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Jornal entrevista Marcelo Guimarães. Imperdível!

Notícia
Historico
Publicada em 1 de maio de 2005 às 01:58 por Da Redação

Não tem como não retransmitir o “Pingue-Pongue” feito pelo editor de esportes do Correio da Bahia, Antonio Luiz Diniz, com o presidente tricolor Marcelo Guimarães, que além de falar da oposição, declara, entre outras coisas, ter “reconstruído o clube”, possuir o sentimento de “dever cumprido” e que o Bahia tem atualmente “um dos melhores elencos do país”. Confira:

Foto: Correio da BahiaO senhor acredita que o time do Bahia tem chances de conquistar uma das duas vagas para a Série A? Por que?
Acredito que sim. Eu acho que o clube que vai subir para a primeira divisão é aquele que tem estrutura e, entre todos que estão aí, o Bahia é o que apresenta melhor estrutura. O Bahia hoje é um time forte, tem o centro de treinamento do Fazendão, que é um dos melhores do país, e uma base muito forte. Nas divisões de base eu tenho 250 atletas. Só nos profissionais, eu tenho 18 jogadores que saíram da base. Isso é o que vai fazer o Bahia subir para a primeira divisão, sem contar que temos um grande treinador, uma excelente comissão técnica. O Bahia é um time muito organizado e isso pesa muito na hora da decisão.

O Bahia realmente tem time para isso?
Tem. Tem time sim. O Bahia, no meu entendimento, possui um dos melhores elencos do país. Nós estamos trazendo mais um zagueiro porque perdemos o Leonardo. Vamos contratar também mais um jogador de meio-de-campo, além de outro centroavante. Aí o Bahia fica com um grupo completo, com uma equipe competitiva e com todas as condições de voltar à primeira divisão.

Na opinião do senhor, esse time é melhor do que o do ano passado?
Não tenho dúvida disso. É só você analisar posição por posição e você verá que a equipe que temos agora é bem melhor do que a do ano passado.

Não falta um maestro como Robert?
Nós este ano temos Guaru, que está provando que é o melhor jogador de futebol da Bahia. Ele atua no mesmo setor de Robert. Independentemente de qualquer coisa, Robert era realmente um maestro, mas não corria, não suportava os 90 minutos. Guaru é muito aplicado, corre o tempo todo, arma as principais jogadas do time, não cansa e tem feito bem mais gols do que Robert. Entretanto, nós ainda vamos contratar um meia, da qualidade de Guaru, para comandar aquele setor direito do meio-de-campo do Bahia.

Qual a receita do clube para o Campeonato Brasileiro da Série B?
A receita do Bahia vem de algumas fontes como televisão, patrocinadores e do ingresso pago pela torcida. A nossa bilheteria no ano passado foi o carro-chefe. Ela nos ajudou bastante. Você veja que em qualquer clube do futebol brasileiro, hoje, o dinheiro arrecadado em seus jogos gira em torno de 8%, no máximo 10%. No Bahia, no ano passado, graças à força da nossa torcida, esse total chegou a quase 19%. A bilheteria realmente nos ajudou bastante e este ano estamos acreditando também que a bilheteria será nossa principal fonte de renda.

Mas, na verdade, qual é o total do orçamento do Bahia para a disputa?
Nós temos um orçamento, como todos os clubes de nível médio do futebol brasileiro, em torno de R$13 milhões, que corresponde mais ou menos a R$1,2 milhão mensais, que é uma quantia considerável para um clube do porte do Bahia, para o Nordeste, principalmente porque nós não temos grandes patrocinadores.

E como o senhor vai contratar bons jogadores sem recursos suficientes?
É por isso que eu vou para a base, que procuro revelar jogadores. Por isso, fizemos todo o investimento no Fazendão, na construção do Centro de Treinamento e de uma hotelaria que abriga 120 atletas. Oferecemos seis refeições diárias. Temos uma infra-estrutura com o que existe de melhor no futebol do Brasil. É isso que é a reconstrução do clube. Repito: tenho 250 atletas na base. Cento e vinte moram no clube e eu tenho 18 no time profissional. É assim que o Bahia cresceu e pode enfrentar qualquer clube brasileiro.

