dar. Se não desse, ia perde o Bahia, ia perder a Bahia Soccer, ia perder todo mundo. O que nós fizemos? Bom, qual o esforço que o Bahia pode fazer? R$ 400 mil é o máximo que o Bahia tem para pagar ao atleta. E os outros R$ 400? Não tem. O que é que o Bahia fez? O que é que eu fiz? Prestígio pessoal. Liguei para Carlos Leite, que é um empresário de futebol e disse: “Carlos Leite, tem um jogador aqui no Bahia chamado Talisca. É um jogador com passagem pela seleção ect e tal. Você se interessa em ajudar o Bahia para renovar o contrato?”. É corriqueiro no futebol brasileiro isso. Ele disse que se interessava. Poderia dizer que não e eu iria buscar outra pessoal. O Bahia comprou 40% do atleta com R$ 400 mil e ele comprou os outros 40%. Os outros 20% ficaram com Sandro, Jessé e Bobô, que não tinham nada e ficaram com esse percentual de graça na renovação, de bônus. Nós divulgamos isso, que renovamos o contrato.

Você não disse especificamente como foi, apenas que Carlos Leite foi importante.
Porque, evidentemente, talvez até não faça isso no futuro, mas os contratos são feitos entre pessoas de empresas privadas, não tem que ficar se discutindo isso. Aliás, tem até uma coisa que eu vejo que há dois pesos e duas medidas da imprensa em geral. Quando o Bahia vende um jogador, quando o Bahia diz que vai vender um jogador, o Bahia tem que publicar o extrato da conta, detalhar a conta. Quando o nosso rival vende um atleta, não vejo ninguém perguntar quanto foi, quanto entrou de dinheiro, para onde foi o dinheiro, como foi feito. Nenhuma nota. (Sacha completa: “Não criticaram Alexi por Vander estar no Vitória e Willie no Vasco com passe estipulado em R$ 1 milhão).

Em relação à venda de Filipe, a empresa Almeida e Dale tinha direito a 15%, segundo a auditoria, mas recebeu 30% sem ter havido nenhuma alteração no contrato.
Quem tinha 15% desse atleta era a Virtus, de uma pessoa chamada Marcos. Ele vendeu os 15% dele para a empresa Almeida e Dale (que já tinha 15%). O pagamento foi feito à empresa Almeida e Dale. Esse contrato entre a Virtus e a Almeida e Dale deve estar entre eles.

Você acabou de falar que podia fazer algumas coisas diferentes do que você fez. Após esse período todo, qual avaliação que você faz. Do que acha de tudo que veio a público da sua gestão, o que você faria diferente?
No caso de venda de jogador, por exemplo, embora tivesse e tenha (e eu acho justo que tenha) cláusulas de confidencialidade, publicar tudo isso. Passar por cima das cláusulas de confidencialidade e mostrar para a torcida. Fui ficar preso ao que os contratos diziam, e terminamos gerando naturais dúvidas e questionamentos em relação à venda de atletas. No mais, eu acho que tudo o que aconteceu foi natural. Natural, digo a pressão da torcida. É natural pela grandeza do clube, pelo desempenho em campo. Vai acontecer sempre. Comigo, com outro presidente qualquer. É diferente, por exemplo, de nosso rival. O Bahia é pressão, tem que ganhar sempre. Em termos de torcida isso vai sempre acontecer. Uma coisa que poderia ter feito diferente era isso: publicizar essas vendas, de maneira mais clara e não me prendendo ao que o jurídico dizia sobre as cláusulas de confidencialidade.

Como você acompanhou a votação do Bahia para presidente? Como acompanhou a felicidade da torcida em estar votando? O que você achou disso? Acha que poderia ter feito isso? Por que você não fez isso?
Com relação à torcida, eu acho que tudo o que a torcida fez, tudo o que a torcida faz é absolutamente normal. Todo torcedor é igual. Ninguém é mais ou menos Bahia. Todo presidente de clube passa por momentos bons e difíceis. Todos são carregados, todos são criticados. Vou responder essa pergunta dizendo o seguinte: assistir a uma entrevista de Kalil, presidente do Atlético-MG. O cara perguntou a ele qual a maior alegria como presidente. Ele respondeu: “Foi a torcida do Galo gritando, no estádio cheio: Kalil, Kalil, Kalil”. E sua maior decepção? “Foi a torcida do Galo gritando no estádio: Kalil ladrão, Kalil Ladrão, quando tomou 6 a 1 do Cruzeiro”. O que acontece com um presidente de clube acontece com qualquer um porque quando se dirige um clube de massa, você tem que ganhar sempre. Se não ganhou, virão as críticas, virão os torcedores exaltados. Principalmente quando você tem um tempo longo de presidência, quatro, cinco anos, como era o meu caso. Natural.

