Na véspera de lançar um uniforme fabricado pela maior fornecedora de material esportivo do mundo, em evento com a seleção brasileira, o Bahia mergulhou em um cenário de futebol semi-profissional, quase amador. Enquanto seu presidente passeava pelos Estados Unidos, o treinador do time negociava com outra equipe… ignorando até dia de jogo, dentro de casa… na cara da diretoria, dos jogadores e, principalmente, da torcida mais fanática do Brasil.
Deselegância? Falta de ética? Canalhice?
Não para um técnico cujo empresário e amigo pessoal (Léo Rabello) disse o que disse em entrevista ao maior jornal esportivo do país (o Lance, na terça-feira, sobre o interesse do Flamengo): “Joel está tomando água de côco e deitado na rede lá na Bahia”.
Não para um técnico que tratou o clube como “sardinha” (palavras dele) antes, durante e após a sua passagem. E fez o Bahia virar motivo de chacota no mais famoso programa da TV nacional:
Agora, abandona o barco andando para assumir um time em crise, mas cheio de pose, menos de dois meses depois de fazer juras de amor ao Esquadrão de Aço.
“Queria deixar um recado para o meu torcedor. É um sentimento sincero. Quero reencontrar todos no próximo ano e fazer essa festa. Eles são fiéis e merecem tudo de bom. Estamos juntos de novo, disse Joel ao jornal Correio*, em 9 de dezembro, dia de sua renovação para 2012.
E o comandante chegou a acrescentar, com a sua irreverência característica: Jogar no interior não é fácil, pois os times cresceram… Mas vamos para o tri (estadual). Vai começar a festa!.
Anteontem, nos vestiários do estádio de Pituaçu, perante alguns repórteres, ousou soltar: “Vocês deviam estar felizes que o Flamengo está querendo contratar o técnico do Bahia”.
Porém, se desde as primeiras especulações sempre deixou a possibilidade de sair no ar, o presidente Marcelo Guimarães Filho deu entrevista coletiva, no último dia 23, em que garantiu:
“Tenho absoluta confiança. Tenho certeza que Joel ficará aqui conosco. Ele sabe que tem um compromisso com o clube, que ele gosta, não está aqui forçado, pelo contrário. Está aqui com boa vontade, sabe que a torcida gosta dele e vai nos trazer o título do Campeonato Baiano”.
O fato, contudo, é só mais um em que a Nação termina enganada pela atual gestão tricolor.
O contrato do contestado atacante Jones foi anunciado com sete meses a menos do que o real, publicado na CBF… Nesta sexta, já serão quatro semanas sem a divulgação da nova lista de conselheiros… Até hoje, não se sabe o valor da venda do meia-atacante Maranhão ao México… O início das obras do novo CT (Cidade Tricolor) foi prometido para janeiro… E por aí vai.
Aliás, o próprio Joel desmentiu a cartolagem, que assegurou existir uma multa rescisória, “com um valor considerável”, além de que o seu vínculo com o Bahia se estenderia por um ano.
Falando ao site do jornal carioca Extra, na quarta, Santana argumentou: “No meu contrato existe a palavra. E isso é mais importante do que multa. (…) Meu contrato tem duas parcelas. Uma vai até maio. E a outra vai até o fim do ano”.
Em contrapartida, o mesmo adora afirmar que “salvou” o Esquadão do rebaixamento no Brasileiro e que pegou o time na zona de rebaixamento. Uma mentira, já que a equipe havia acabado de derrotar eles, os fregueses do Flamengo, em pleno Engenhão, no começo de setembro, quando alcançou a 15ª colocação entre 20 participantes, com 24 pontos.
Em cinco meses de Fazendão, Joel conseguiu voltar ao mercado após ser demitido pela porta dos fundos do Cruzeiro. No período em Salvador, inclusive, roubou a cena ao gravar comercial de refrigerante, brincando com o seu inglês, e virou “trending topic” em todo o Brasil .
Pois se picou mesmo assim.
Fica a expectativa de que, como na última vez em que o Tricolor perdeu um treinador em situação semelhante (Renato Gaúcho, em 2010, seduzido pelo Grêmio), o desfecho seja positivo, à maneira do acesso com Márcio Araújo ao final daquela temporada.
E com um salário bem menor que os inflacionados R$ 350 mil de Joel Santana.
Porque, como avisou o lateral esquerdo Ávine (não por acaso, o verdadeiro xodó da torcida), durante discussão pública com o técnico, pré-duelo com o Santos, em novembro passado:
“Quem acha que o Bahia não é grande, está no lugar errado”.
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