Em mais uma coluna especial para o jornal A Tarde, o jornalista, escritor e membro da Academia de Letras da Bahia, João Carlos Teixeira Gomes, o Joca, voltou a jogar duro com o presidente deposto do Esquadrão. Confira o texto dele, que é filho do primeiro goleiro da história do clube:
`As manifestações nacionais contra a bandidagem política continuam produzindo resultados: assustado com a vaia que tomou no Maracanã, o presidente Blatter, da Fifa, admitiu agora que nosso País teria sido escolha errada para a Copa de 2014. Os protestos mostraram ao mundo o embuste de que com Lula e o PT o Brasil tinha virado o país das maravilhas.
Desejo voltar ao tema “futebol” por uma razão simples: considero que a intervenção decretada pela Justiça no Bahia é uma das mais relevantes ocorrências já registradas no futebol brasileiro. Sendo um clube de massa com enorme repercussão social, o Bahia vive um momento decisivo da sua trajetória. A intervenção terá que ser o degrau para transformá-lo numa potência futebolística, democratizando sua gestão e afastando os oportunistas travestidos de tiranos que vinham desfigurando a vida do clube, culminando com a presença catastrófica de Marcelo Guimarães Filho. “O Bahia tem dono, é o seu torcedor” – dizem os cartazes espalhados pela cidade. Nada mais correto e eloquente.
Enumerarei a seguir algumas das aspirações que torcedores me pediram encaminhar ao interventor Carlos Rátis:
1) querem saber como anda o processo instaurado em Brasília contra Marcelo, o gestor Angioni e um diretor do clube por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e contratações suspeitas, do qual não se divulgou mais uma linha sequer;
2) desejam ter acesso a dados como os salários mensais (além de eventuais mordomias) de MGF e sua diretoria, elementos fundamentais de que ninguém jamais tomou conhecimento;
3) saber dos métodos de aplicação das altas rendas dos jogos, mistério que ilustra a falta de transparência da diretoria;
4) relação dos nomes e atuação do conselho fiscal, órgão que, se existe, nunca revelou publicamente sua atividade;
5) levantamento das contratações na gestão MGF, muitas das quais absurdas e evidenciando malbaratamento de recursos e práticas suspeitas, denunciadas na Justiça no processo já referido. É unânime a condenação ao ocultamento da vida administrativa do Bahia.
Talvez estimulado pela absolvição do marqueteiro Duda, MGF contratou para defendê-lo, com o dinheiro do clube, o advogado Kakay, que, sem conhecer as tradições e a história do Bahia, a identificação do tricolor com nosso Estado, a força e paixão da sua torcida, desandou a fazer declarações inoportunas, inclusive atacando a Justiça baiana. Chegou ao cúmulo de afirmar que processos de intervenção prejudicam o futebol brasileiro, quando, ao contrário, só podem beneficiá-lo, por ajudar a instaurar a ética e a decência no comando dos clubes.
É possível que, ao aceitar o caso, Kakay não soubesse que Marcelo, mais do que repudiado, é um cartola odiado pela torcida, fato que ele logo entenderia se frequentasse a Fonte Nova. Só para argumentar, o improvável retorno do ex-presidente (cuja saída logo melhorou o time, aumentando sua fama de “pé frio”) seria a instauração de uma crise sem precedentes em nosso futebol, com riscos pessoais desaconselháveis.
Kakay deveria inclusive perguntar ao seu cliente por que ele é chamado pela torcida de “presidente 51” ou “presidente 73″… O advogado não conhece a tradição de dignidade de ex-presidentes tricolores como Jaime Guimarães, Amado Bahia Monteiro, Zelito Bahia Ramos, Fernando Schmidt e tantos outros que engrandeceram a história tricolor, sem tentarem aproveitar-se do clube, muito menos manipulando seu conselho. Um conselho, aliás, de 300 omissos (que saudades dos 300 de Esparta!), 14 dos quais, segundo leio em A TARDE, entraram com um agravo judicial “por se sentirem penalizados com a intervenção”. Ora, “penalizado” vem sendo o Bahia há anos, desde os 7 a 0 de Marcelo pai contra o Cruzeiro, aos 7 a 3 de Marcelo filho contra o Vitória, num espantoso ciclo de incompetência familiar.
É possível que nesses recursos haja o dedo ardiloso de Kakay, prova de que a torcida do Bahia precisa da mais absoluta união, além da vigilância do interventor, para vencer de vez a máfia dos infiltrados, oportunistas e beneficiários da situação deposta.´
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