Com relação ao processo eleitoral, eu acho o seguinte: fui muito criticado porque criou-se a ideia de que nós atropelávamos o estatuto, não divulgávamos a lista de sócios, cometíamos ilegalidade, o que não cometíamos. Tudo isso aconteceu nessa eleição. O Schmidt, que está colocado hoje pela Justiça, não era sócio do clube. Foi aprovado um estatuto novo, numa assembleia geral de sócios, e esse estatuto, aprovado durante a intervenção, diz que o sócio precisa ter 12 meses para ser votado no clube. Schmidt não tem 12 meses de sócio. Ele não era sócio. Ele foi lá, pagou 12 meses de uma vez só, R$ 480. O Valton não era sócio, foi lá e pagou 12 meses de vez. O interventor aceitou e eles se candidataram. Há ilegalidade maior do que essa?

Por que você não registrou o estatuto e o Bahia continuou com o estatuto de 2008, já que é um ato simples ir em um cartório?
É um ato simples, foi uma falha. Nós registramos a ata da mudança do estatuto. A ata está registrada em cartório. O mais importante para a gente, em nossa opinião, era ter registrado a ata da reunião que mudou o estatuto. Esta ata está registrada em cartório com todas as mudanças que foram feitas. Nós íamos fazer o registro, deveríamos ter feito um registro, só que ficamos de enviar para um revisor. Nesse ínterim, realmente caiu no vazio, nós esquecemos. Foi uma falha.

Agora, voltando ao processo eleitoral, o estatuto foi resgado. O estatuto aprovado pela intervenção foi rasgado e quem está lá, está lá ilegalmente. Há ilegalidade maior do que essa? Tem gente no conselho, por exemplo, os irmão de Valton Pessoa, que estão nesse conselho agora, eles não eram sócios do clube. Deixaram de pagar e não eram. Respeitando o estatuto aprovado pela intervenção, não tinham que estar lá. Eles tinham que cumprir o prazo de um ano para serem candidatos. Eu não vi ninguém falar nada sobre isso.

Você pretende entrar com alguma ação por causa disso?
Não. A Justiça está tratando do processo. Eu acredito que nós temos razão. Em algum momento, se a decisão favorável acontecer, eu vou obedecer, como obedeci a decisão lá atrás, de me afastar. Aliás, todo esse processo acontece porque um conselheiro não votou na eleição e fez esse questionamento na Justiça. Houve uma decisão desproporcional, na minha opinião, do juiz Albiani decretando a intervenção no clube. O razoável seria que ele vote ou que ele seja reintegrado ao quadro de conselheiros. O curioso, é que nós mostramos inclusive uma matéria no jornal A Tarde, o jornalista Daniel Dórea teve acesso aos livros do clube. Ele viu e registrou que o Jorge Maia não participou das reuniões durante os três anos de conselho. E ele fez esse questionamento. Tudo bem, é um direito dele ir na Justiça. Foi desproporcional. Mas o processo vai continuar. Em algum momento, se a decisão sair favorável, tem que obedecer.

Mas você foi eleito presidente com um conselho que, segundo a intervenção, mais da metade dos conselheiros não eram nem sócios do clube.
Bom, volto a dizer, é segundo a intervenção. Como, também, estou dizendo, afirmando e mostrando, procura saber do quadro social. Eu estou dizendo que não era (ilegal). Ele está dizendo que era. Como estou dizendo que agora é. A Justiça é quem vai decidir.

