De Patrícia França, no jornal A Tarde desta sexta-feira:
“Seis das oito empresas ligadas aos empresários (G-8) sob investigação na Operação Octopus Higiene, Organização Bahia, Postdata, Masp, Protector e Seviba já vinham sendo investigadas pelo Ministério Público Estadual desde 2002. Porém, o trabalho dos promotores não pôde avançar, dentre outros motivos, porque a quebra dos sigilos bancário e fiscal solicitadas ao Poder Judiciário da Bahia foi negada.
O MP pediu a quebra dos sigilos, uma vez que na investigação ficou evidenciado que aqueles que constavam como sócios de algumas das empresas não eram os verdadeiros proprietários. Dois fatos chamaram a atenção dos promotores: os ditos sócios não tinham informações a respeito das empresas que administravam, nem as condições financeiras dos mesmos correspondiam aos altos valores dos contratos. Alguns deles residiam em bairros do subúrbio de Salva dor.
A informação é do procuradorchefe do Ministério Público Estadual, Lidivaldo Britto, que ontem, no final da tarde, conversou por telefone com a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon relatora do inquérito que apura o esquema de fraudes em licitações para realização de obras públicas, desmontada pela Operação Navalha. Britto informou à ministra que o MP encaminhará ao STJ todas os documentos das apurações feitas nestas empresas, ao tempo em que comunicou a retomada das investigações pelo Ministério Público.
O procurador, que também conversou com o governador Jaques Wagner (PT), encaminou à secretária da Casa Civil, Eva Maria Cella Dal Chiavon, ofício requerendo cópia de todos os contratos vigentes e os termos aditivos, firmados pela administração direta e indireta, com prestadoras de serviços nas áreas de limpeza, conservação, segurança e atendimento, bem como a relação das empresas contratadas nos últimos cinco anos, cujos prazos de vigência tenham expirado.Esse mesmo ofício foi encaminhado ao prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PDT).
LARANJAS As investigações do MP nas empresas do G-8 foram deflagradas em 2002, no governo Otto Alencar (PFL), e prosseguiram até março de 2003, na gestão de Paulo Souto (PFL), quando foram interrompidas. O inquérito foi instaurado para apurar indícios de fraudes em licitações da área de conservação e limpeza.
O trabalho de investigação foi conduzido pelas promotoras Rita Tourinho e Heliete Viana, do Grupo Especial de Atuação em Defesa do Patrimônio e da Moralidade Pública. Pública.
O MP, segundo Rita Tourinho, detectou que as licitações não eram conclusivas, em função de recursos e ações judiciais, o que levava o agente público, alegando razões de emergência, a dispensar as licitações, mas manter o contrato com essas empresas por meio de aditivos.
O expediente, definido pelo procurador Lindivaldo Britto como uma mina, permitia que contratos recebessem aditivos 50% maiores que o valor contratado inicialmente. Mas o fato que despertou a atenção do MP de que havia algo de estranho foi a descoberta de que a Higiene e a Organização Bahia eram de um mesmo grupo empresarial. A Polícia Federal acredita que o dono da Organização Bahia seja o ex-deputado estadual Marcelo Guimarães (PL), também dono da Seviba. Levantamento feito pela ONG Contas Abertas mostra que as duas empresas de Guimarães receberam, de 2002 para cá, R$ 26 milhões da União pela prestação de serviços de segurança e limpeza.
Mudanças freqüentes na composição societária das empresas e a presença de sócios comuns em muitas delas também chamaram a atenção do MP. Umdos sócios da Higiene não sabia quem eram os outros sócios e, espantoso, tratavase de pessoa simples, que jamais estaria à frente de empresa com contratos de R$ 2 milhões, assinala a promotora”.”.
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