De Paulo Simões, no jornal de A Tarde desta quarta-feira:
“Um dia rico, no poder; um dia pobre, sem comer. A segunda estrofe da poesia sobrou para Neto Apolônio. Falta dinheiro, sobram contas. Para o jogador, 2005 vai embora tarde. Começou mal e está terminando pior.
Final do treino à parte, curado da inflamação no púbis, o evangélico Neto subiu os degraus do Fazendão sem olhar para os lados. Parecia orar. Passaria mudo não tivesse que responder aos cumprimentos, parar para conversar.
À pergunta de como vai levando a vida, respondeu que nada anda bem. O Bahia, há muito, não lhe paga. Já não pode ajudar a família, o pai passou a ajudá-lo. Os compromissos estão atrasados, o celular bloqueado.
Neto foi incluído no grupo de jogadores que não interessam para 2006. O técnico Luís Carlos Cruz chegou com boas informações suas, mas a decisão da diretoria já estava tomada. Neto espera negociação com outro clube.
Depois de oito anos de Bahia, quatro como titular, o homem de confiança do ex-técnico Vadão será obrigado a partir. Sei que, depois de tantos resultados ruins, a gente se desgasta. Mas não precisava sair assim, chateado.
Titular absoluto no time de 2004 e nem tanto nesta temporada, Neto também recebeu o último pagamento feito ao grupo. Eles disseram que a prioridade é para quem está jogando. Mas afinal, também tenho família, considerou.
Neto informa que não vai protestar novamente. Meu estoque de argumento esvaziou. Entrego tudo a Jesus. Nunca fui de reclamar em público, nem pensei que um dia ficaria aborrecido com meu clube.
A parte menor do salário, a da carteira, vai completar 90 dias de atraso no final do mês. O direito de imagem, a parte gorda da remuneração, está bem atrasado. Quanto tempo? Deixa pra lá. Se contar vocês vão chorar.
FORÇA O técnico Vadão é sua melhor esperança de emprego em 2006. A internet já menciona o desejo do amigo em tê-lo na Ponte Preta. Se ele não ligar, vou procurá-lo. Afinal, eu também tenho que me mexer.
Neto baixou enfermaria depois da partida contra o Náutico, pela Série B, por não suportar a dor que sentia desde abril. Evaristo cansou de dizer: não jogue contundido. Não vale a pena. Estava certo”.
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