Você afirma que todos os conselheiros que te colocaram como presidente do Bahia eram sócios?
Afirmo. Todos eles eram sócios. A intervenção disse que eu não era sócio, imagine!? (risos)

Essa é a questão. Você ficou com pendência de documentos e seu título seria remido comprado de terceiros, então você não poderia votar nem ser votado. O que você tem a dizer sobre isso?
Exatamente, mas não tem em lugar nenhum do estatuto. O que aconteceu? Em determinado momento a intervenção disse que eu não era sócio do clube. Fiz o questionamento de porquê não sou sócio. O que quer que eu apresente? Quer que eu apresente o título comprado e a carteira de sócio. Bom, eu sou sócio do Bahiano de Tênis, eu sou sócio do Yatch Club. Não tenho a carteira e não tenho o título que eu comprei há 15 anos. Eu não sei onde é que está. Eu não guardo papel. O clube é que tem que ter em seus registros a minha compra. Eu não tenho o título. O que eu disse foi o seguinte: você quer que eu apresente a carteira e o título, mas eu não tenho, eu perdi. Agora, você é que tem a obrigação de olhar no arquivo e ver que eu comprei o título. Aí ele respondeu que eu estava apto, de repente. Eu não estava apto em um dia, mas no outro dia eu passei a ser apto sem apresentar documentação nenhuma. Eu não apresentei nada.

Seu título foi comprado diretamente no clube ou na mão de terceiros?
Meu título foi comprado em maio de 97. Se eu não me engano, na mão de terceiros, porque na época o clube não tinha mais a emissão de títulos remidos.

Foi você ou seu pai que comprou?
É muito tempo para lembrar dessa informação. Essa era uma prática antiga, as pessoas compravam e davam para os filhos. Meu número é 222.

Você acha que é justa a joia do Bahia ser R$ 10?
Bom, eu acho o seguinte, não vou responder se a joia é justa ou não é. É o anseio da torcida que seja R$ 10? Então vai ser R$ 10. Se, por acaso, amanhã eu voltar ao clube, não vou mexer nisso. A gente vai regularizar o que foi feito de maneira, na minha visão, ilegal. Se a torcida quer que seja R$ 10, vai ser R$ 10. Agora, o que me causa espécie é Osorinho do Bahia, Sidônio, que é o Osorinho (referência ao ex-presidente Osório Villas-Boas) do Bahia hoje, dizer durante todo esse processo que o Bahia teria 50 mil sócios, depois reduzir para 40 mil sócios, que 18 mil estavam aptos, que 18 mil iam votar e, no dia da mudança do estatuto, apenas três mil apareceram lá e, se você tirar os 300 antigos, a conta cai para 2.700, e nem cinco mil terem ido votar para presidente. E essa lista, segundo os candidatos que concorreram com o presidente colocado pela intervenção, não foi liberada. Não sou eu que estou dizendo, foram os candidatos que disseram.

O que aconteceu nesse processo foi claramente um aparelhamento político da situação. Me causa espécie que um secretário de estado tenha saído de suas atribuições de secretário de estado para concorrer à presidente do clube. Que um presidente de uma empresa pública, como é a Ebal, com status de secretário de estado, saia da secretaria para ser diretor administrativo do clube, que um assessor de imprensa da secretaria de indústria e comércio saia de seus afazeres para ser assessor de imprensa do Bahia. Ligação mais clara do que essa com o governo do PT, eu não consigo enxergar. A participação de Osorinho em todo esse processo, o tempo inteiro. Teve reunião com os jogadores essa semana. Quem comandou a reunião foi Sidônio Palmeira, marqueteiro do PT. Quem vai ao clube todos os dias é Sidônio Palmeira. Eu pergunto: qual é o cargo de Sidônio Palmeira nessa nova gestão? Ninguém aqui sabe responder. O que eu sei é que ele é marqueteiro do governo do PT. O que ele está fazendo todo dia no Fazendão eu não consigo entender.

Eu respeito as pessoas que têm história no clube. Até aquelas que fazem oposição a mim. Todas elas que fazem oposição a mim. Jorge Maia, todos esses outros. Eu respeito porque são pessoas que militam no clube, que são torcedores do Bahia. Divergem de mim, pensam diferente, mas são torcedores. Sidônio Palmeira nunca foi em um estádio, não sabe que a bola é redonda. Não tem uma militância no clube, nada. O que é que ele está fazendo nesse processo, em todos estes 60 dias? O que é que ele está lá dentro do Bahia todos esses dias? Ele cuida das contas do governo. A sua empresa, Ativa, é quem capta recursos para a Arena Fonte Nova. É a empresa de Sidônio Palmeira. Essa relação é que precisa ser explicada. Sidônio Palmeira, Ativa, Arena Fonte Nova, Leiaute, contas do governo do estado, participação dele no Bahia esse tempo inteiro. Eminência parda do clube. Eu assistia debates durante esse processo que sinceramente me dava pena de ver as pessoas perguntarem a Fernando Schmidt e ver Sidônio responder.

