A chapa Unidade Tricolor foi derrotada por 160 votos a 18 na eleição para o Conselho Deliberativo do Esporte Clube Bahia. Apesar da aparente maioria avassaladora, a situação não comemorou: é que o número de votantes expõe a nu a situação em que se encontra o clube, com a torcida e os associados completamente desacreditados dos atuais dirigentes. Os 179 eleitores – houve um voto nulo – representam somente 60% dos 300 membros do Conselho e – pasmem – pouco mais de 1% dos pretensos 16 mil sócios. Agora, imagine esse número diante de um universo de milhões de torcedores.
Antes de começar a votação, o jornalista Nestor Mendes Jr., falando em nome do Movimento Unidade Tricolor, propôs publicamente aos ex-presidentes Paulo Maracajá, Marcelo Guimarães, Francisco Pernet, ao atual Petrônio Barradas, e aos vice-presidentes Ruy Aciolly e Ademir Ismerim Medina, um pacto de união entre todas correntes políticas do Bahia para livrá-lo, junto com toda a torcida, dessa situação.
O pacto consistiria na formação de uma chapa única para o Conselho, com a situação efetivando 200 nomes, enquanto os outros 100 seriam indicados pelas seguintes lideranças tricolores: Fernando Schimidt, Antonio Pithon, Antônio Álvares de Miranda, Virgílio Elísio da Costa Neto, Luís Osório Villas-Boas, Fernando Jorge Carneiro, Edmilson Gouveia, Nestor Mendes Jr., Fernando Passos, Walter Telles, Ruy Santos Neto, Durval Mesquita, Movimento Bahia Livre e o site ecbahia.com.br.
O presidente Petrônio Barradas rechaçou a proposta, dizendo que ela estava sendo feita fora de hora e no lugar inadequado (?) e que as eleições iriam prosseguir. “Foi uma pena que os donos do Bahia tenham deixado a nossa mão estendida no ar. Nos acusam de “talibãs”, mas se recusam ao diálogo. Continuam com as mesmas práticas de não dar transparência às ações. Convocaram essa eleição na surdina e esperavam que não houvesse bate-chapa para que tudo ficasse como dantes. Nos acusaram de colocar nomes de pessoas que já morreram ao mesmo tempo que escondem que não tivemos acesso à lista dos associados aptos a votar e a serem votados. Nossa chapa foi baseada em listas antigas do Conselho, porque se não fossem assim não teríamos como formalizar a candidatura”, diz Edmilson Gouveia.
Se a Unidade Tricolor não sabe quem morreu – porque não teve acesso à informação que deveria ser dada pelo próprio Clube – a direção do Esporte Clube Bahia não sabia quem estava viva. Em uma lista divulgada pela secretaria do Clube, nomes como o de Antonio Moreira (sócio nº 05), Arquimedes Pedreira Franco (ex-conselheiro), Francisco Hupsel (sócio nº 873), Valmar Hupsel (sócio nº 872), e Carlos Gonzalez (sócio remido), constavam como “não-sócios”. Em outro episódio revelador da desorganização do Bahia, o vice-presidente Ruy Aciolly acusou o sócio Antonio Miranda Filho de estar inadimplente. Rapidamente, Miranda sacou de seus boletos quitados – inclusive janeiro – e jogou no colo do dirigente, em um dos poucos incidentes de todo o pleito.
“Os atuais dirigentes do Bahia fazem questão de se afastar cada vez mais do torcedor e do associado. Eles querem o clube só para eles, para que prevaleçam os interesses pessoais sobre os coletivos. A arrogância com que se comportam leva a crer que eles não se deram conta que destruíram o nosso Bahia, levando-o para a 3ª divisão. Tenho 90 anos e 70 de Tricolor: essa é a nossa pior crise. Na cabeça deles, o Tricolor estará no Mundial de Clubes, no Japão, e não se preparando para um vergonhoso “tour” forçado pelo interior do Brasil”, diz o mais antigo Conselheiro, Antônio Álvares Miranda, um dos apoiadores do Movimento Unidade Tricolor.
IMPUGNAÇÃO
Antes de encerrada a votação, faltando cinco minutos para as 17h, a Chapa Unidade Tricolor entrou com um pedido de impugnação da chapa situacionista alegando que ela foi inscrita de forma intempestiva, fugindo ao que estava estabelecido e publicado no edital que convocou a Assembléia. De acordo com o pedido de impugnação, a apresentação das chapas teria que ser feita até às 17h de ontem, dia 05 de janeiro de 2006, mas, até às 17h e 10 minutos, quando efetivamente se encerrou todo o procedimento burocrático, somente a Unidade Tricolor estava apta para o pleito.
“Até aquele momento, nenhuma outra chapa havia realizado a inscrição, como atestou os próprios vice-presidentes do Esporte Clube Bahia, Ademir Ismerim Medina e Ruy Aciolly, além do funcionário da Secretaria do Clube, Mário Adôrno, que alegaram não possuir a relação de qualquer outra chapa e, por isso, não havia como fornecer a comprovação de qualquer outra candidatura, conforme solicitado”, segundo consta no documento acatado pelo presidente da Assembléia Geral, Petrônio Barradas. Ainda de acordo com o pedido de impugnação, “os fatos aqui relatados e as razões para a impugnação foram assistidos sob os testemunhos do ex-presidente do Esporte Clube Bahia Antonio Pedreira Pithon e dos sócios Nestor Mendes Jr., Paulo Coelho, Edmilson Gouveia e Ivan Carvalho.
Leia também
Situação vence disputa pelo Conselho
RA assume presidência do principal órgão tricolor
comentários
Aviso: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ecbahia.com.
É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral, os bons costumes ou direitos de terceiros.
O ecbahia.com poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios
impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.