Joel soma “causos” nas passagens pelo Bahia; veja

De André Uzêda, no jornal A Tarde desta terça-feira:

`A preleção antes do jogo seguia normalmente. Como de costume, o treinador Joel Santana ia escalando cada jogador e, ao mesmo tempo, informando a função que este deveria desempenhar na partida. Algo do tipo: “Jefferson, você faz a lateral e sobe na boa pra apoiar”; “Capixaba, quero você ligado na marcação e conduzindo bem a bola ao ataque”.

Quando Joel citou o último escalado, juntamente com a missão deste em campo, o burburinho começou a se formar no vestiário. Capitão do time, coube a Uéslei a missão de indagar o treinador.

“Cheguei para ele e disse: `professor, o senhor escalou o time com dez. Tá faltando alguém aí`. Mas ele respondeu com uma ótima tirada: `Filhão – era assim que ele me chamava –, só vão jogar dez. O Lima (volante da época) não precisa jogar nada hoje. Só precisa marcar. Quero que ele não jogue nada e não deixe o camisa 10 deles jogar nada também`… E não é que o Lima fez uma partidaça…”, conta o Pitbull.

Contratado pelo Bahia como novo treinador e tábua de salvação nesta Série A, Joel Santana, que será apresentado hoje, às 14h45, no Fazendão, inicia sua terceira passagem pelo Esquadrão de Aço. Em 1994, conquistou o Campeonato Baiano e conduziu o time para a sexta colocação no Brasileiro. Em 1999, época que ocorreu o `causo` que abre esta matéria, voltou a vencer o Estadual (dividido com o Vitória) e ficou em terceiro na Série B. Os jogadores que conviveram com ele durante as passagens no Tricolor não esquecem das suas histórias.

“Às vezes esquecia o nome de um jogador e, ao invés de perguntar pro cara, chamava por um nome esquisitão. Ele inventava na hora”, lembra o ex- goleiro Jean, titular em 1994.

Herói do estadual daquele ano, com um gol no último minuto, Raudinei também guarda boas lembranças do Papai Joel. “Ele tinha um xodó com o Paulo Emílio (meia de 1994). Chamava ele de periquitinho. Dizia assim: `ninguém mexe com o periquitinho, só eu posso dar bronca nele` (risos). Era porque ele era baixinho”, lembra.

Uéslei dá outra versão: “Esse apelido de periquitinho não era pelo tamanho. Ele tomou uma bolada nas partes baixas durante um treino e ficou rolando no campo. Aí todo mundo ficou dizendo que tinha batido no periquitinho. O Joel, pra entrar na onda, passou a chamar ele assim”, entrega o Pitbull.

Entre boas histórias de pedir para os preparadores aliviarem nos alongamentos (“vocês vão estourar meus meninos”), existe uma negativa que marcou a última passagem dele por aqui. Durante a disputa da Série B, houve uma séria suspeita de que o goleiro daquele time, Alex Guimarães, só estava sendo escalado por ser genro do técnico.

A polêmica culminou no frango histórico que o arqueiro levou no jogo que tirou as chances de acesso do tricolor. “Nunca soubemos se ele era mesmo genro de Joel… mas ninguém sabia porque ele era escalado… O Joel é justo. Acho que não era parente, não”, defende Uéslei`.

FRASES

“Foi um dos melhores treinadores da minha carreira. Sabe falar a língua do jogador”
UÉSLEI, treinado por Joel em 1994 e 99

“Ele me lançou no futebol. Sou eternamente grato por tudo que me ensinou na vida. Ótima contratação”
JEAN, goleiro do Baiano de 1994

“Gosto demais do Joel. Se já estava torcendo pelo Bahia, agora com essa contratação torço muito mais”
RAUDINEI, fez o gol do título de 1994

“É muito bom ter Joel conosco agora e não precisa nem falar da qualidade profissional e de trabalho que tem”
FAHEL, volante, ex-atleta de Joel

DEPOIMENTO: Sabe de futebol e de relações humanas
Selma Morais, setorista do Bahia em 1999 em A Tarde

`Joel Santana sempre foi um técnico muito educado com os profissionais de imprensa. Tratava todo mundo muito bem, respeitava o trabalho e não tinha essa frescura de esconder treinamento. Por isso os funcionários do clube e, sobretudo, os jogadores gostavam bastante dele. É uma figuraça. Lembro que Joel não desgrudava daquela prancheta, desde aquela época.

Acompanhei seu trabalho no ano de 1999. Ele anotava tudo lá e depois fazia as modificações no vestiário. As pessoas faziam chacota, mesmo assim ele continuava com aquilo.

É um cara persistente, ótimo treinador. Sabe muito de futebol e entende de relações humanas. Acho que essa história de sardinha não vale a pena ficar sendo repetida. Joel foi mal interpretado naquele episódio todo. O Bahia contratou um dos melhores técnicos de futebol do Brasil e é isso que importa. Se tem alguém que pode tirar o tricolor desta situação, este é justamente Joel Santana. O torcedor gosta dele, e ele gosta do Bahia também. Acho que vai dar certo, de novo.`

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