Quanto o Bahia gasta com suas divisões de base?
O Bahia gasta 2,5 milhões anual com sua base. É um investimento considerável, mas temos conseguido ótimos resultados, revelando bons jogadores e acabamos de conquistar o tricampeonato de juniores.

Em breve o senhor completará oito anos de mandato. Nesse período, apesar de o clube ter crescido em estrutura e ter ganho dois títulos do Campeonato do Nordeste, o Bahia, além de ter acumulado uma grande dívida, colecionou muitas marcas negativas. O senhor pretende concorrer ao cargo na próxima eleição? Quem hoje seria a pessoa mais preparada para substituí-lo?
Primeiro, eu ganhei sete títulos. Foram três campeonatos baianos, dois campeonatos do Nordeste e a Taça Maria Quitéria, sem falar nos juniores, nos quais o Bahia era caixa de pancada do nosso maior rival e hoje somos tricampeões. Recuperamos todo o patrimônio do clube. Isso é importante. Além do Fazendão, temos hoje uma nova sede de praia, que estava abandonada e era um verdadeiro pardieiro. O Bahia se reconstruiu totalmente. Peguei o clube com uma dívida de US$14 milhões. Hoje, como qualquer clube, temos algumas dívidas, mas o Bahia está totalmente reconstruído. Quanto ao novo presidente, primeiro ele tem que ter sucesso em sua vida pessoal. Não se pode entregar um clube como o Bahia a uma pessoa sem responsabilidade, que vá fazer bobagem. E não vai fazer. O Bahia agora é uma S/A. O Bahia é auditado a cada três meses. E nenhum aventureiro pode se arvorar em ser presidente do clube.

Como o senhor se sente tendo grande parte da torcida contra a sua gestão?
Tranqüilo. Encaro tudo com naturalidade porque o torcedor quer vitórias, títulos e, infelizmente, em 2003 e 2004 isso não aconteceu por causa da reconstrução do clube. O que mais me impressiona são pessoas que muitas vezes criticam o presidente e vão ao Fazendão ou à sede de praia, depois batem em minhas costas, dizendo que ficaram encantadas com as melhorias que o clube teve, coisa de primeiro mundo. Terminam dizendo que nunca mais vão fazer qualquer crítica ao meu trabalho.

O senhor é candidato à reeleição no pleito previsto para acontecer em julho?
Não sei. Nunca posso dizer que não. Eu tive uma missão, que está acontecendo há quase oito anos. Tive muita coragem. Sou presidente por causa do grande amor que tenho pelo clube. O Bahia vivia uma crise sem precedentes. Estava num estado falimentar, sem condições de sobreviver. Centenas de promissórias vencidas, centenas de cheques sem fundos espalhados por todo o Brasil, centenas de ações trabalhistas, com todas as rendas penhoradas, sem um jogador na base, só dois jogadores profissionais. Diziam na época que o Bahia teria o mesmo destino do Ypiranga, que já foi um clube tradicional e acabou desaparecendo.

Então, por que essa grande oposição a sua gestão?
O que me chateia é que muita gente, sem conhecer a história recente do Bahia, começa a falar um monte de bobagens. Esqueceram que eu peguei o clube na segunda divisão. Botei ele na primeira divisão, numa luta muito grande, minha e de Paulo Maracajá. Infelizmente, em 2003 o Bahia caiu para a segunda divisão novamente e em 2004 não subiu. Isso realmente deixa todos chateados. O torcedor tem que reclamar, mas não corro do pau. Encaro os desafios. Fui presidente naquela época e me sinto gratificado por ter reconstruído o clube.

Mas o senhor é candidato à reeleição ou não?
Sobre minha candidatura, eu só posso afirmar que tudo é possível. Eu tenho um sonho: eu quero ver o meu clube outra vez na primeira divisão. Se eu não for candidato, tem que ser uma pessoa com qualidades para que eu possa ajudá-lo a reconduzir o clube à Série A. Voltando à elite do futebol brasileiro, eu posso afirmar: ninguém vai segurar o Bahia. O clube vai se tornar uma grande potência do futebol do Brasil e até do mundo.

Quando o conselho será convocado para a eleição e qual é o colégio eleitoral que elegerá o futuro presidente do Bahia?
O presidente do conselho deliberativo é Petrônio Barradas. Ele, no momento oportuno, deverá convocar o conselho e, se for o caso, vamos nos reunir para eleger o presidente.

