De Miro Palma, no jornal Correio* desta sexta-feira:
“Ele foi apresentado no Fazendão no dia 23 de janeiro do ano passado. Até a vitória por 2×0 contra o Juazeiro, na última quarta-feira, Zé Roberto havia realizado 46 jogos com a camisa do Bahia e feito apenas um gol. Dono do maior salário do elenco, aproximadamente R$ 170 mil, o jogador, enfim, justificou a sua contratação. Aplaudido de pé pela torcida no primeiro jogo da semifinal, o meia-atacante de 32 anos bateu um papo com a reportagem antes da viagem para Juazeiro, onde o time enfrenta os donos da casa mais uma vez, sábado.
Sua atuação contra o Juazeiro surpreendeu. Como evoluiu?
É muito trabalho. Soube assimilar as críticas nesse tempo e sei que tenho que melhorar sempre. Na hora que a equipe mais precisasse, sabia que o futebol iria aparecer. Quem trabalha comigo no dia a dia não ficou surpreso.
Você atribui essa melhora à perda de peso?
Não tenho dúvida que isso influencia. Em relação ao ano passado, me sinto outro jogador. Estou bem mais leve, solto em campo. É visível pra todo mundo. Isso é trabalho da fisiologia, musculação, nutricionista… Tem que fechar a boca e correr um pouco mais do que os outros.
Chegou a hora, então, de recuperar o tempo perdido?
Tenho até o final do ano pra mostrar muito trabalho. É claro que eu não estou satisfeito com uma partida e tenho certeza que o torcedor também não. Nem o meu treinador. O pensamento é sempre de fazer coisas melhores. A partir de sábado (amanhã), apaga tudo e vamos fazer uma partida melhor pra chegar na final.
Tomou gosto por fazer gol?
É bom fazer gol. Prometer eu não posso porque não sou goleador. Mas se eu tiver a oportunidade, procuro sempre fazer, né? Tento sempre servir, infernizar a zaga adversária, da forma que eu sempre joguei. Se deixar, vou fazendo meus golzinhos aí.
Você foi elogiado por partir pra cima. Faltava isso?
O torcedor quer atitude. A gente estava fazendo algumas coisas previsíveis, com medo da reação do torcedor. Não vou tentar um drible, porque se errar o torcedor vai vaiar. Quando você joga futebol com tensão, sem alegria e confiança, o torcedor percebe. Quando ele vê que você tá tentando jogar pra frente, é claro que vai vir com a gente.
Era receio de arriscar?
É assim que eu sempre joguei. É por isso que onde passei ficou essa marca tão forte, com um futebol alegre e pra frente. Estava perdendo isso. Faltava mais irresponsabilidade dentro de campo. Tem que ousar mais. Um time objetivo procura isso, sem medo de errar. A atitude tem que mudar daqui pra frente.
Nesse momento de crise, sua experiência é fundamental?
Como sou mais rodado, sinto menos, pois já vivi isso. Às vezes, você pega uns garotos que estão passando pela primeira vez por um momento difícil. O cara sente muito, sem dúvida. É a hora dos mais experientes pedirem calma, dando incentivo e passando confiança aos mais jovens. É o momento de chamar mais um pouco a responsabilidade. Nesses momentos de turbulência, os mais rodados sabem o que fazer e dizer.
Já dá pra pensar no título?
Eu só penso em ser campeão. Minha carreira, graças a Deus, é recheada de títulos. Gosto de ganhar. Só assim você é lembrado. Temos um jogo difícil contra o Juazeiro, num campo complicado. Vamos ter que esquecer um pouco a técnica e ir na garra, como se fosse uma batalha. O primeiro objetivo é chegar à final. Na decisão, o Bahia é forte, um time acostumado a conquistar títulos. A camisa pesa nesses momentos.”
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