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Fonte Nova, velhos problemas

Notícia
Historico
Publicada em 2 de agosto de 2007 às 13:28 por Da Redação

Quinze de março de 2007. Em visita ao governador Jaques Wagner, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, garantia a realização de uma das partidas das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2010, prevista para a África do Sul, em Salvador.

O jogo ainda não tem data definida, mas já deve acontecer no ano que vem. Até aí, tudo ótimo. Não recebemos a Seleção desde o século passado (a última foi em 5/6/1999, um amistoso que terminou empatado em 2 a 2 com a Holanda). Porém, do jeito que a Fonte Nova está, não vai dar.

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Quem diz isso é o próprio diretor de operações da Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), Nilo Júnior, que estima um investimento de pelo menos R$ 5 milhões para o Octávio Mangabeira abrigar decentemente o time canarinho. E olhe que seria reformado apenas o “básico”, nada estrutural, como setor de imprensa, cantinas, banheiro, uma nova pintura, etc.

“O estádio está sujo e mal conservado realmente”, admite Júnior, antes de alegar que quando assumiu, em janeiro, não havia um prego, um rolo de papel higiênico e uma lata de tinta sequer no almoxarido da Fonte. Planos para reabilitar o local não faltam, acrescenta. Dinheiro, sim.

“Não há dotação orçamentária. Existia apenas R$ 100 mil em caixa, que ficaram presos, contingenciados, até março”, afirma, responsabilizando a gestão anterior. “O que vejo é um grande descaso da Administração Pública. Foram dez anos sem fazer nada”, acusa.

CONTRADITÓRIO – Último superintendente da Sudesb, Marcos Cavalcanti se defende: “Estive à frente por 30 meses. Nesse período, gastamos R$ 1,5 milhão, fazendo a recuperação dos pontos críticos do estádio”. Ele cita duas rampas de acesso, os apoios das pilastras de sustentação, o suporte dos refletores, “que antes balançavam”, e a reconstrução de 30% dos sanitários.

“Com exceção de um vaso depredado, foram todos mantidos”, diz Cavalcanti, acreditando que o torcedor respeitou as obras. “Agora, claro que um estádio cinqüentenário necessita de mudanças. Quando saímos, deixamos lá que seria preciso um investimento emergencial de R$ 3 milhões já em 2007”.

Segundo ele, a mais recente reforma estrutural foi feita em 1993. Em seguida, ocorreram a do gramado e a do novo sistema de iluminação.

Novo ocupante do cargo, o ex-craque Raimundo Nonato Tavares da Silva, o Bobô, garante que apesar das dificuldades, “a Fonte Nova está melhor atualmente do que a que eu encontrei”. “Na época, a situação estava tão ruim que precisamos interditar 75% de sua capacidade. Havia um risco claro de causar um problema sério aos seus freqüentadores”.

Bobô argumenta que realizou uma série de ações, com recursos próprios, a exemplo do jateamento das arquibancadas. O processo já estaria avançado. “A partir daí, poderemos pensar na pintura, mexer um pouco na parte estética”. O dirigente afirma que foi realizada pesquisa junto aos profissionais da imprensa, torcedores e no site oficial da Sudesb. Será uma variação de três tons de azul, antecipa o ex-camisa 8.

PRAZO – Bobô aproveita para contar que a aguardada “reforma total vai começar no início do próximo ano”. Diz que o governo estadual vai bancar, embora continue explicando que, para a possível Copa de 2014, no Brasil, será mesmo erguido uma nova arena em Salvador. Na região do Octávio Mangabeira ou na Avenida Paralela? Ainda é mistério.

Questionado sobre a presença de sem-teto nos arredores do portão 9, fala que aí se trata de uma questão bastante complexa e mais do município. “Temos mantido contato com a Secretaria de Combate à Pobreza, mas é difícil. O pessoal sai e depois volta”. Uma saída seria a colocação de um gradil removível na parte externa do estádio.

Diretor de operações Nilo Júnior lembra que além da Fonte, o órgão tem a obrigação de cuidar da Vila Olímpica, Estádio de Pituaçu, Centro Esportivo Armando Oliveira, na Avenida Gal Costa, Espaço ACM Brasil, no bairro da Liberdade e 32 ginásios por toda a Bahia.

“Para completar, trabalhar no setor público complica”, acrescenta, alegando que para qualquer coisa é necessário se fazer licitação. Se fosse um estádio particular, todos os problemas já estariam resolvidos, acredita. “Já teve um bocado de gente que nos procurou, propondo permuta, algo do tipo, mas não tínhamos o que fazer”. De qualquer forma, diz que a concorrência da restauração dos banco de reservas está pronta.

Sempre alvo de críticas da torcida, o placar eletrônico não tem previsão para ser trocado. “De fato, ele está defasado, porém um novo custa em torno de 320 mil dólares. E não podemos pôr anel de ouro em focinho de porco. Tudo depende de dinheiro. Também queríamos montar um sistema de alto-falante, já comum em todo o Brasil, mas um bom, com acústica no estádio inteiro, custa cerca de R$ 500 mil. Infelizmente, não dá”.

Ponto positivo é para o trabalho promovido nas escolinhas de base da Fonte Nova. De acordo com Bobô, ele envolve 6.600 pessoas, entre a criançada e a terceira idade. Há aulas diárias de inúmeros esportes. “Pena que o que traz visibilidade é o de alto rendimento”, lamenta.

LEGISLAÇÃO
Prevê o Estatuto do Torcedor (Lei nº 10.671, de 15 de maio de 2003):

Art. 13 – Direito à segurança nos locais onde são realizados os eventos esportivos antes, durante e após a realização das partidas. Será assegurada acessibilidade ao portador de deficiência ou com mobilidade reduzida;

Art. 22 – Que os ingressos emitidos sejam numerados, devendo o torcedor ocupar o local correspondente ao número constante do ingresso;

Art. 28 – Direito à higiene e à qualidade das instalações físicas e dos produtos alimentícios vendidos;

Art. 37 – A entidade de administração, a liga ou o clube que violar ou de qualquer forma concorrer para a violação do disposto nesta lei, poderá sofrer: I destituição de seus dirigentes; II suspensão por seis meses dos seus dirigentes; III impedimento de gozar de qualquer benefício fiscal em âmbito federal; e IV suspensão por seis meses dos repasses de recursos públicos federais da administração direta e indireta.

Leia também: Antigo funcionário culpa falta de educação

Matéria publicada originalmente, por esse mesmo autor, na edição desta quinta-feira 02/08/2007 do suplemento A Tarde Esporte Clube

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