Mas aí não entra uma questão que é a tônica do que você disse durante essa conversa toda que talvez seja imoral, mas não é ilegal?
Não. Eu disse o seguinte: no caso de minhas irmãs, elas eram contratadas pelo clube, tinham um motivo para estar lá. Sidônio não é nada do clube. Então ele tem que ser vice-presidente e ir para lá, tudo bem, não tem problema nenhum. Mas ele tem que ter um cargo, qual é o cargo? O cargo legitima a presença dele lá. Mas não tem. Ele está lá fazendo o que? Ele é marqueteiro do PT, é dono da Leiaute. Foi ele quem reuniu com Anderson Barros, ele que reuniu com os jogadores, ele quem reuniu com os vice-presidentes, ele é quem está lá todos os dias. Aliás, eu acho que vocês até, que são jornalista e querem ter informações do Bahia, não têm de perguntar ao presidente colocado pela intervenção. Tem de perguntar ao Sidônio. Ele que tem de ser entrevistados.

Aliás, tem de resolver o problema do time. Tem que parar de fazer festa porque ganhou a eleição, tem que parar de fazer festa porque assumiu o clube, tem que parar de dar entrevista. Não pode, no primeiro jogo, com o Bahia em uma situação difícil no campeonato e jogando com um adversário direto, o presidente não estar na Fonte Nova, estar em São Paulo dando entrevista. Tem que estar cuidando do time. Quero saber se em dezembro, se o Bahia cair, o que é que vai se dizer. Vai dizer que fui eu? Eu saí do clube, o Bahia estava em quinto lugar no campeonato (na verdade, 11º). Quando o Bahia estava ganhando durante a intervenção, foi a intervenção que botou o time para ganhar. Não venham dizer, quando o time perdeu, que foi o time que eu montei. Quando estava ganhando eu não prestava. Quando passou a ganhar foi a intervenção. Nesses dois meses eu já teria contratado, existia um planejamento para contratações. O clube ficou parado nesses dois meses. Tem que contratar. Tem que tirar a bunda da cadeira, parar de dar entrevista e cuidar do time.

Mas você não acha que não existe esse tipo de planejamento? Por que esse planejamento de contratação repete todo ano e o Bahia brigando para não cair. Você ia acabar contratando e o Bahia, pelo andar da carruagem, vai continuar brigando para não cair. O elenco é fraco.
Mas são duas coisas que precisam ser colocadas. O que aconteceu no Campeonato Baiano eu digo e repito. Basta ver a posição dos dois clubes no Campeonato Brasileiro, basta ver que os dois clubes foram eliminados no mesmo momento na Copa do Brasil. Os dois clubes estão andando lado a lado no Campeonato Brasileiro. Não há diferença. O que há, e eu faço minha mea culpa, em determinado momento do Campeonato Baiano eu não consegui enxergar que os problemas internos estavam interferindo no campo. Tomei uma decisão errada como presidente. Como vou acertar e vou errar. Como outros vão acertar e vão errar. Isso é uma coisa. Outra coisa é a conjuntura atual do futebol brasileiro em que clubes como o Bahia, Sport, Vitória, Coritiba, Atlético-PR, salvo um momento ou outro, vão ter dificuldades para disputar o campeonato de pontos corridos. Agora, é fato que até eu estar à frente do clube, estávamos em quinto lugar (na verdade, estava em 11º). É fato que, com dificuldades ou não, eu mantive o clube dois anos no Campeonato Brasileiro da Série. É fato que eu fui campeão baiano. Agora, é preciso cuidar do clube daqui para frente. Não adianta nada ficar resmungando. Se o meu planejamento estava errado, faça melhor. Planeje melhor. Se minhas contratações eram erradas, contrate melhor, mas resolva. A torcida quer que o time ganhe. Eu assisto ao jogo com meus filhos, torcendo para o Bahia ganhar, sofrendo. Não quero saber quem está à frente do clube. Quero que ele ganhe. É o que a torcida quer. Tem que resolver o problema, parar de fazer festa.

