Destaque nos jornais, rádios e tv`s de Salvador, a possível intervenção judicial no Bahia continua gerando assunto nos bastidores. Em entrevista cedida ao blog AsdabolA, o bacharel em direito, Leandro Fernandes, um dos responsáveis pela Revolução Tricolor, contou parte da história do grupo e revelou como está alinhado o movimento de oposição à atual gestão de Marcelo Guimarães Filho, o qual tratou como um presidente apoiado sob força de decisão judicial.
Vale a pena conferir os principais temas da entrevista:
Em 2008 surgiu o grupo Revolução Tricolor ainda na gestão de Petrônio Barradas, com o ideal de oposição, mas procurando dialogar com a direção. O propósito do grupo sempre foi mudanças em relação a democratização do clube, contudo vemos que nesses seis anos o clube ainda não se democratizou. Quais foram as reais conquistas da Revolução Tricolor até o momento? Quais propostas sugeridas por vocês foram alteradas no estatuto?
Pois é, são seis anos de luta desde a criação da RT (revolução Tricolor), o nosso lema é o associar para mudar, ou seja, fazer com que o torcedor entre no clube como sócio patrimonial e o mude por dentro. Contudo, apoiamos toda manifestação, protesto, desde que pacifico e dentro da legalidade para democratizar o clube que tanto amamos.
Bem, antes da nossa criação o estatuto não era conhecido, o clube era tão mais tão fechado que ninguém conhecia as regras que regiam a instituição. A nossa primeira ação como grupo foi de nos dirigirmos até a sede e solicitarmos os estatutos do clube junto ao então presidente Petrônio Barradas, não fomos atendidos (como sempre), mas na época o Bahia teve que apresentar ao Ministério Público os novos estatutos por conta da atualização do código civil em 2002. Então fomos até o MP estadual e conseguimos o tão protegido estatuto do clube.
A partir daí, criamos uma proposta de estatuto que dentre outras coisas prevê o voto direto, a possibilidade do torcedor ser votado, contanto que atendesse ao critério temporal (12 meses para votar e 24 para ser votado), previa eleições proporcionais para preenchimento das cadeiras do conselho deliberativo para pluralizar os debates no principal órgão fiscalizador do clube, possibilidade de voto para aquele sócio com 16 anos de idade, etc…
Além disso, fomos nós os responsáveis por obter a famosa lista de conselheiros do clube, e só depois de muitas solicitações e requerimentos na primeira eleição de MGF, que teve como opositor Fernando Jorge. Aconselhamos a ele exercer o direito de solicitar o colégio eleitoral, depois que anunciamos aos quatro ventos a lista. O Bahia passou a colocar em seu site oficial a lista de conselheiros e também o estatuto, e recentemente, depois de diversos requerimentos também a lista de sócios absoluta, contendo sócios falecidos, que tiveram seus títulos cancelados e etc.. Falta agora a lista de sócios aptos a votar nas assembleias gerais, coisa que continua escondida a sete chaves.
Mas o que consideramos a conquista mais importante de todos estes 6 anos é a conscientização da torcida, esse trabalho que acontecia e acontece se dá nos triunfos e nas derrotas, independentemente de o clube estar em crise ou não. Contudo nada do que propusemos foi atendido, nada.
A oposição do Bahia sempre se manifesta quando o clube passa por maus momentos em campo. Dessa vez vocês conseguiram reunir nomes de força no lado dos opositores. Existe a preocupação por parte da RT, que tem mais tempo na oposição, de caso os resultados apareçam esses nomes declinem e voltem a se omitir? Existe ainda a possibilidade de diálogo com o presidente Marcelo Guimarães Filho?
Bom, quanto a nos pronunciarmos quando o time esta em crise eu discordo veementemente, a Revolução sempre propôs, cobrou e criticou, reitero nos triunfos e nas derrotas. E para além da RT a primeira intervenção aconteceu em um bom momento do time em campo.
Creio que as pessoas que estão se engajando a esta batalha agora é porque já vinham sendo desgastadas pelas promessas não cumpridas, pelos acordos e diálogos rompidos sem a menor cerimonia, acredito que mesmo com o time melhorando esta imagem que a diretoria através do seu presidente construiu não irá mudar, portanto acredito que esses nomes de importância na sociedade baiana não voltarão a se omitir.
Quanto ao dialogo com MGF é impossível e vou explicar o porquê, logo no inicio da gestão em 2009, tentamos sentar com ele por 10 (DEZ!!!) vezes e sempre era desmarcado, na décima primeira, o então recém empossado a 4 (quatro) meses nos ouviu e acatou todos os nossos pontos, demos então o voto de confiança e ele simplesmente em uma típica atitude sorrateira, numa manobra colocou para aprovação no conselho a reforma estatutária com o artigo que indicava que o sócio iria votar diretamente. O azar dele foi que o presidente do conselho deliberativo o Sr. Ruy Accioly alertou pra todos os cantos que a eleição teria filtros, e eram brutais como o são como esta reforma.
Ele demorou meses para convocar uma assembleia geral que reformasse o estatuto. Neste período colocamos um bom numero de sócios no clube. Pois bem, ele convocou uma assembleia para venda da sede de praia, compusemos com ele, o que hoje consideramos um erro, que votaríamos com ele desde que convocasse a assembleia dos estatutos e fôssemos para votação, ele concordou, com diversas testemunhas inclusive da imprensa, mas quebrou acordo de novo.
Então sentamos novamente com ele, desta vez no Fazendão e tentamos em vão atingir um meio termo para a reforma estatutária. Ele estava irredutível, assim como é hoje, o dialogo era somente uma tentativa de convencimento ardil, fomos para a assembleia e na única vez que obtivemos a maioria dos votos o Marcelo pai ordenou aos seguranças que interrompessem a Assembleia aos berros.
