A matéria abaixo é dos repórteres Daniel Dórea e André Uzêda e está publicada na edição deste sábado do jornal A Tarde. Observação 1: o texto não cita, mas o endereço da empresa em questão coincide com o da OAS Imóveis de acordo com nota publicada em 29 de março de 2009 pelo site da construtora, do mesmo grupo que patrocina o Bahia (comprove
aqui).
Observação 2: ao contrário do que a direção gosta de falar para quem critica qualquer coisa do clube, torcemos até mais do que eles, não somos “tumultuadores” e oxalá derrotemos o Sport neste domingo… Porém, o assunto é grave e há indícios de que possui ainda mais ingredientes. Confira:
`Na porta da sala 808, no Edifício Empresarial Costa Andrade, em Salvador, não há qualquer placa ou identificação do negócio que ali funciona. Trata-se da sede da Calcio Esportes e Investimentos, fundada em 15 de abril de 2011. Apesar de ser uma empresa relativamente nova no mercado, a Calcio já ostenta negócios no mundo do futebol que superam a casa do milhão.
Há uma semana, o Bahia anunciou a venda do volante Filipe, promessa de 19 anos, ao grupo do empresário português Jorge Mendes, que agencia as carreiras de Cristiano Ronaldo e José Mourinho. A transação alcançou a cifra de 2,2 milhões de euros (R$ 5,72 mi). O clube ficou com 50% (R$ 2,85 mi) e o empresário Marcos Vinicius, que trouxe o jogador do Cruzeiro para o Fazendão, levou 30% (R$ 1,71 mi). Faltou uma fatia do dinheiro. Esta coube à Calcio, que abocanhou R$ 1,14 milhão, o que corresponde a 20% do jogador. O curioso é a razão pela qual a empresa teve direito a esta parcela da divisão.
Em junho de 2011, o Bahia levou o time sub-21 para disputar o Torneio Angelo Dossena, na Itália. Sem recurso para custear a viagem, como confirma o presidente tricolor Marcelo Guimarães Filho, o clube foi bancado pela então recém-fundada Calcio, cujo dono é André Silva Garcia, delegado da polícia civil.
Em contato por telefone com a reportagem de A TARDE, André Garcia afirmou: Ficamos com 20% de Filipe por meio de uma permuta (com o Bahia). Financiamos a viagem e recebemos a contrapartida.
A empresa dele já havia lucrado cerca de R$ 400 mil na venda do meia Maranhão para o Cruz Azul, do México, no início deste ano. Segundo o delegado, o valor era referente também a 20% do atleta, que a Calcio conseguiu a partir de outras permutas com o Bahia.
A TARDE apurou que antes de abrir a Calcio, o delegado enfrentava dificuldades financeiras que lhe valeram um processo movido por um banco, em 2010. Não falo sobre minha vida pessoal, rebateu André, ao ser questionado sobre o assunto pela reportagem.
Ao criar a Calcio, ele estabeleceu como expectativa de faturamento para 2011 como forma de ter acesso à linha de crédito de Pessoa Jurídica R$ 220 mil, cifra em muito ultrapassada após as negociações de Maranhão e Filipe. O delegado ainda viria a tornar-se conselheiro do Bahia, em polêmica substituição de 58 nomes no conselho do clube, em 2011.
Empresários revoltados – Um documento oficial do Bahia, de janeiro de 2011, em posse do ESPORTE CLUBE, comprova que o clube detinha 70% dos direitos econômicos de Filipe antes do surgimento da Calcio. Segundo denúncias de fontes que pediram anonimato, com medo de represálias, empresários que levam atletas ao Bahia estão revoltados, pois o clube estaria pressionando para que os contratos de parceria com a Calcio sejam assinados, o que o presidente tricolor nega. Por isso, a empresa deteria porcentagens de cerca de 90% dos jogadores da base.
Temos vários atletas, mas não posso informar quantos por questão estratégica, limitou-se a dizer o delegado André Garcia à reportagem.
Presidente contesta: Não há favorecimento na base do Bahia
Em relação à atuação da Calcio no Bahia, o presidente do clube, Marcelo Guimarães Filho, foi enfático: Há duas formas de uma empresa ter porcentagem de um jogador da base do Bahia. Ou trazendo o atleta, ou fazendo um investimento no clube. Este é o caso da Calcio, que ajudou o Bahia e ficou com 20% dos direitos de Filipe.
Questionado pela reportagem sobre a disparidade de valores entre o tal auxílio (a viagem para a Itália) e a contrapartida que a empresa recebeu, o dirigente rebateu: Não lembro de cabeça, mas com certeza a Calcio não ajudou só com essa viagem. E esta não é a única empresa que possui vários jogadores no Bahia. Isso é normal no futebol.
Sobre o delegado André Garcia, dono da Calcio, Marcelo Filho disse que mantém apenas relações profissionais, assim como com outros empresários.
No elenco profissional, a empresa detém 20% dos direitos de dois jogadores titulares: o lateral Madson e craque do Baianão, Gabriel (que acaba de trocar de empresários e é mais um no elenco azul, vermelho e branco a pertencer a Carlos Leite, assim como Titi e Souza, por exemplo).
Relação com a Loja 88
No site da Calcio, na seção de parceiros, chama atenção um anúncio da Loja 88, oficial do Bahia para venda de produtos do clube. Responsável pelo estabelecimento, Paulo Henrique Leitão explica: O que fazemos com essa empresa e tantas outras é uma parceria. Nós ofertamos promoções de produtos e eles anunciam nossa marca. É uma relação profissional.
Marcelo Guimarães Filho também comentou o assunto. São duas empresas privadas (a Calcio e a Loja 88) e eu não posso me meter nesses assuntos. Eles fazem a parceria que acharem conveniente, afirmou.`
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