Por que se for o caso? Ainda não existe data definida para a eleição do Bahia?
O problema é que alguns advogados acham que meu mandato só termina em dezembro, porque o estatuto do clube diz que a eleição é de setembro a dezembro, mas tem advogados que acham que a eleição tem que acontecer no dia 22 de julho, data em que fui eleito. Existe uma polêmica em torno disso e estamos aguardando um parecer do departamento jurídico para o presidente do conselho tomar uma posição e definir a data da eleição.

Se o senhor deixasse o clube hoje, teria a sensação do dever cumprido?
Minha sensação é realmente do dever cumprido, mas também entendo que está faltando alguma coisa, que é a volta à primeira divisão. É para isso que estamos trabalhando. Formamos um time forte, trouxemos um grande treinador, porque o Bahia vai outra vez brigar pelo título da Série B para retornar ainda este ano à elite do futebol nacional.

O que o senhor quer dizer para os movimentos de oposição que seguem crescendo cada vez mais, a exemplo da Associação Bahia Livre?
Eu acho que eles estão fazendo o papel deles. Encaro as críticas com naturalidade, mas eles também têm que reconhecer o grande trabalho feito pelo presidente e toda a diretoria para a reconstrução do clube, do seu patrimônio, da sua base, que hoje é a vida do clube. Eu posso dizer que sou o presidente da reconstrução. Eu reconstruí o Bahia por inteiro.

O senhor sempre lembra a situação em que encontrou o clube ao assumir a presidência em 1998, repleto de problemas, conseguindo reestruturar, por exemplo, o Fazendão e a sede de praia. Por outro lado, o que dizer para o sofrido torcedor, que, na verdade, quer títulos, revoltado com o Bahia sem ganhar um campeonato estadual desde 2001, sendo eliminado logo na primeira fase da Copa do Brasil e passando quatro das últimas oito temporadas na Série B?
Primeiro tenho a dizer que, sob minha responsabilidade, o Bahia só passou um ano na segunda divisão. Em 98 e 99 eu não tinha responsabilidade. Sou só responsável pelo Bahia estar na segunda divisão em 2004.

O Bahia já se planejou para conseguir pagar sua dívida, que hoje é de quase R$30 milhões? Como e quando o clube pretende quitá-la?
A dívida do Bahia é administrável. Agora o Bahia realmente está livre daqueles problemas que eu encontrei, quando assumi o cargo, como rendas penhoradas, cheques sem fundos e devendo centenas de promissórias.

Qual a porcentagem de ações preferenciais que hoje pertencem ao Esporte Clube Bahia na sociedade com o Banco Opportunity? Como anda o relacionamento do clube com seu parceiro?
As ordinárias, o Bahia tem 49% e o banco tem 51%, e as preferenciais, que é uma coisa normal, o banco tem um pouco mais do que o clube.

Como está a relação do banco com o Bahia?
A relação com o banco é tranqüila. Isso é uma parceria que deu certo. Tem mais: fizemos uma concessão do futebol e da marca. Não vendemos o Bahia. Daqui a 18 anos, essa parceria vai acabar naturalmente. O modelo que foi feito um ano antes da Lei Pelé, foi muito bem planejado e nós procuramos resguardar todo o Esporte Clube Bahia. O Bahia não foi vendido. Repito: foi feita uma concessão.

É verdade que o empresário Marcelo Guimarães quer comprar as ações do Banco Opportunity?
De jeito nenhum. Jamais investi em futebol. Eu não quero ser empresário de futebol. Não quero passe de jogador nenhum. A minha missão no Bahia é só o apoio que eu dou. Eu acompanho a vida do clube desde 1959. Tinha apenas 10 anos e sua concentração era na Ribeira, perto de minha casa. Eu conhecia todos os jogadores. Era eu que ia comprar cigarro para Marito, Biriba, Vicente e outros grandes craques do passado. Eu acompanhei toda aquela campanha de 59, quando o Bahia ganhou o primeiro título nacional junto com os jogadores. Depois disso, nunca mais me desliguei do Bahia. O que eu quero para o clube é o melhor. No dia em que eu notar que já dei o que podia dar ao meu clube, eu pego meu boné e vou embora. Isso é mais uma maldade do pessoal de oposição, que quer agitar, querendo atrapalhar nosso trabalho de reestruturação.