Houve uma reunião entre uma goleada e outra nos Ba-Vis, na casa de Davidson Botelho, com você, Davidson, Sidônio Palmeira… Foi negociada sua renúncia?
Não. Todas as conversas que eu tive, essa foi uma das conversas, eu sempre coloquei claramente que não ia renunciar. Não tem motivo para renunciar. Não vou renunciar. Se algum movimento extra de Justiça, que dava confiança naquela época a essas pessoas de que ganhariam na Justiça… Eu confio na Justiça, mas se havia, tome suas providências. Não há nenhum motivo para eu sair. Não há pressão que me faça sair dessa forma e vou cumprir o mandato da forma como planejei. Terminar meu mandato em 2014, passar para outra pessoa e cuidar da minha vida.

Você acredita que pode voltar? Você quer voltar? Você se candidataria para assumir novamente o cargo no futuro?
Meu projeto o tempo inteiro, antes do processo de intervenção, era terminar meu segundo mandato. Me candidatei para mais três anos para implementar os projetos que a gente tinha de inaugurar a Cidade Tricolor, jogar na Fonte Nova, ganhar três baianos, ser campeão da Copa do Brasil e continuar na Série A chegando o mais longe possível. Esses eram e continuam sendo meus planos. O processo está na Justiça. Eu tenho que acreditar. Eu acho que a Justiça precisa decidir. Em algum momento será decidido quem está certo e quem está errado. Eu acho que estou certo e acredito que a sentença sairá a meu favor. Tenho desejo de cumprir meu mandato.

Se candidataria novamente?
Não, porque não era meu plano.

Como você lida com a rejeição da torcida?
Com tranquilidade. Todas as torcidas têm paixão igual, a torcida do Bahia é a melhor do Brasil, mas a paixão é igual. Tem um depoimento de um presidente campeão da Libertadores, que a torcida vivia rejeitando e depois carregou. Eu, há um ano atrás… Quando a intervenção começou, pouco mais de um ano antes eu estava carregado. É natural, futebol é isso. Você ganha, é exaltado. Você perde… Eu não estou deixando de fazer minhas atividades, saio normalmente, nunca fui agredido, nem verbalmente, nem fisicamente. Ontem, é curioso, fui comprar numa delicatessen perto lá de casa, o cara me perguntou como estava o processo na Justiça. Agora, óbvio que eu enxergo que o torcedor… Até porque o processo é muito complicado, a gente sabe das forças que estão contra mim neste processo, mas não tenho medo nenhum de voltar à presidência e terminar bem meu mandato.

A política no futebol é benéfica para o clube?
Acho que você não pode (…) uma entidade como Bahia, como o Flamengo, Atlético-MG, tem força política e você precisa da força política para estar se relacionando, mas há uma diferença muito grande de quando eu assumi, estando deputado federal, para o momento atual. Primeiro, eu não usei o Bahia para me eleger. Eu disputei três eleições antes de ser presidente do Bahia, todas as eleições eu venci, todas as três sem usar o Bahia em momento nenhum. Na minha última eleição em momento algum vocês me viram colocar outdoor, colocar carro de som, colocar carro de som na porta de Pituaçu, como vários colocaram, nunca coloquei para me aproveitar do torcedor. E outra diferença brutal é que na minha gestão não existiam políticos como agora.

Você acha que o que você falou da primeira-dama influenciou em algo?
Não. Até porque eu não falei nada demais. Tudo aquilo que eu falei foi uma reação ao que foi dito anteriormente de mim. Fui atacado por pessoas públicas que militam na política, como eu milito também. Então, esse é o embate político. Se a pessoa fala, tem que saber ouvir. Não falei nenhuma inverdade da senadora Lídice, de Nelson Pelegrino, não falei nenhuma inverdade. Sobre a primeira dama, eu reconheço que o que eu falei pode ter gerado interpretações diversas e afirmo novamente que não tive nenhuma intenção de expressar aquilo que eu quis dizer, que ela é uma pessoa que nasceu no bairro em que eu nasci, eu conheço a família dela, ela conhece a minha família, há muito tempo. Então ela sabe quem eu sou e eu sei quem ela é. Foi isso o que eu falei, mais nada. Não a conheço, não tenho intimidade.

