É hoje. Há exatos 31 anos, o Esquadrão conseguia um dos resultados mais espetaculares de sua história, especial para construir a imagem da “estrela tricolor”, da “equipe de chegada”, características do clube. “Agora posso acreditar no que me diziam sobre o Bahia. Esse time é mesmo incrível. É inacreditável. Nem eu, nem ninguém acreditava”, disse ao final do jogo o técnico Aymoré More, que havia comandado o Brasil campeão do mundo no Chile, em 1962.
O Esquadrão de Aço disputava a segunda fase do Campeonato Brasileiro de 81, caindo num grupo em que estavam Corinthians, Ponte Preta e Santa Cruz. Pela combinação de resultados e após ter levado 4 a 0 dos pernambucanos no Recife, o Bahia precisava golear o Santa por uma diferença de cinco gols na Fonte Nova, na última rodada, para se classificar.
Além da grande rivalidade entre os Estados pela hegemonia do futebol do Norte-Nordeste, o adversário –que já havia sapecado 4 a 1 no Corinthians em pleno Pacaembu– contava com o centroavante e ídolo nacional Dario, o Dadá Maravilha. Irreverente como sempre, ele ironizou a situação: “Baiano só faz cinco quando acerta na quina da loto”.
Trajando seu uniforme número 2, o Esquadrão ia a campo sem sua força máxima: Renato, Edinho, Zé Augusto, Édson Soares e Ricardo Longhi; Washigton Luís, Léo Oliveira e Emo; Toninho Taino, Dirceu e Gílson Gênio. Do outro lado, o Santa de Wendell, Celso Augusto, Alfredo, Silva e Hilton Brunis; Deinho, Baiano e Carlos Roberto; Egnaldo, Dario e Joãozinho.
O estádio estava vazio quando o juiz apitou, no dia 5 de abril daquele ano. Logo aos 4 minutos, o capitão Léo Oliveira passou para Gilson Gênio, que deu dois toques na bola e fuzilou no ângulo, abrindo o placar. Aos 9, em contra-ataque rápido, a defesa coral vacila e Gilson chuta forte, rasteiro, aumentando o escore. O terceiro só acontece aos 43: Léo ganha de Hilton na esquerda e descobre Dirceu livre na área, que cabeceia para o fundo da meta.
Com o resultado, pela primeira vez o Octávio Mangabeira teve mais gente na etapa final do que na inicial. Animada, a torcida tricolor foi chegando. Quando recomeçou o duelo, o clima era de alegria e tensão. O treinador adversário até que tentou segurar o marcador, mas foi acuado pelo Bahia e sua massa. Depois de 22 minutos de ataque, a galera delira no momento em que Gilson Gênio dribla três e cruza para trás. Toninho Taino, de primeira, faz um golaço.
Mesmo perdidos no gramado, os pernambucanos resistem ao bombardeio e barulho soteropolitano. O quinto e salvador tento empacou. Debaixo da trave, Dadá perde um gol feito.
O torcedor tem chilique, síncope, constipação.
Aos 41, porém, quando os refletores já iluminavam mais que a luz do dia, no desespero, o zagueiro Zé Augusto dá um bico. Léo Oliveira fica cara a cara com Wendell, que realiza a defesa parcial. Mas Toninho Taino pega o rebote e estufa as redes, fazendo o quinto e milagroso gol do triunfo que, por todos os tempos, será inesquecível.
Êxtase total: o impossível aconteceu, Bahia 5×0 Santa Cruz.
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