O presidente Marcelo Guimarães Filho deu interessante entrevista para a edição desta segunda-feira do jornal Correio*, em que chegou a falar sobre a permanência do meia Carlos Alberto, apesar de o jogador ficar mais tempo fora do que em campo, não ter feito ainda nenhum gol ou nem mesmo qualquer assistência. Confira o bate-papo com o repórter Marcelo Sant´Ana:
Qual a avaliação do trabalho de Paulo Angioni no futebol? Bom, principalmente na organização e por dar respeito ao Bahia no cenário nacional. Angioni abriu o mercado pra gente e também teve o mérito na subida à Série A. Tem erros, claro, mas é do futebol.
O contrato é até o final deste ano ou não há nada no papel? Porque o Palmeiras o procurou.Houve duas tentativas. Em uma, até o Felipão ligou para o Paulo. Não há contrato no papel, mas uma relação de confiança e não há chance dele sair.
Falta melhor ligação entre o futebol profissional e a base? Sim. De três meses pra cá, nós temos feito ajustes. Em 2012, vão subir sete ou oito jogadores, outros vão com a comissão técnica de Chiquinho (de Assis) disputar o Paulista da A-2 pelo Monte Azul e vamos contratar bem menos. Investimos R$ 3 milhões na base este ano.
E quem fica para 2012? Lomba fica, Dodô parece ter proposta de fora, Paulo Miranda é da Traffic, então não sei, negociamos com Titi, Marcos vamos tentar, Fahel tem contrato, Fabinho é útil, principalmente se Marcone tiver proposta, Hélder tem contrato, Júnior também, Souza já manifestou interesse…
Então, por esta tentativa de manter a base, foi um erro desmontar o time do ano passado? Não. Ano passado, jogamos a Série B. Agora era preciso ter time de Série A. A gente investiu e mesmo assim não fazemos o campeonato que queria.
Mas Figueirense e Coritiba mantiveram e estão bem. A gente fala pelo resultado, claro, mas não há uma fórmula de sucesso. Para 2012, sim, vamos ter a base. Para este time dar certo, faltou o setor de criação. Carlos Alberto é bom jogador, Ricardinho e Magno, também. Mas a posição ficou carente.
O Bahia quer manter Carlos Alberto apesar de tudo? Eu quero manter Carlos Alberto porque tenho a seguinte tese: você precisa ter jogador de qualidade porque não vai esperar de quem não tem resolver alguma coisa. Óbvio que Carlos Alberto não teve o desempenho que deveria e ele sabe. Mas precisa uma equação financeira.
Ávine, Marcone ou Ananias podem ser boas vendas? O Bahia não pode ter medo de vender jogador, embora eu não tenha vendido ninguém em três anos. Ainda não chegou proposta boa. O Bahia precisa acreditar que sabe formar e vai formar novos após as vendas. Por Ananias, ofereceram jogador mais dinheiro. Não é o ideal.
Ávine valeria quanto? Temos 50% do direito econômico de Ávine. Assim, como calculo que Ávine vale 3 milhões de euros, então metade.
E Jorge Wagner? Esteve perto, não deu, mas vou tentar de novo.
Por que o atraso no projeto do novo centro de treinamento? Houve demora na aprovação dos projetos na prefeitura e órgãos competentes. O terreno é em Dias D´Ávila e em Camaçari. A previsão são 20 meses de obra e, em dezembro, será lançada a pedra fundamental.
E o CT terá qual estrutura? Tudo o que temos hoje – academia, fisioterapia, fisiologia, hotelaria, quatro campos, caixa de areia, etc -, mas com qualidade melhor e maior. Faltará basicamente o Museu, o ginásio, o campo sintético e mais cinco campos. Esta etapa custará R$ 18 milhões e, para fazer o complemento, R$ 10 milhões.
E a desapropriação da sede de praia se arrasta por política? Por muita coisa. O Bahia é muito grande e, para tramitar em prefeitura e governo, demora… Mas não acredito em má vontade. E agora tem o Ministério Público, que está analisando, mas não há irregularidade.
Qual o valor real? Será através de transcons (títulos públicos que a prefeitura usará como moeda). O valor nominal é R$ 14 milhões, mas o valor de mercado pode chegar a R$ 30 milhões.
Quer o Vitória na Série A? O dirigente esportivo vê, sem demagogia, bom o acesso de qualquer time baiano. É o mesmo caso em São Paulo. Pegar Barueri e Bragantino é mais fácil e o deslocamento, menor. Como torcedor, eu não tenho assistido jogos da Série B, exceto terça, mas, na frente da TV, é torcendo contra (risos).
Você se relaciona com alguém do Vitória? Converso a cada dois meses com Alexi (Portela Júnior, presidente). A gente poderia ter uma relação mais próxima porque há interesses comuns, mas não tem, talvez por um cultura daqui que deveria mudar.
O maior incômodo como presidente é não vencer o Baiano? Sinceramente, não. O Baiano é importante, mas meu objetivo era voltar à Série A. É até obrigação o Bahia ganhar o Baiano. Agora o Bahia precisa começar a brigar por campeonatos mais importantes. O Bahia tem que brigar por Sul-Americana, Recopa, Copa do Brasil, tentar ir à Libertadores e, no futuro, disputar o título Brasileiro.
As críticas à sua gestão, mesmo na crise, são menos pesadas que a de gestões anteriores… Primeiro porque o torcedor está vendo o trabalho institucional e de infraestrutura. O Bahia tem projetos fora de campo: CT novo, ida para a Fonte Nova e mais novidades. Isto, com uma boa comunicação via assessoria, redes sociais ou imprensa, tem feito a diferença. Até com a oposição há diálogo.
Você vai recuperar a figura do vice-presidente, como Gilberto Bastos foi na época da eleição? Aquela figura foi criada informalmente até na expectativa pela reforma do estatuto. Aliás, foi proposta de campanha e quero mudar o estatuto para ter o voto do sócio. Mas, na assembleia de aprovação, um grupo entrou na Justiça por não concordar e o assunto está travado, o que é pouco inteligente de quem entrou, porque interrompeu a discussão que ele tem interesse.
E a prefeitura em 2012? Eu era pré-candidato pelo PMDB, mas surgiu a questão de Mário (Kertész) ser candidato e conversei internamente como partido e com Mário, que tem mais nome e bagagem. Mas ninguém é candidato até março e a política é dinâmica. Eu sou novo, tenho 35 anos e hoje o projeto é Mário Kertész.
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