A contratação do advogado Antônio Carlos Castro, o Kakay, foi feita com a intenção de ser pago pelo Bahia?
Contratei ele enquanto presidente do clube. O réu da ação é o Esporte Clube Bahia. A ação é Jorge Maia contra o Esporte Clube Bahia. Então, quem tem que se defender na Justiça, quem está se defendendo na Justiça é o Esporte Clube Bahia. Eu não consigo enxergar outra atitude a não ser essa. Foi contratado para defender o Esporte Clube Bahia que é o réu da ação. Essa presidência que está aí é uma presidência sub-júdice até chegar a decisão final. Ao final a Justiça vai dizer quem está certo e quem está errado.

Você acha que o poder executivo influenciou no judiciário?
Não posso fazer essa afirmação. Eu seria irresponsável. Espero que não, mas não vou fazer essa acusação.

Quando você falou do PT, você diz que o PT está usando o Bahia com fins eleitorais?
Para mim, claramente. Basta ver as pessoas que estão lá. Repito, as pessoas que estão lá hoje são pessoas que estavam no governo. Então, é claro o aparelhamento do governo no Esporte Clube Bahia. Espero que não façam com o Bahia o que fizeram com o Estado. O Estado está quebrado. Não sou eu quem estou dizendo, é o ex-secretário da Fazenda do Estado.

Provei uma série de mentiras que foram ditas pelo pessoal da intervenção e pelo atual presidente. Por exemplo, que o Bahia tinha antecipado, que eu tinha antecipado as receitas do clube para os próximos três anos. Vocês receberam por email e está aqui. Eu antecipei R$ 6 milhões até dezembro e a intervenção antecipou mais R$ 2 milhões, e com a Fonte Nova também.

E o bônus da Globo?
Bom você tocar nisso. Não existe antecipação desse recurso. A Globo pagou a todos os 20 clubes do Brasil que disputam o Campeonato Brasileiro da Série A, ao Bahia, ao Vitória, ao Internacional, ao Corinthians, etc, o valor pela assinatura do contrato. Pagou na hora. Isso não é antecipação de receita.

Você mandou um e-mail para explicar a negociação de Gabriel onde diz tem um extrato que foi tirado quando a intervenção estava em andamento. Você teve acesso à conta do Bahia durante a intervenção e ainda tem?
Não tenho mais acesso a conta do Bahia. O fato é que até antes do processo de intervenção eu tinha acesso a conta. Parei de ter quando a intervenção.

Mas o extrato foi tirado durante a intervenção…
Bom, prefiro não falar sobre isso. O fato é que vocês tiveram acesso ao email provando que o recurso entrou na conta do clube.

Para deixar claro, sobre a empresa Consultiva: seu pai e seu irmão são sócios?
São.

Por que o Bahia contratou a empresa de seu pai e de seu irmão e o que você tem a dizer sobre isso?
Eles são sócios sim. O Bahia não contratou essa empresa para nada e não existe aquilo, o valor de R$ 2,3 milhões depositados na conta da Consultiva. Quem está lá dentro tem toda a ferramenta para provar isso. Isso é uma mentira.

Você leu o relatório da auditoria?
Não. Eu pedi ao Ministério Público e soube que está disponível em algum lugar, mas eu não tive acesso ainda.

OUTRO LADO

Fernando Schmidt
Sobre não ser sócio: “Ninguém conseguiu descobrir os documentos relativos a condição de sócio dele. E, por uma benevolência da comissão eleitoral, foi aceita a condição dele de votante. Eu não. Me beneficiei de uma resolução da comissão eleitoral e das leis da república, da constituição e da legislação esportiva. Sócio patrimonial tem direito a uma parte do patrimônio e essa parte não pode ser expropriada sem garantir o processo legal. A comissão interventora aceitou esses argumentos e fixou o prazo prescricional previsto no código civil pra eu ficar adimplente”.

Não-recolhimento de FGTS na primeira gestão: “Desconheço completamente isso. Quando saí do Bahia, o clube tinha todas as certidões negativas relativas aos órgãos do governo federal, estadual e municipal”.

Sec. Estadual de Comunicação Robinson Almeida
Sobre o ‘aparelhamento político do Bahia’: “Marcelo Filho está procurando culpados para sua destituição do cargo. A presença de Schmidt se dá pela sua história e seu envolvimento para além de partido e de governo no Bahia”.

Bobô
O superintendente da Sudesb, Bobô, não foi encontrado para comentar as alegações de Marcelo Filho.

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