Depois disso tentamos sempre protocolamos propostas e tentativas de obter dados do clube como prestação de contas, regimento eleitoral lista de sócios aptos a votar atualizada, trabalhar voluntariamente para organização das eleições, lista de jogadores e quais empresas e empresários ligados a eles, etc.
Todos estes pedidos vão para uma gaveta com um buraco negro (talvez rubro negro, risos).
Portanto, com a RT não há mais a possibilidade de dialogo, não acreditamos na palavra dele, talvez nem mesmo na assinatura dele, pois consideramos que vale menos que o nada.
Nelson Pelegrino, ACM Neto, ACM Jr, Paulo Câmara, Lucio Vieira Lima. Esses foram alguns dos nomes mais importantes pedindo a saída de Marcelo Guimarães Filho da presidência do Esporte Clube Bahia. Todavia, hoje a grande mídia aponta que a oposição não tem um nome para presidência do Clube, nomes como Fernando Jorge e Reub Celestino já foram cogitados, mas sempre alegam que querem ser consenso. Qual a real dificuldade de nomear uma pessoa para se candidatar a presidência do Esporte Clube Bahia?
Consideramos que o imprescindível não é um nome se o sistema estiver sendo o mesmo, pois só mudaremos o dono dele de MGF para o seu sucessor seja quem for.
É preciso que primeiro venha uma reforma estatutária, cultural, que permita que diversas correntes de pensamento, inclusive a guimaraniana, possam discutir o clube e que o sócio possa escolher qual seja o melhor, se este projeto não for bom o sócio possa escolher outro que ele entenda que atenda os seus anseios. Essa é a importância da mudança estatutária para democracia plena.
Outro ponto é a ausência de preparação de novos líderes, a família, ou famílias, Maracajá ou Guimarães se revezaram no poder e não deram brecha para novos lideres preparados para gerir o clube, outro ponto a ser identificado é que sempre que uma pessoa se declara possível candidato sofre ataques de setores da imprensa, a sua vida social e profissional se tornam um inferno, isso afasta qualquer sujeito de candidatar-se. Isso quando não enganam o sócio como foi o caso de Gilberto Bastos, então pré-candidato em 2008 que aceitou um acordo para compor com MGF e foi simplesmente escanteado do clube em mais uma manobra dos Guimarães.
Mas é bom deixar claro, hoje temos um grande numero de jovens na RT que estão se preparando acadêmica e profissionalmente para tentar assumir o clube não neste momento, mas num futuro bem próximo, com profissionalismo e projeto de um clube com filosofia de administração e de jogo, de esporte e não uma filosofia de manutenção de poder pura e simplesmente.
Todos sabem que o número de sócios determina a força de um clube administrativamente ou até mesmo no poder de contratação. Hoje a oposição tem maioria junto ao TOB em caso de eleições diretas ou a Ação que tramita desde 2011 é a maneira mais rápida da oposição conquistar espaço?
Vamos por partes. O clube hoje tem um obscuro quadro social que tem um colégio eleitoral reduzidíssimo em termos de sócio patrimonial, tanto que nas ultimas eleições para o conselho deliberativo o total de eleitores foi menor que o numero de eleitos (só no Bahia isso acontece).
Com o estatuto atual o sócio TOB, na verdade não é um sócio e sim um consumidor de ingressos antecipados. Em uma eventual mudança estatutária para que eles possam votar diretamente é claro que quem tiver o melhor projeto, quem tiver a melhor imagem vencerá as eleições, pode não ser que não aconteça nas próximas eleições, mas em algum momento novas mentalidades entraram no clube e essa alternância irá evoluir o clube a níveis europeus.
Mas essa possibilidade com essa gestão de MGF é remotíssima, ele assim como não quer renunciar, não irá abrir o clube para os TOBS.
Então só nos resta apelar à justiça que já identificou as irregularidades e MGF hoje é presidente apoiado sob força de decisão judicial em sede liminar de um desembargador plantonista que há poucos dias se declarou suspeito no processo por motivos de foro intimo.
Qual o pensamento da Revolução Tricolor sobre o acordo firmado entre o Esporte Clube Bahia e Arena Fonte Nova?
O pensamento é de que é um acordo obscuro, não foi levado a assembleia geral e possui a famosa e tão utilizada clausula de confidencialidade que está obsoleta nos grandes centro do futebol mundial.
Então era necessária mais transparência nos termos deste acordo, nos termos da venda do TOB para arena, de maior respeito à tradição, por exemplo, da localização da Bamor, da povão e da terror no estádio, pois foi a elas imposto a localização e não fora discutido.
O desrespeito com relação a localização do TOB no estádio também foi evidente, e isso a diretoria deveria ter tido mais cuidado.
Fora que consideramos os valores de ingressos muito elevados, espantando tanto a massa quanto até pessoas de bom poder aquisitivo.
Leandro, em nome da Revolução Tricolor e da oposição do Bahia, deixe uma mensagem para os torcedores do Bahia:
Nação tricolor, torcedores, vocês tem o poder de mudar tudo que está acontecendo com seu clube, vocês não tem ideia da sua força.
Acreditem que vocês podem e mudar o clube, pedimos o seu apoio, não torcemos contra o time em campo que é medíocre, mas lutamos para que vocês possam disfrutar de respeito, voz e vez dentro do clube, portanto apoiem o movimento #BAHIADATORCIDA, o #PUBLICOZERO, e o #ASSOCIARPARAMUDAR, vai haver muita mentira, muita informação de contratação, muita chantagem emocional, mas nós não vamos nos abater e considero que vocês não devam se abater e se levar por isso, seja sócio, participe, acredite que pode ser melhor.
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