Apesar de publicada antes da partida contra o Guaratinguetá, vale a pena conferir a entrevista abaixo realizada pelo repórter Daniel Dórea no jornal A Tarde deste sábado. Confira:
“A reportagem sugeriu que o técnico tricolor, Márcio Araújo, escolhesse o local da entrevista. E ele não teve dúvidas: o Fazendão. A justificativa: esta é a única ligação que o treinador tem com a cidade. Em Salvador até amanhã, a esposa Cris só vem de vez em quando, e os filhos Pedro, 22, e Daniel, 18 moram com a ex-mulher.
Márcio vive em um hotel, próximo ao Centro de Convenções, e garante ainda não ter pisado na areia da praia. Em bate-papo exclusivo, fala de sua trajetória de dois meses no Bahia.
Como está sendo sua vida nesses dois meses na cidade?
Aqui em Salvador, minha vida é o Bahia. Em função da importância que esse acesso tem para o clube, a gente entendeu que não tem o direito de fazer outra coisa além de estar aqui, atento a tudo, pensando sobre o Bahia. Mas isso não é coisa só minha, não. Todos os funcionários estão concentrados no objetivo. Fora isso, pelo que pude perceber, o povo baiano é de uma simpatia tremenda. Fiquei impressionado com a receptividade.
E fora do Fazendão? Não tem feito nada? Você não se dá muito com o sol, né? Vive lambuzado de protetor solar…
É, não sou muito bom com o sol. Gosto de ir à praia, mas não para ficar torrando. Gosto de bater um papo, apreciar a paisagem. Eu posso até ir quando tiver um tempo, mas você não vai me ver mergulhando ou tomando sol.
A gente sabe que você é religioso, evangélico. Nem para a igreja tem ido?
Não. Tenho ouvido mais pela internet. Isso é bom, ajuda a gente, mas ainda não deu tempo de ir à igreja.
Como você vê a questão da religião no futebol? Por exemplo, na Copa do Mundo deste ano, insinuou-se que o auxiliar Jorginho teria levado pessoas por conta de eles também serem evangélicos.
Em uma equipe de trabalho, você tem diversas crenças. E eu costumo não privilegiar nenhuma, porque da mesma forma que eu tenho uma crença evangélica, outro é católico, budista, messiânico… Enfim, isso aí tem que ser fora do trabalho. Agora, você ter pessoas que te ajudam no aconselhamento, tanto nos momentos difíceis quanto nos fáceis, é muito bom.
Hoje, tem o Guaratinguetá, mais uma vez em Pituaçu. Muito se fala da ansiedade do time quando joga em casa. Você também está ansioso?
A minha ansiedade é para diminuir essa ansiedade dos atletas. Estou tentando deixar sempre o ambiente bom, como foi nesta semana. Na minha época de jogador, já passei por isso de não poder errar, e aprendi. Será uma grande escola para eles também. Precisamos entender que a ansiedade não nos leva a lugar nenhum. O que leva é trabalho, confiança e autoestima boa.
É verdade que, nas suas palestras para os jogadores, você faz imitações? Tem até uma em que se veste de caipira…
Olha o cara (risos)… Aqui no Bahia não teve. É muita responsabilidade e ainda não deu para fazer a transfiguração. Acho que, no futebol, a palestra não pode ficar só na parte tática. A gente precisa aproveitar todos os sentimentos. Só tem que saber a hora certa de cada coisa.
Então, os jogadores do Bahia ainda não tiveram oportunidade de ouvir muitas histórias?
Não,mas espero contar umas até o final do ano.
Voltando ao Bahia, muita gente diz que o time só está lá em cima porque o nível da Série B é baixo. Concorda?
Não é isso. Acho que o Bahia está bem porque está bem. Em outros anos, o nível também não era tão alto e o Bahia não conseguiu fazer boa campanha. Estamos bem porque o Renato (Gaúcho) fez um bom trabalho, a diretoria contratou bem e o ambiente do grupo está legal.
Mas, quando chegou, você disse que o esquema montado por Renato era ofensivo demais e o time era muito afoito…
O Renato fez o que podia fazer naquele momento. Tenho impressão de que, se ele tivesse ficado aqui, teria procurado o ajuste que eu estou tentando fazer.
Essa queda que o time teve nos últimos jogos é uma oscilação normal ou aconteceu algo com a equipe?
É da vida da gente. Até a derrota traz benefícios. Por exemplo, eu não mudaria nada do que fizemos no jogo contra o Icasa. Aquela derrota serviu como uma lição para a gente saber o que não fazer dali pra frente.
O caso do doping do goleiro Renê chegou a abalar o grupo? Você conta com ele?
Conto, sim. Tem uma grande chance de ser absolvido, pois não houve dolo. O que aconteceu só nos deu força. Quem sofreu mesmo foi o próprio.
Você tem dito que está sendo difícil explicar a alguns jogadores a ausência no time. Houve algum problema especificamente com Rodrigo Gral, que reclamou publicamente?
Não houve nada. O Gral voltou da contusão e teve uma expulsão e problemas particulares duas vezes. Aí, perdeu um pouquinho do ritmo. O time foi bem nesse período em que ele estava ausente e a gente não teve como mudar. O bom é que todo mundo está querendo.
O Bahia tem passado dificuldades em casa e você já começou a ouvir gritos de burro. Como foi?
Normal. A gente sempre espera, estava demorando. É que é uma coisa fácil de gritar, pequena. Gritar burro! é rapidinho. Não vejo como uma crítica pessoal. Isso é um fenômeno dos times de massa. Na hora que o time for campeão baiano e estiver na Série A, eles vão passar a elogiar.
E, se o Bahia subir, você gostaria de ficar em 2011?
Ainda não pensei. Até tive convites de outras equipes, mas não é justo pensar no ano que vem sem ter vivido esse ainda. E também não posso achar que, só porque fiz o time subir, estou garantido para o ano que vem.”
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