O senhor já colocou dinheiro seu no Bahia S/A durante o seu mandato. Foi uma doação ou o clube ainda te deve?
O montante não interessa. Eu nunca disse que tenho dinheiro do Bahia. Eu tenho é algum aval em algumas transações. Posso ter algum dinheiro no clube, mas não divulgo essa questão. Isso não vai me engrandecer em nada. Faço sem nenhum interesse. Faço por paixão pelo Bahia, por ser meu clube do coração. Além disso, faço doação mensal do salário que tenho direito como presidente do Basa e como presidente do Conselho de Administração para as divisões de base.

É verdade que o banco bateu pé firme e não aceitou a indicação de Ruy Accioly para ser diretor de futebol, feita pelo presidente Marcelo Guimarães?
Não teve nenhum problema com a indicação de Rui. Bobô foi nomeado para comandar o futebol porque é amigo nosso e conhece muito de futebol, além de ter feito um excelente trabalho nas divisões de base. Hoje está dando sua parcela como diretor de futebol e mais uma vez mostrando grande competência.

Como é a relação pessoal do presidente do Bahia com os representantes do banco, junto ao Bahia S/A?
É a melhor possível. Luiz Trocoli, diretor administrativo e financeiro do Bahia S/A, é um dos melhores amigos que tenho. Paulo Carvalho é outra pessoa de bem, da qual não tenho a mínima restrição. Muito ao contrário, todos são competentes e estão trabalhando pelo engradecimento do clube.

É verdade que Luiz Trocoli é torcedor do Vitória?
Não. Não é verdade. Não existe isso. É mais uma intriga da oposição. Ele pode até ter sido Vitória quando era menino. O que sei é que ele nunca tinha ido à Fonte Nova. Nós estamos trabalhando muito e ele tem me ajudado bastante para fazer um Bahia grande, como um verdadeiro torcedor tricolor.

É verdade que o senhor vai pagar de seu próprio bolso para trazer Uéslei de volta ?
Uéslei é pessoa que gosta muito do Bahia. Porque foi aqui que ele nasceu e tem uma amizade pessoal com o presidente, mas não temos nada acertado ainda. Realmente temos interesse na sua contratação, já passamos isso para seu empresário e vamos aguardar o dia 9, quando ele chega a Salvador, para definir tudo. Mas é bom deixar claro que quem vai pagar a ele é o Bahia. O tempo de amadorismo acabou. Aqui tudo é profissional.

Na opinião do senhor, por que o Bahia não conseguiu subir no ano passado depois de fazer uma boa campanha na Segundona?
O Bahia foi muito bem até o quadrangular final, mas depois disso aconteceram alguns erros fatais que terminaram evitando a classificação para a primeira divisão. Vadão mexeu no time errado. Ele não deveria ter tirado Neto Potiguar para colocar Ari naquele jogo contra o Brasiliense, lá em Brasília. E, no último jogo, na Fonte Nova, novamente Vadão errou quando, com o Bahia dominando, nós perdemos Neto machucado e ele colocou William. Aí o time passou a perder no meio campo e foi aquele fiasco.

Então, o senhor realmente acredita que Vadão armou o time errado nos jogos decisivos?
Achei que ele mexeu no time errado. Lá em Brasília ele não poderia ter tirado Neto Potiguar para colocar Ari. O Bahia entrou com o time retrancado, deu espaço para o adversário que foi para cima e terminou ganhando o jogo, mas é bom dizer que não tenho nada contra Vadão.

Isso quer dizer que o senhor contrataria ele de novo para comandar o Bahia?
Claro que sim…Vadão é um grande treinador e nós ficamos muito amigos.

E aquela falha de Leonardo no jogo contra o Avaí?
Aquilo é do jogo. Aconteceu com Leonardo, mas poderia ter sido com qualquer outro jogador. Ás vezes o goleiro toma frango, o atacante perde o gol feito. São coisas do futebol. Naquela partida mesmo, o Bahia perdeu vários gols e ninguém disse nada depois, por causa daquela falha de Leonardo.

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