O texto abaixo, publicado na edição desta quinta-feira do jornal A Tarde, vem gerando muita repercussão no Alto de Itinga. De autoria do Movimento Unidade Tricolor, a nota saiu com grande destaque na última página do caderno de política, ao lado da coluna de Samuel Celestino. Confira:
Nove meses – a gestação do nada
Após nove meses da atual gestão, repetimos: nada mudou no Esporte Clube Bahia. Ao contrário, é uma gestão de burradas em cima de burradas; de um primarismo ridículo, de uma incompetência absurda.
O grande problema estrutural do clube – o rombo financeiro é de aproximadamente R$ 60 milhões – nunca foi atacado. O Esporte Clube Bahia continua vivendo do jogo de amanhã. Se ganhar, respira; se perder, recomeça a crise. Vive agora de doações, tal qual uma Irmã Dulce do futebol.
Nenhum rumo definido, nenhum planejamento. O presidente em exercício – que nunca vai sozinho às reuniões em Brasília, na CBF ou com o rival – fez uma declaração pública na TV Bahia de que não havia assumido o compromisso de pagar salários em dia.
E ele assumiu compromisso com o quê? Com a baderna que se estabeleceu no Fazendão, onde atletas do Real Salvador ocupam o lugar dos meninos das divisões de base, a ponto do treinador Mauro Fernandes pedir demissão para não “compactuar com a vergonha”?
Ele se comprometeu com o quê? Com o pagamento de salários a uma meia dúzia de sanguessugas que continuam vivendo do Bahia, enquanto o clube definha?
O que quer Sr. Barradas, que é apenas o escudo do “eterno”, mas também “oculto” presidente, quando acusa o São Paulo de má fé no caso do atacante Bruno César e se esquece da sua própria desorganização? O Fazendão está loteado por procuradores, cada um defendendo apenas os seus próprios interesses, enquanto o nosso pobre Esporte Clube Bahia ruma para o cemitério dos elefantes.
Vivemos de humilhação sobre humilhação – a última foi perder pela primeira vez para o Treze, em 75 anos de história, com gols do “inservível” Adelino (reparem como nunca servem para o Bahia, mas se dão bem em outros ares. Estranha coincidência, não?).
A última dos atuais donos do Bahia é se associar com o rival para construir um estádio. Não conseguem pagar salários em dia, mas vão construir um estádio!
A pergunta que se faz necessária: quem vai ganhar com isso? Os aspones remunerados do Bahia terão o seu quinhão na empreitada?
E para que a modernidade de uma arena, se a direção do clube é jurássica? Para que um estádio moderno, se o futebol do Bahia é gerido de forma paleolítica?
Para que um estádio, se o Bahia tem a Fonte Nova? É público, construído arduamente com o dinheiro do contribuinte baiano. Não é muito mais lógico investir na recuperação da Fonte, aliviando dos cofres estaduais um ônus pesado?
O Estádio de Berlim, para quase 75 mil espectadores, inaugurado em 1936, foi totalmente renovado para a Copa de 2006. A Fonte Nova, de 1951, por que não pode ser modernizada?
Mas, não! A lógica deles é igualar o Bahia ao rival. Em parte, já conseguiram. Agora, querem igualar a torcida. Se colocamos 60 mil na Fonte em jogos da Segunda Divisão; se temos, em 2006, jogando na Terceira, a quarta média de público das séries A, B e C juntas, doravante poderemos chegar a públicos máximos de 35 mil pagantes.
O rival, que tanto se esforçou durante um século para alcançar o Esporte Clube Bahia no futebol, com a incompetência dos atuais donos do Fazendão, em dez anos está ganhando tudo de mão beijada.
Já entregamos o futebol, agora queremos entregar a torcida. Depois será o nosso hino, depois a nossa bandeira. Por fim não seremos mais nada: desalmados, despersonalizados, desencontrados, desmoralizados, vagueando nas arquibancadas do tempo.
Salvador, 15 de agosto de 2006
Movimento Unidade Tricolor
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